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quinta-feira, 13 de junho de 2019

Santo António





Helena Nilo, Igreja de Santo António dos Congregados,
Porto, 7 de Maio de 2019
(Sermão de Santo António aos Peixes)

terça-feira, 1 de maio de 2012


O Passeio de Santo António

Saíra Santo António do convento,
A dar o seu passeio costumado
E a decorar, num tom rezado e lento,
Um cândido sermão sobre o pecado.

Andando, andando sempre, repetia
O divino sermão piedoso e brando,
E nem notou que a tarde esmorecia,
Que vinha a noite plácida baixando…

E andando, andando, viu-se num outeiro,
Com árvores e casas espalhadas,
Que ficava distante do mosteiro
Uma légua das fartas, das puxadas.

Surpreendido por se ver tão longe,
E fraco por haver andado tanto,
Sentou-se a descansar o bom do monge,
Com a resignação de quem é santo…

O luar, um luar claríssimo nasceu.
Num raio dessa linda claridade,
O Menino Jesus baixou do céu,
Pôs-se a brincar com o capuz do frade.

Perto, uma bica de água murmurante
Juntava o seu murmúrio ao dos pinhais.
Os rouxinóis ouviam-se distante.
O luar, mais alto, iluminava mais.

De braço dado, para a fonte, vinha
Um par de noivos todo satisfeito.
Ela trazia ao ombro a cantarinha,
Ele trazia… o coração no peito.

Sem suspeitarem de que alguém os visse,
Trocaram beijos ao luar tranquilo.
O Menino, porém, ouviu e disse:
- Ó Frei António, o que foi aquilo?…

O Santo, erguendo a manga de burel
Para tapar o noivo e a namorada,
Mentiu numa voz doce como o mel:
- Não sei o que fosse. Eu cá não ouvi nada…

Uma risada límpida, sonora,
Vibrou em notas de oiro no caminho.
- Ouviste, Frei António? Ouviste agora?
- Ouvi, Senhor, ouvi. É um passarinho.

- Tu não estás com a cabeça boa…
Um passarinho a cantar assim!…
E o pobre Santo António de Lisboa
Calou-se embaraçado, mas por fim,

Corado como as vestes dos cardeais,
Achou esta saída redentora:
- Se o Menino Jesus pergunta mais,
…Queixo-me à sua mãe, Nossa Senhora!

Voltando-lhe a carinha contra a luz
E contra aquele amor sem casamento,
Pegou-lhe ao colo e acrescentou: - Jesus,
São horas…

E abalaram pró convento.

Augusto Gil

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Romaria de Nossa Senhora do Rosário, São Cosme e São Damião ou Festa das Nozes



fotografia de Jorge Barros


Há mais de 300 anos, acontece, em Outubro a mais importante manifestação popular do Concelho, denominada por Romaria de Nossa Senhora do Rosário, São Cosme e São Damião, que decorre na freguesia de Gondomar (S. Cosme). Do ponto de vista profano é também conhecida por “Festa das Nozes”. Esta é a altura em que os gondomarenses lançam às janelas e varandas as melhores colchas e bordados, para participarem na majestosa procissão de Nossa Senhora do Rosário.


fotografia de Jorge Barros


É também nesta altura do ano que aparecem as nozes, possuindo o Concelho de Gondomar uma riqueza natural nas margens do rio Douro que se prestam ao cultivo da nogueira, daí o aparecimento de grandes centros de comercialização de nozes, como são os casos de Melres e Gondomar (S. Cosme).

Também conhecidas no concelho são as festas em honra de S. Bento das Pêras, S. Sebastião, Sto António, S. Cristóvão, Sr. dos Aflitos, N.ª Sra. da Conceição e Sta Luzia, em Rio Tinto; S. Vicente, Stª Isidoro, Nª Srª Mãe dos Homens, Stª António, Nª Srª da Atalaia (Nª Srª dos Remédios), Sr. dos Aflitos, Nª Srª de Fátima, S. Miguel e Almas, S. Cosme e S. Damião e Nª Srª do Rosário, em Gondomar (S. Cosme); S. Brás e Imaculado Coração de Jesus, em Baguim do Monte; S. Gonçalo, Stª Isabel e Nª Srª dos Navegantes, em Covêlo; Nª Srª de Fátima, Stº António, Stª Bárbara, S. Tiago e Divino Salvador, em Fânzeres; Stº Amaro, S. Jorge, Stª Helena, S. João Baptista, Nª Srª Aparecida, Nª Srª da Livração, S. Roque e Stº Ovídio, na Foz do Sousa, Nª Srª do Ó, Santo António, Festa do Senhor e Santa Eufémia, na Lomba; Nª Srª de Canas, Srª da Hora e Divino Salvador, em Medas; Senhor dos Passos, Nª Srª de Fátima, Stª Iria, Domingo do Senhor, Nª Srª da Piedade, Nª Srª da Assunção, S. Bartolomeu e Feira das Nozes, em Melres; S. Pedro e S. Paulo, Festas da Vila e S. Vicente, em S. Pedro da Cova; S. Pedro e Sagrada Família, em Valbom; Srª das Neves e Santa Cruz, em Jovim.

fotografia de Jorge Barros



Gondomar sempre em Festa...  Calendário de Festas e Romarias


terça-feira, 29 de março de 2011

As Fontes

2. As Fontes

Na tradição e na cultura mediterrânica, seja judaica ou portuguesa, as fontes e os poços são locais onde se realizam encontros essenciais. É junto das fontes e da água que o amor nasce e os casamentos se iniciam. É junto das nascentes que se concentram os cultos. Todo o  santuário tem uma fonte. Tinham uma fonte os santuários orientais, tem uma fonte a Senhora do Almortão. Têm uma fonte ou chafariz ou ribeiro todas as ermidas de Portugal.

A sagração das fontes é um acto universal, pois a fonte é a boca da água viva ou da água  virgem. A água que brota da fonte é a água das chuvas, é o sémen divino, é a maternidade. Por isso é que as mouras estão encantadas nas fontes e beber nelas é conhecer. Beber água nestas fontes é ficar encantado. Por isso é que se costuma dizer, a propósito do rapaz que casa noutra terra que não a sua: bebeu água da fonte... e ficou por cá.

As fontes, em Portugal, têm moiras encantadas. No dizer de C. Pedroso, as moiras portuguesas são «génios femininos das águas», irmãs das germânicas nixen, das inglesas lac-ladies, das russas rusalki, das sérvias vilas, das escandinavas elfen e das gregas naiadas. Diríamos que são irmãs menos conhecidas da Lady of de Lake dos Cavaleiros da Távola Redonda. Seguindo o mesmo autor, as moiras aparecem como génios maléficos que perseguem o homem, como fiandeiras e construtoras de monumentos e como guardadoras de tesouros encantados; mas a sua maior função e razão de serem conhecidas é de serem génios femininos das águas. Não há fonte portuguesa que não tenha uma moira que ora tem a forma de serpente e exerce feitiço sobre os viandantes, ora tem a forma de uma linda donzela que promete riqueza e felicidade a quem colocar fim ao seu encantamento. O dia e a hora primordial de aparecimento é a Noite de São João, à Meia-Noite. Nesta noite, a serpente, a moira, a grande mãe, que são uma e a mesma coisa, liberta-se da autoridade do pai, diz M. E. Santo. Liberta-se e acontece a noite de maior sensualidade e sexualidade de todo o calendário agro religioso rural.

António Maria Romeiro Carvalho

domingo, 15 de agosto de 2010

São Bento da Porta Aberta





A 15 de Agosto decorre em Rio Caldo (Terras de Bouro, Minho) a grande romaria de São Bento da Porta Aberta.
«Porquê São Bento da Porta Aberta?», aqui fica uma das explicações.
Acontece que a porta do santuário de São Bento era fechada no final do dia. Porém, mal a noite se instalava, a porta parecia aberta. Por essa altura, muitos eram os crentes vindos do lado espanhol. Ora, chegados à localidade de Rio Caldo, não tinham onde pernoitar. Seria, pois, São Bento quem abria a porta, de modo a dar guarida aos peregrinos que vinham até ele.
Das muitas práticas que os devotos cumprem nesta romaria, o ritual maior consiste em beijar os pés da imagem do santo e do corvo que se encontra a seu lado (o corvo da tradição, que salvou São Bento de morrer envenenado ao roubar-lhe o pão que continha o veneno).
Também na romaria de São Bento o sal continua a representar um elemento gratulatório oferecido ao santo, segundo afirmam os devotos por ser «muito do agrado do santinho», sendo entregue na Casa do Sal, que se situa atrás do santuário.

Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Julho e Agosto. Lisboa: Círculo de Leitores.

terça-feira, 29 de junho de 2010

São Pedro - Montijo











Ainda em épocas passadas (1902), há referência à primeira queima de um barco no Páteo d'Água, ali colocado dias antes, ornamentado com flores e bandeiras.
À noite organizava-se um baile, cantava-se e dançava-se, enquanto era ateado fogo ao batel, continuando o bailarico ao redor da fogueira ...



Registe-se que as touradas foram introduzidas nos festejos da vila no século XVI, por provisão real do rei D. Manuel, «para diversão do povo».

Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Junho. Lisboa: Círculo de Leitores.