sábado, 29 de abril de 2017

Pedro Gomes Monteiro




Pedro Gomes Monteiro,
Cais velho de Darque, na margem esquerda do rio Limas, frente a Viana do Castelo, 2017






Benjamim Pereira - Ernesto Veiga de Oliveira





fotografia de Benjamim Pereira,
'Retrato de grupo / Ernesto Veiga de Oliveira na travessia de barco entre as ilhas de S. Jorge e Pico', Açores,
1963 dC
Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990):
- nota biográfica: http://alfarrabio.di.uminho.pt/arqevo/textospa/html/evo/evobiobi.htm
- arquivo sonoro: http://alfarrabio.di.uminho.pt/arqevo/index.html



Benjamim Pereira,





Benjamim Pereira,
'Barco transformado em habitação de pescadores avieiros', Póvoa de Stª Iria, Vila Franca de Xira



Fernando Galhano e Benjamim Pereira, 'Barraca de estorno', Fonte da Telha, Lisboa

Entrevista a Benjamim Pereira:
AQUI - Paulo Ferreira da Costa, Cláudia Jorge Freire e Benjamim Pereira, « Entrevista a Benjamim Pereira: “Uma aventura prodigiosa” », Etnográfica [Online], vol. 14 (1) | 2010, Online desde 21 Maio 2012

 Fotografias daqui: MatrizPix



Carlos Relvas - Ribeira, Porto




Carlos Relvas, [Ribeira, Porto], c. 1865

terça-feira, 25 de abril de 2017




Bourdain de Macedo, [retrato de grupo junto ao rio]
fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico


NABIA - INSCRIÇÃO RUPESTRE DA LAJE DO ADUFE



«Inscrição rupestre, datada do século II, localizada na cumeada da Lomba da Pedra Aguda, divisória entre os concelhos da Covilhã e do Fundão, abrigada num suave talvegue adjacente ao povoado amuralhado da Quinta da Samaria Gravou-se num afloramento granítico arredondado, provavelmente seccionado para o efeito, aproveitando-se a face quase plana obtida pelo corte, na qual tem uma posição central.




O texto encontra-se rodeado por um profundo e largo sulco, definindo um quadrado de cantos arredondados, dividido por rasgo central que cesura o texto, criando o esquematismo de um livro, e encimado por uma alusão a um frontão rebaixado e mais estreito que a cartela. Julgamos resultar de regravação (e reavivamento) a rudeza do sulco que envolve o texto, possivelmente ensaiada aquando da execução da cissura que o rasgou de alto a baixo, pelo que é provável que originalmente o texto já se encontrasse no interior de uma cartela incisa quadrilateral, talvez subjacente à representação do frontão, esta em jeito de fastigium de altar, pois se por um lado o sulco regravado parece excluí-lo, por outro também aparece claro que este elemento não se adapta ao resultado esperado de esquissar um livro, deduzindo-se, assim, a sua anterioridade. A superfície do espaço epigráfico encontra-se bastante delida e totalmente coberta por líquenes, condições que, aliadas aos danos provocados pela cissura supracitada e por uma depressão aberta no seu canto inferior direito, dificultam grandemente a leitura da inscrição.

Dimensões: 250 x 330 x ?
Campo epigráfico: 62 x 62 [frontão (b x l): 29 x 20]. 



MAT[A]VS MO
GV[L]IN[I L]IBERT
VS++++NESIS (sic)
ARA(m) DE[AE] NABI
AE MV[.]TINA[C]
AE M(erito) L(ibens) F[E]CIT

  - Mantau, liberto de Mogulino, ...ense, fez de boa vontade um altar à deusa Nábia Mu[.]tinaca


O dedicante é liberto de um peregrino, identificando-se ambos com onomástica indígena [da Lusitânia].
A divindade invocada não é desconhecida na região, embora o seja o seu epíteto, apresentando-se o teónimo precedido do qualificativo Dea. A geografia do culto a Nabia inclui os territórios galaico e lusitano, estando, no que a este último respeita, bem afirmado na actual província de Cáceres, com extensão à Beira Baixa, constatação que igualmente poderia reforçar a possibilidade aventada para a indicação de proveniência do dedicante. A interpretação de Nabia como divindade ligada aos vales tem ganhado consistência em função dos argumentos da análise etimológica ao teónimo.»

DAQUI: http://www.uc.pt/fluc/iarq/pdfs/Pdfs_FE/FE_80_2005 
[Armando Redentor, Marcos Daniel Osório, Pedro C. Carvalho, Inscriçao rupestre da laje do adufe (Ferro, Covilha): (Conventus Emeritensis), Ficheiro epigrafico, ISSN 0870-2004, Nº. 80, 2005, págs. 3-8


Laje do Adufe

Imagem publicada aqui:
http://arqueofundao.blogspot.pt/2013/04/castro-de-vale-feitoso-peroviseu.html 
[Publicado por ]


Do autor: José-Vidgal Madruga
Ficha epigráfica:
 - http://eda-bea.es/pub/record_card_1.php?rec=25642
Artigo:
José-Vidal Madruga, "Dedicación a Nabia", 2015-03-03 Aqui: http://www.europeana.eu/portal/pt/record/2058808/UAH__89a183c0c11d6d0ca7830f9d530a3097__artifact__cho.html

Outra Bibliografia:
Redentor, A., Osório, M., Carvalho, P.C., 2006. "Inscrição rupestre da Laje do Adufe: um novo testemunho do culto à deusa Nabia", Eburobriga 4, 51–59


quinta-feira, 20 de abril de 2017

CAMILO PESSANHA



Il pleure dans mon cœur
Comme il pleut sur la ville.
Verlaine


Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quasi morrer.
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.

Meus olhos afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí, e derramai-vos
Como a água morrente.


Camilo Pessanha, 'Clepsydra', ed. António Barahona,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2003

terça-feira, 18 de abril de 2017

Nazareth - Praia de banhos





Inês Dias - JOAQUIM E JUDITE




Para o Manuel,
na Nazaré


Fizera toda a viagem com ele ao colo.

Queria despedir-se junto ao mar,
mas as partidas são tão imperfeitas
demasiado enferrujada para abrir
se o coração é uma caixa de cinzas
ao vento. Mesmo agora, depois de lavada
a última partícula que se lhe colara
à pele, sabia que o amor passara a ter
o peso exacto das ondas e, por isso,
nunca mais deixaria de o ouvir.

E ria, apontando-nos mais um turista
à procura das marcas do milagre
na pedra. Como se não fosse milagre
suficiente cada volta do mar: sermos
ainda reconhecidos, sete passos
dentro da noite, quando andamos
pelo mundo a povoá-lo de fantasmas.

Amadeu Ferrari - Nazaré




Amadeu Ferrari, 'Embarcações em terra', Nazaré [entre 1950 e 1970]
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico



Manuel de Freitas - Forte de São Miguel




in memoriam A. F.


Ainda não enlouqueci e julgo-me até
capaz de reconhecer a beleza, quando a vejo.
Esta noite, por exemplo, era de prata,
sonora, o mar que se erguia na varanda do hotel.
Acordei-te; és agora a única testemunha
deste poema - e da minha vida.
Antes, logo de manhã, coube-nos lançar
ao mar as cinzas do meu pai.
Não foi fácil, tecnicamente falando.
A tampa de metal teimava em não abrir,
tivemos de recorrer a uma ponta de corrimão
das escadas velhas do Forte. E assim,
sem preparo nem rigor, há-de chegar ao oceano
o que sobrou, fisicamente, do meu pai.
Custou-me lavar as mãos, sujas
- pela última vez - da carne que me gerou.
A alma, se existe, não a sei lavar, embora
as lulas estufadas e o vinho branco
voltassem a tornar recomendável a Casa Pires.
Adeus, pai. Acho que foi mesmo
a única vez que me sujaste as mãos.

Manuel de Freitas




fotografia de autor desconhecido (1957)


segunda-feira, 17 de abril de 2017






Helena Nilo /  Quinta da Granja / 5.01.2017



Augusto Oliveira Mendes



No mar velhaco e atroz da Praia do Norte
a sereia chegou um dia ao areal
e dormiu -, diziam os mais velhos do Sítio

Aqui, lugar de santa e de suicídios
onde não chegam gaivotas nem sardinhas
as águas viraram-se para sapatear
toda a terra o homem

*****


AO MÁRIO BOTAS

Inalado o cheiro das flores do campo
os gatos,
a morte moribunda, afastada
Poderias estar lá, Mário, nu, obrando
Perto um riacho ferido de espinhos, de mato
Os doces cobertos de seios e pimenta
seriam o repasto no feriado da lota
o desleixo perdido dos homens do mar



As gaivotas teriam partido rio acima
levando os pêlos quebrados da tua face

a noite embriagada
Augusto Oliveira Mendes
publicações o camelo e o cachimbo, Tramagal, 1990