Mostrar mensagens com a etiqueta clepsidra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta clepsidra. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 23 de julho de 2019

CAMILLO PESSANHA - PHONOGRAPHO




Adicionar legenda




Vae declamando um comico defuncto,
Uma platea ri, perdidamente,
Do bom jarreta... E ha um odor no ambiente
A crypta e a pó, — do anachronico assumpto.


Muda o registo, eis uma barcarola:
Lirios, lirios, aguas do rio, a lua.
Ante o Seu corpo o sonho meu fluctua
Sobre um paúl, — extatica corolla.


Muda outra vez: gorgeios, estribilhos
D’um clarim de oiro — o cheiro de junquilhos,
Vivido e agro! — tocando a alvorada...

Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas
Quebrou-se agora orvalhada e velada.
Primavera. Manhã. Que efluvio de violetas!

Camillo Pessanha, Clepsydra, Lisboa, Edições Lusitânia, 1920


Retirado Daqui: