José Almada Negreiros, 'Varina', 1946 |
Lá na Ribeira Nova
onde nasce Lisboa inteira
na manhã de cada dia
há uma varina
e se não fosse ela
ai não sei
não sei que seria de mim!
Por ela
fiz dois versos a todas as varinas:
E vós varinas que sabeis a sal
e trazeis o mar no vosso avental!
Acho parecidos estes versos
com as varinas de Portugal.
Uma vez falei-lhe
para ouvi-la
e vê-la
ao pé.
A voz saborosa
os olhos de variar
castanhos de variar
castanhos-escuros de variar
com reflexos de variar
desde a rosa
até ao verde
desde o verde
até ao mar.
Num reflexo reflecti:
não dar aquele destino
ao meu destino aqui.
Lisboa, 1926
In: José Almeida Negreiros, Poemas, Assírio & Alvim, Lisboa
Imagem daqui
para ouvi-la
e vê-la
ao pé.
A voz saborosa
os olhos de variar
castanhos de variar
castanhos-escuros de variar
com reflexos de variar
desde a rosa
até ao verde
desde o verde
até ao mar.
Num reflexo reflecti:
não dar aquele destino
ao meu destino aqui.
Lisboa, 1926
In: José Almeida Negreiros, Poemas, Assírio & Alvim, Lisboa
Imagem daqui
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