segunda-feira, 21 de maio de 2018

ANTÓNIO DE SOUSA - ACORDES





Fotografia de Maria João Brito de Sousa

Rio de risos brandos, a cantar.
Oh rio doutras sedes! Rio — claro
e fugidio espelho desta hora em que me paro!
Onde é o teu mar?

Para quem tua voz e os teus cabelos
de algas, com diademas de seixinhos?
Tua pele friorenta e os teus caminhos
de sonho e névoa, aos siderais castelos?

Para quem teu mistério: esse desejo
vagabundo, que flui entre estrelas e lodos?
Onde o abraço que abrace os teus abraços todos?
E onde aquela onda em que afoguei um beijo?


António de Sousa, 'Ilha Deserta', Coimbra, Edições Presença, 1937; 2.ª ed., com desenhos de Manuel Ribeiro de Pavia, Lisboa, Editorial Inquérito, 1954.

Do blog https://antoniodesousa.blogs.sapo.pt/


Via Luis Manuel Gaspar


quarta-feira, 9 de maio de 2018

SOBRE UMA FOTOGRAFIA DE CAMILO PESSANHA - Paulo de Tarso Cabrini Jr.






Camilo Pessanha,  "Praia do Leitão” ou  da "Chácara do Leitão” ,Macau, 1921


Nessa fotografia, vemos o poeta,em “farrapos”, acompanhado de seus dois cães – um deles, o “Arminho” (...) O retrato está datado de 1921 e é dedicado ao amigo César de Almeida."

Artigo Aqui: http://www.revistas.usp.br/desassossego/article/viewFile/61970/73192




David Mourão-Ferreira



Fotografia de  Pepe DinizLisboa — Luzes e Sombras, Metropolitano de Lisboa, 1992.



Parece às vezes que o Tejo
é Tejo sob outro Tejo
como às vezes o desejo
sob o desejo é desejo
Que uma só ponte é a mesma
tanto por cima do Tejo
como por baixo do Tejo
pedras e corpos os mesmos
tão sob e sobre o desejo
como sem desejo mesmo

Mas se isto acontece às vezes
a grande culpa é do Tejo

© Pepe Diniz (fotografias) / David Mourão-Ferreira (poesias), 'Lisboa — Luzes e Sombras', Metropolitano de Lisboa, 1992.



Do facebook de Luis Manuel Gaspar

sexta-feira, 4 de maio de 2018

José de Almada Negreiros - Varina




José Almada Negreiros,  'Varina', 1946



Lá na Ribeira Nova
onde nasce Lisboa inteira
na manhã de cada dia
há uma varina
e se não fosse ela
ai não sei
não sei que seria de mim!
Por ela
fiz dois versos a todas as varinas:
E vós varinas que sabeis a sal
e trazeis o mar no vosso avental!
Acho parecidos estes versos
com as varinas de Portugal.

Uma vez falei-lhe
para ouvi-la
e vê-la
ao pé.
A voz saborosa
os olhos de variar
castanhos de variar
castanhos-escuros de variar
com reflexos de variar
desde a rosa
até ao verde
desde o verde
até ao mar.

Num reflexo reflecti:
não dar aquele destino
ao meu destino aqui.

Lisboa, 1926

In: José Almeida Negreiros, Poemas, Assírio & Alvim, Lisboa

Imagem daqui

Artur Pastor - Lavadeiras e poço

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Berlengas - Forte de São João Baptista

José Leite Vasconcelos - Nota À Cerca das Fontes

Álvaro Laborinho - Barcos sobre o paredão





Álvaro Laborinho, Barcos no paredão, 1933
Museu Dr. Joaquim Manso



Fotografia a p/b de uma rua da frente do mar da Nazaré, rua Mouzinho de Albuquerque. No lado esquerdo, na praça Manuel Arriaga, estão duas barcas e um pescador e, à direita, sobre o paredão, barcos de arte xávega, em fila, mais pescadores e rapazes de camisola e barrete. Vê-se ainda um quiosque, parte do casario, e o edifício dos Banhos Quentes.


Ficha de Inventário Aqui

Sophia de Mello Breyner Andresen - Marinheiro

terça-feira, 1 de maio de 2018





Álvaro Laborinho, Mar bravo, onda gigante (Nazaré), 1931
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico