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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sereias no cancioneiro popular


A crença nas Sereias é ainda viva. Elas são raparigas da cinta para cima e peixes da cinta para baixo. Cantam muito bem e enganam os navios (Minho, Beira Alta, Trás-os-Montes, Galiza).

São vulgares estes versos, fragmentos de um romance popular, mas que se dizem como cantiga:

Ouvi cantá-la Sereia
Lá no meio desse mar:
Muito navio se perde
Aos som daquele cantar.

Lá no meio desse mar,
Ouvi cantar, escutei:
Saiu-me a Senhora Sereia
Lá no palácio d'el-rei

Esta noite, à meia-noite,
Ouvi um lindo cantar: 
Eram os anjos no céu
Ou as sereia no mar.

Na Galiza dizem:


A Sereia no mar,
É unha linda bizarra,
Quer por unha maldicion,
Tén-na Dios nesa auga.

Valla-me Dios! como canta
A Sereia no mar...
Os navios déron volta
Para y-a ouvir cantar. 

Nos Açores ainda existe a crença nas Fadas marinhas, ou sereias, que vêm pentear-se à praia. Num romance da ilha de São Jorge (Cantos pop. do Arquipélago Açoriano, por T. Braga, n.¨ 28 e 32 ) diz-se:

Escutai se q'reis ouvir
Um rico, doce cantar!
Devem ser as Marinhas
Ou os peixinhos do mar.

Que vozes do céo são estas,
que eu aqui ouço cantar?
Ou são anjos no céo
Ou as Sereias no mar.

IN: José Leite de Vasconcelos, Tradições populares de Portugal, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1984 p.119

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Santa Luzia - dia 13 e Dezembro

Pendão de Santa Luzia. Ruilhe, Braga
  
(Cantares populares a Santa Luzia - Fundão)

Senhora Santa Luzia,
Tendes o pinheiro à porta;
Dá-me uma polinha dele
Para pôr na minha horta.



Senhora Santa Luzia,
Acudi a quem vos chama, 
Acudi ao meu amor, 
Que está doente na cama.

Senhora Santa Luzia, 
Cá vos fica o meu cordão,
Fica muito bem entregue,
Senhora, na vossa mão.


Oferta de «olhos vivos» (animais vivos) como cumprimento de promessa. Freamunde, Paços de Ferreira.



Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Novembro e Dezembro. Lisboa: Círculo de Leitores. 



Pedrinhas desta calçada
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Eu de dia bem o sei 


O Sol se esconde, brilha o luar,
A noite é bela só p'ra te amar.


O Sol se esconde, brilha o luar,
Olha a barquinha que anda no mar.
[Olha a barquinha que anda no mar.]

...


[adaptado: - foi assim que a aprendi. Cantavam-se à volta  da fogueira, à beira-rio, enquanto se bebia vinho e se comia a bola acabada de sair do forno da padaria.]

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

concertina, seixos e conchas (vieiras)



A concertina, tal como o acordeão, possui palhetas livres que são postas a vibrar pela acção de um fole que fica entre os seus dois teclados de botões. O teclado da mão direita produz as notas e o teclado da mão esquerda produz os acordes e baixos de acompanhamento. Quando o executante pressiona um botão, produz uma nota se abrir o fole e outra nota diferente se o fechar. Como acontece com o acordeão, o órgão de boca asiático está na sua origem. A concertina, de grande difusão pelo país, é principalmente utilizada no Minho, Beira Baixa, Beira Litoral, Ribatejo e Estremadura.





A utilização de seixos na música é uma tradição do Minho e que também pode ser observada em Arronches, no Alto Alentejo. Os habitantes da vila de Arronches apanham as já famosas pedrinhas nas ribeiras circundantes e utilizam-nas como castanholas.





As conchas (Vieiras) são frequentemente usadas como uma espécie de reco-reco. O executante raspa as estrias de uma concha contra as estrias da outra. As vieiras são utilizadas no Minho e em Trás-os-Montes onde são chamadas ferranholas.

domingo, 1 de maio de 2011

Festa de Nossa Senhora dos Milagres, Cernache - Coimbra

O Pão Ázimo


À noite dispunham-se num local amplo, geralmente numa "loja", oito "massadeiras", encostadas umas às outras, a formar um rectângulo.
Nelas se deitava a farinha, amassada depois ("tomada" no dizer local) por dezasseis rapazes (dois para cada massadeira), virados de frente uns para os outros, escolhidos entre os mais robustos do lugar.
A tarefa era acompanha pelo "preparador", um homem a quem competia vigiar a amassadura, e que, de vez em quando, deitava nas massadeiras a pouquíssima água que a massa levava.
Durante todo o processo eram entoadas "alvoradas" e cânticos populares de exaltação à Virgem.
Depois de pronta a massa era retirada das massadeiras pelo preparador e estendida por ele numa enorme pá em sete camadas (simbolizando os sete dias da semana).
A massa contida na última gamela (a oitava) servia para os enfeites, mais concretamente, para os elementos decorativos do pão ázimo (de formato rectângular), trabalho igualmente a cargo do preparador: as quatro pinhas (assentes no vértice, simbolizando o incenso); as duas pombas (com bicos voltados para fora, colocadas diametralmente opostas, a meio, no sentido da largura do pão, significando o Espírito Santo); as duas palmeiras (representando  a árvore do Paraíso), tendo de cada lado uma serpente bíblica, ondulando em direcção inversa, ao longo do comprimento do pão.
Chegados a este ponto da feitura do pão, os respectivos grupos saíam pelas ruas a entoar as alvoradas, para voltar ao mesmo lugar, a buscar o pão (coberto com caules de trigo verde, para que o forno o não queimasse), seguindo depois, cerca da meia-noite, em cortejo, até à "casa do forno" (utilizado apenas uma vez no ano, para este fim).
Na manhã do dia seguinte o pão era retirado do forno, pincelado com azeite e colocado num andor enfeitado com flores e verdura.


As alvoradas cantadas pelas ruas depois de amassado o pão:

Está sentada na pedrinha
A minha Virgem do Milagres;
Oh! Que tão baixa cadeira
Para tão alta Rainha.


Tem uma meada d'ouro
A minha Virgem dos Milagres,
Quem me dera ser a relva
P'ra ser o seu coradouro.


bolo santo


andor de Nossa Senhora dos Milagres

Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Março e Abril. Lisboa: Círculo de Leitores.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cante Alentejano




Ceifeiros de Cuba, na Taberna do Lucas, em Cuba, Alentejo.
ver também: http://cantoalentejano.com/fonoteca/index.php

quarta-feira, 2 de junho de 2010