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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

domingo, 8 de novembro de 2020

José Chaves Cruz - [Viaduto]

 


José  Chaves Cruz, [Viaduto]
fotografia do 
#ArquivoFotograficoMunicipalDeLisboa


José Maria Augusto Chaves Cruz - fotógrafo, 1870-1947

Nota biográfica: 
José Maria Augusto Chaves Cruz nasceu em Lisboa a 12 de junho de 1870. Licenciou-se em Agronomia e trabalhou como aspirante nas Alfândegas, entre 1889 e 1891, tendo depois ocupado o cargo de Secretário no Instituto Superior de Agronomia, até 1930, quando, por motivos de saúde, se reformou. Nas Alfândegas foi colega de Joshua Benoliel. Chaves Cruz fez fotografia como amador, abandonando esta arte quando entra para o Instituto Superior de Agronomia. A pintora, Adelaide Lima Cruz é filha do fotógrafo.

Fontes:"Lisboa e o Aqueduto", Arquivo Fotográfico, Divisão de Arquivos, Departamento de Património Cultural, Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 1997.


DAQUI: 

domingo, 5 de janeiro de 2020

Viveiro de Trutas de Aguincho




Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019


Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019


Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019



Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019


Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019


Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019


Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019
(companheiro de almoçarada, já de barrinha cheia... fomos-lhe oferecendo algumas cabeças, não todas, pois nesta trutas fritas, tão crocantes, marcha tudo menos a espinha)


Helena Nilo, Viveiro de trutas de Aguincho, Dezembro de 2019



quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Ao Passar A Ribeirinha - Isabel Silvestre










Ao passar a ribeirinha
Pus o pé, molhei a meia,
Pus o pé, molhei a meia,
Pus o pé, molhei a meia.

Namorei na minha terra
Fui casar a terra alheia,
Fui casar a terra alheia,
Fui casar a terra alheia.

Fui casar a terra alheia
Por não querer casar na minha.
Pus o pé, molhei a meia, 
Ao passar a ribeirinha.



terça-feira, 23 de julho de 2019

Eduardo Portugal - Horta da Navia




Eduardo Portugal, Ribeira de Alcântara junto do sítio de Horta Navia, 1939/!947
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico

[deusa Navia / Nabia - betacismo Nabia/Navia ]

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Fernando Pessoa - Na ribeira deste rio



Na ribeira deste rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio.
Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,
Numa sequência arrastada,
Do que ficou para trás.
Vou vendo e vou meditando,
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando,
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando.
Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali,
E do seu curso me fio,
Porque, se o vi ou não vi.
Ele passa e eu confio.

2-10-1933
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). 
 - 184.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A Donzela Encantada na Ribeira



No final do século dezoito, no lugar de Valverde, vivia um pobre moleiro com a mulher e uma filha ainda moça e muito bonita.
 Numa noite de luar, a rapariga desapareceu de casa sem deixar rasto e nunca mais foi vista. Houve quem dissesse que ela se tinha deitado ao mar, mas muita gente acreditava que as bruxas a tinham encantado
 O tempo foi passando e a tragédia do desaparecimento da filha do moleiro era contada aos serões a mistura com histórias de almas penadas e feiticeiras.
 Num lindo dia de Primavera, passados cerca de cem anos, as lavadeiras foram com a roupa suja para a ribeira, como de costume. Uma delas, mais velha, não teve tempo para lavar tudo, embora tivesse esfregado e espanejado de sol a sol. Continuou o trabalho quando a noite caiu, porque a lua estava clara como se fosse de dia.
 Para passar o tempo e disfarçar o medo de estar sozinha, ia cantando. Subitamente o som da sua voz e o ruído dos grilos foram cortados por gritos profundos que apenas duraram um segundo. Quando tudo tinha voltado ao silêncio e a lavadeira ainda estava muda de medo, de novo se ouviram fortes gemidos.
 — Santo nome de Deus! Senhora dos Anjos, amparai-me — gaguejou a velha lavadeira e, levantando um pouco a voz, conseguiu dizer a tremer:
 — Alma penada ou gente deste mundo que tanto pareceis estar sofrendo, dizei-me onde estais para que vos possa ajudar se isso estiver ao meu alcance.
 Ninguém lhe respondeu, mas ela avançou pela margem da ribeira e, quando ainda não tinha dado vinte passos, parou espantada. A ribeira estava linda e pousada sobre ela via se uma rapariga bonita e completamente nua. Parecia envolvida num manto de luz e os cabelos brilhavam como oiro sobre os ombros brancos e macios. A mão esquerda estava fechada, mas na outra tinha um fuso que girava, enrolando um fio de prata. Dos olhos azuis corriam lágrimas.
 A lavadeira ficou completamente assombrada e só quando por um ruído leve a visão desapareceu é que a mulher teve coragem de dizer:
 — Donzela infeliz, talvez encantada por mau olhado, atende as minhas palavras Se és aquela de quem muitas vezes ouvi falar em pequena, aos meus avós, tudo farei para te ajudar.
 A visão apareceu de novo e os lábios vermelhos, mas com um sorriso amargo, disseram meigamente:
 — Sou aquela menina infeliz que vossos avós conheceram, mas não posso dizer-vos como foi o meu encantamento. Estou há mais de um século neste martírio, aparecendo de sete em sete anos, neste dia e na hora em que fui encantada, à espera de um rapaz virgem que me possa esconjurar e a quem pertencerei.
 Depois de dizer estas palavras, abriu a mão esquerda, mostrou três moedas de oiro e desapareceu.
 A lavadeira voltou para casa já tarde da noite, o céu estava coberto de nuvens e no dia seguinte o estranho acontecimento espalhou-se.
 Passados sete anos, vários rapazes de Valverde foram-se sentar nas margens da ribeira com a esperança de ver a moça, mas ninguém a viu e sem se saber porquê a donzela lá continua encantada.
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias ,  Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999, p.48-49
Recolhida em Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, (Açores)  [data dos finais do século XVIII]

Daqui

terça-feira, 9 de maio de 2017

O “Vapor”, casas aéreas de madeira







“Entre a Ponte Nova e a do Torreão, sobre a Ribeira de Santa Luzia ficava o “vapor”, essa habitação única que era um bairro em miniatura, uma república de lavadeiras presidida por uma velha vesga que sabia a vida de toda a gente, tanta roupa tinha já lavado.
Não que ela tivesse encargos sobre aquela irmandade, mas como uma abelha-mestra, tinham-lhe um certo respeito as outras vespas que na sua presença se abstinham um pouco de pregar brutal ferroada no crédito alheio. Mas, estava-lhes na massa do sangue a divisa da classe: ensaboar a roupa suja.
Quem mandou fazer aquela edificação esguia de tabuado, escorado de margem a margem da ribeira, nunca se nos deu de o saber, mas talvez começasse por servir de ponte, antes de ser armada a colmeia com o seu corredor muito estreito ao centro, tendo dos lados as pequenas células independentes com vista para montante e para a foz.
A cor vermelha com que foi pintado dava-lhe um aspecto de casco de navio e, ou fosse por esta razão ou pelo seu formato esguio, o certo é que todos conheciam a habitação tão singular pelo nome de “vapor”.
Que enormidade de coisas se arrumavam ali a dentro: uma cama velha, um baú ou caixa de pinho, uma cadeira sem costas ou de uma perna a menos, um Santo Antoninho de barro, ervas bentas pelas paredes, estampas encardidas, guitas cruzadas para dependurar roupa, um fogareiro de pedra, um tacho de folha, um cesto barreleiro, uma vassoura de palma, uma celha com água de anil, e mais.
A lavadeira é uma mulher fecunda. Tinham ali uma média de cinco filhos. Os mais pequenos em fralda, muito sujos, sempre a choramingar, os maiorinhos, já de calças, mas rotas, com um cordel traçado a servir de suspensórios, não desmereciam no fraseado das suas progenitoras.
Por baixo do “vapor” havia no verão uma represa feita na ribeira com os calhaus do leito cimentados a barro, leivas e ervas raizentes dos charcos, onde se empoçava a água, que solta da comporta todas as semanas, varria para juzante as imundices acumuladas no leito.
Era este açude o gáudio do rapazio. Naquela água turva do sabão, escoada das lavagens, cheia de bolhas, grossas que rebentavam só de encontro às margens, medravam eirós verde-negros, sacudindo o rabo como serpentes de água.
Faziam pesca deles, os rapazes, com um alfinete torto em forma de anzol, levando como isca uma minhoca que se debatia no suplício, atravessada de meio a meio.
Às vezes havia regatas de celhas, sentados os garotos ao fundo delas com os pés cruzados, servindo-se das mãos bem espalmadas para remar. Se acaso abalroavam as embarcações, metendo água dentro, não havia perigo, porque eram como peixes a nadar, saindo depois dali molhados, quais pintos ao sair da casca, e o menos que os esperava era uma sova de sapato, enquanto a roupa despida enxugava ao sol.
Foi demolido o “Vapor” que ameaçava ruína, desconjuntado e tremente ao marulho das enxurradas de Inverno.
Lavada em lágrimas vem a ribeira, mais lavado de ares ficou talvez o recanto, sem as lavadeiras.
Foi-se o “vapor” como um vapor de água que se perde, e como não figura nas estatísticas do porto, recordação, a vapor assim narrada.


SARMENTO, Alberto Artur – O Vapor. Das Artes e da História da Madeira, Vol. 4, Nº 23, 1956. P.9-10
Imagem retirada de CALDEIRA, Abel Marques - O Funchal no primeiro quartel do século XX. 2ª ed. Funchal:Eco do Funchal,1995.

O artigo original encontra-se AQUI

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