Fotografia de Maria João Brito de Sousa |
Rio de risos brandos, a cantar.
Oh rio doutras sedes! Rio — claro
e fugidio espelho desta hora em que me paro!
Onde é o teu mar?
Para quem tua voz e os teus cabelos
de algas, com diademas de seixinhos?
Tua pele friorenta e os teus caminhos
de sonho e névoa, aos siderais castelos?
Para quem teu mistério: esse desejo
vagabundo, que flui entre estrelas e lodos?
Onde o abraço que abrace os teus abraços todos?
E onde aquela onda em que afoguei um beijo?
António de Sousa, 'Ilha Deserta', Coimbra, Edições Presença, 1937; 2.ª ed., com desenhos de Manuel Ribeiro de Pavia, Lisboa, Editorial Inquérito, 1954.
Do blog https://antoniodesousa.blogs.sapo.pt/
Via Luis Manuel Gaspar
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