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segunda-feira, 19 de novembro de 2018







o mar, o mar... para a Lenita, o mar! : )
praia da Rocha ao fundo, vista do Vau.
parámos aqui tantas vezes... e, noutras tantas, fizemos, à beira-mar, o caminho que as ligava...
— cristina, vem! olha que a maré já sobe!
-
— vou já, vou já...
do tempo em que - até prò ano! - era uma eternidade



do Vau à Rocha
fotografia de/para Helena Nilo









para a Lenita, que faria anos hoje

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lenita


Eugénio de Andrade - Poema à Mãe

Jornal de Notícias, Terça-feira, 14 de Junho de 2005


No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
          Era uma vez uma princesa
          no meio de um laranjal...


Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade