A Fonte do Salgueirinho tem sido considerada um romance popular moderno devido à sua limitada distribuição geográfica e à falta de versões antigas. Contudo, como demonstro neste trabalho, evidência interna de carácter literário, linguístico e folclórico sugere que, na realidade, o poema é bastante antigo. A fonte como ponto de encontre para os amantes e a utilização eufemística de palavras como "cântara," "roca," "sarilho," "barbeiro," "lanceta," "sangrar," "veia" e "picada" eram correntes na Idade Média e no Renascimento. Essas metáforas aparecem frequentemente na poesia cortesã, em poesia francamente erótica, e noutros tipos de poesia antiga. Como alguns destes eufemismos já não se usam nem se entendem bem, o poema não pode constituir uma composição moderna. Por conseguinte, neste caso a tradição oral moderna suplementa, uma vez mais, o nosso conhecimento do passado, conservando-nos um velho poema que, caso contrário, nos seria completamente desconhecido.
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