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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Oração ao deitar - Serra da Estrela


«Com Deus me deito
Com Deus me levanto
Com a graça de Deus e do Divino Espírito Santo.
Com três anjos aos pés
e quatro à cabeceira,
e Nossa Senhora na dianteira.
Se eu dormir embalai-me
Se eu morrer, acompanhai-me»


in: Pinharanda Gomes, "Piedade Eclesial, Piedade Popular", Separata de LAIKOS, Lisboa, 1980

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Romaria de Nossa Senhora do Rosário, São Cosme e São Damião ou Festa das Nozes



fotografia de Jorge Barros


Há mais de 300 anos, acontece, em Outubro a mais importante manifestação popular do Concelho, denominada por Romaria de Nossa Senhora do Rosário, São Cosme e São Damião, que decorre na freguesia de Gondomar (S. Cosme). Do ponto de vista profano é também conhecida por “Festa das Nozes”. Esta é a altura em que os gondomarenses lançam às janelas e varandas as melhores colchas e bordados, para participarem na majestosa procissão de Nossa Senhora do Rosário.


fotografia de Jorge Barros


É também nesta altura do ano que aparecem as nozes, possuindo o Concelho de Gondomar uma riqueza natural nas margens do rio Douro que se prestam ao cultivo da nogueira, daí o aparecimento de grandes centros de comercialização de nozes, como são os casos de Melres e Gondomar (S. Cosme).

Também conhecidas no concelho são as festas em honra de S. Bento das Pêras, S. Sebastião, Sto António, S. Cristóvão, Sr. dos Aflitos, N.ª Sra. da Conceição e Sta Luzia, em Rio Tinto; S. Vicente, Stª Isidoro, Nª Srª Mãe dos Homens, Stª António, Nª Srª da Atalaia (Nª Srª dos Remédios), Sr. dos Aflitos, Nª Srª de Fátima, S. Miguel e Almas, S. Cosme e S. Damião e Nª Srª do Rosário, em Gondomar (S. Cosme); S. Brás e Imaculado Coração de Jesus, em Baguim do Monte; S. Gonçalo, Stª Isabel e Nª Srª dos Navegantes, em Covêlo; Nª Srª de Fátima, Stº António, Stª Bárbara, S. Tiago e Divino Salvador, em Fânzeres; Stº Amaro, S. Jorge, Stª Helena, S. João Baptista, Nª Srª Aparecida, Nª Srª da Livração, S. Roque e Stº Ovídio, na Foz do Sousa, Nª Srª do Ó, Santo António, Festa do Senhor e Santa Eufémia, na Lomba; Nª Srª de Canas, Srª da Hora e Divino Salvador, em Medas; Senhor dos Passos, Nª Srª de Fátima, Stª Iria, Domingo do Senhor, Nª Srª da Piedade, Nª Srª da Assunção, S. Bartolomeu e Feira das Nozes, em Melres; S. Pedro e S. Paulo, Festas da Vila e S. Vicente, em S. Pedro da Cova; S. Pedro e Sagrada Família, em Valbom; Srª das Neves e Santa Cruz, em Jovim.

fotografia de Jorge Barros



Gondomar sempre em Festa...  Calendário de Festas e Romarias


domingo, 1 de maio de 2011

Festa de Nossa Senhora dos Milagres, Cernache - Coimbra

O Pão Ázimo


À noite dispunham-se num local amplo, geralmente numa "loja", oito "massadeiras", encostadas umas às outras, a formar um rectângulo.
Nelas se deitava a farinha, amassada depois ("tomada" no dizer local) por dezasseis rapazes (dois para cada massadeira), virados de frente uns para os outros, escolhidos entre os mais robustos do lugar.
A tarefa era acompanha pelo "preparador", um homem a quem competia vigiar a amassadura, e que, de vez em quando, deitava nas massadeiras a pouquíssima água que a massa levava.
Durante todo o processo eram entoadas "alvoradas" e cânticos populares de exaltação à Virgem.
Depois de pronta a massa era retirada das massadeiras pelo preparador e estendida por ele numa enorme pá em sete camadas (simbolizando os sete dias da semana).
A massa contida na última gamela (a oitava) servia para os enfeites, mais concretamente, para os elementos decorativos do pão ázimo (de formato rectângular), trabalho igualmente a cargo do preparador: as quatro pinhas (assentes no vértice, simbolizando o incenso); as duas pombas (com bicos voltados para fora, colocadas diametralmente opostas, a meio, no sentido da largura do pão, significando o Espírito Santo); as duas palmeiras (representando  a árvore do Paraíso), tendo de cada lado uma serpente bíblica, ondulando em direcção inversa, ao longo do comprimento do pão.
Chegados a este ponto da feitura do pão, os respectivos grupos saíam pelas ruas a entoar as alvoradas, para voltar ao mesmo lugar, a buscar o pão (coberto com caules de trigo verde, para que o forno o não queimasse), seguindo depois, cerca da meia-noite, em cortejo, até à "casa do forno" (utilizado apenas uma vez no ano, para este fim).
Na manhã do dia seguinte o pão era retirado do forno, pincelado com azeite e colocado num andor enfeitado com flores e verdura.


As alvoradas cantadas pelas ruas depois de amassado o pão:

Está sentada na pedrinha
A minha Virgem do Milagres;
Oh! Que tão baixa cadeira
Para tão alta Rainha.


Tem uma meada d'ouro
A minha Virgem dos Milagres,
Quem me dera ser a relva
P'ra ser o seu coradouro.


bolo santo


andor de Nossa Senhora dos Milagres

Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Março e Abril. Lisboa: Círculo de Leitores.

terça-feira, 29 de março de 2011

As Fontes

2. As Fontes

Na tradição e na cultura mediterrânica, seja judaica ou portuguesa, as fontes e os poços são locais onde se realizam encontros essenciais. É junto das fontes e da água que o amor nasce e os casamentos se iniciam. É junto das nascentes que se concentram os cultos. Todo o  santuário tem uma fonte. Tinham uma fonte os santuários orientais, tem uma fonte a Senhora do Almortão. Têm uma fonte ou chafariz ou ribeiro todas as ermidas de Portugal.

A sagração das fontes é um acto universal, pois a fonte é a boca da água viva ou da água  virgem. A água que brota da fonte é a água das chuvas, é o sémen divino, é a maternidade. Por isso é que as mouras estão encantadas nas fontes e beber nelas é conhecer. Beber água nestas fontes é ficar encantado. Por isso é que se costuma dizer, a propósito do rapaz que casa noutra terra que não a sua: bebeu água da fonte... e ficou por cá.

As fontes, em Portugal, têm moiras encantadas. No dizer de C. Pedroso, as moiras portuguesas são «génios femininos das águas», irmãs das germânicas nixen, das inglesas lac-ladies, das russas rusalki, das sérvias vilas, das escandinavas elfen e das gregas naiadas. Diríamos que são irmãs menos conhecidas da Lady of de Lake dos Cavaleiros da Távola Redonda. Seguindo o mesmo autor, as moiras aparecem como génios maléficos que perseguem o homem, como fiandeiras e construtoras de monumentos e como guardadoras de tesouros encantados; mas a sua maior função e razão de serem conhecidas é de serem génios femininos das águas. Não há fonte portuguesa que não tenha uma moira que ora tem a forma de serpente e exerce feitiço sobre os viandantes, ora tem a forma de uma linda donzela que promete riqueza e felicidade a quem colocar fim ao seu encantamento. O dia e a hora primordial de aparecimento é a Noite de São João, à Meia-Noite. Nesta noite, a serpente, a moira, a grande mãe, que são uma e a mesma coisa, liberta-se da autoridade do pai, diz M. E. Santo. Liberta-se e acontece a noite de maior sensualidade e sexualidade de todo o calendário agro religioso rural.

António Maria Romeiro Carvalho

quarta-feira, 2 de junho de 2010