sexta-feira, 15 de junho de 2018

António Botto - Os Barcos Do Rio Tejo






«Os Barcos do Rio Tejo», versos inéditos de António Botto, 'Revista Municipal', n.º 20-21, 1.º e 2.º trimestre de 1944.
imagem © Hemeroteca Municipal


Via Luis Manuel Gaspar, DAQUI:

ANTÓNIO PATRÍCIO (1878-1930) - EM HORNEBËK, NA DINAMARCA





Adicionar legenda



Em Hornebëk, na Dinamarca,
as folhas caem sobre o mar.
Vão em lufadas cair nas ondas,
caem nas barcas que vão pescar.

Há folhas secas por sobre as redes,
caem nas velas, todas doiradas...
São cor das barbas dos pescadores,
lá vão levadas, lá vão levadas...

Minha alma, doida de mar e outono,
em Hornebëk se foi deitar,
entre gaivotas e folhas secas,
a sonhar alto, para sonhar…

Tem nos cabelos algas e algas
que o vento brusco vem levantar...
Em Hornebëk, na Dinamarca,
onde vão folhas por sobre o mar.

António Patrício, «Em Hornebëck, na Dinamarca», Poesias, 1942




Desenho da Inês no almocito de dia  14.04.2018
[anos da avó Manuela]


Desenho da Mafalda no almocito de dia  14.04.2018
[anos da avó Manuela]

terça-feira, 12 de junho de 2018





Luis Manuel Gaspar, ensaio para uma banda desenhada sobre o
'Livro do Desassossego', de Fernando Pessoa, 1992


DAQUI:

Luis Manuel Gaspar
Artista plástico e poeta.
Nasceu em Lisboa, 1960.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

ANTÓNIO DE SOUSA - ACORDES





Fotografia de Maria João Brito de Sousa

Rio de risos brandos, a cantar.
Oh rio doutras sedes! Rio — claro
e fugidio espelho desta hora em que me paro!
Onde é o teu mar?

Para quem tua voz e os teus cabelos
de algas, com diademas de seixinhos?
Tua pele friorenta e os teus caminhos
de sonho e névoa, aos siderais castelos?

Para quem teu mistério: esse desejo
vagabundo, que flui entre estrelas e lodos?
Onde o abraço que abrace os teus abraços todos?
E onde aquela onda em que afoguei um beijo?


António de Sousa, 'Ilha Deserta', Coimbra, Edições Presença, 1937; 2.ª ed., com desenhos de Manuel Ribeiro de Pavia, Lisboa, Editorial Inquérito, 1954.

Do blog https://antoniodesousa.blogs.sapo.pt/


Via Luis Manuel Gaspar


quarta-feira, 9 de maio de 2018

SOBRE UMA FOTOGRAFIA DE CAMILO PESSANHA - Paulo de Tarso Cabrini Jr.






Camilo Pessanha,  "Praia do Leitão” ou  da "Chácara do Leitão” ,Macau, 1921


Nessa fotografia, vemos o poeta,em “farrapos”, acompanhado de seus dois cães – um deles, o “Arminho” (...) O retrato está datado de 1921 e é dedicado ao amigo César de Almeida."

Artigo Aqui: http://www.revistas.usp.br/desassossego/article/viewFile/61970/73192




David Mourão-Ferreira



Fotografia de  Pepe DinizLisboa — Luzes e Sombras, Metropolitano de Lisboa, 1992.



Parece às vezes que o Tejo
é Tejo sob outro Tejo
como às vezes o desejo
sob o desejo é desejo
Que uma só ponte é a mesma
tanto por cima do Tejo
como por baixo do Tejo
pedras e corpos os mesmos
tão sob e sobre o desejo
como sem desejo mesmo

Mas se isto acontece às vezes
a grande culpa é do Tejo

© Pepe Diniz (fotografias) / David Mourão-Ferreira (poesias), 'Lisboa — Luzes e Sombras', Metropolitano de Lisboa, 1992.



Do facebook de Luis Manuel Gaspar

sexta-feira, 4 de maio de 2018

José de Almada Negreiros - Varina




José Almada Negreiros,  'Varina', 1946



Lá na Ribeira Nova
onde nasce Lisboa inteira
na manhã de cada dia
há uma varina
e se não fosse ela
ai não sei
não sei que seria de mim!
Por ela
fiz dois versos a todas as varinas:
E vós varinas que sabeis a sal
e trazeis o mar no vosso avental!
Acho parecidos estes versos
com as varinas de Portugal.

Uma vez falei-lhe
para ouvi-la
e vê-la
ao pé.
A voz saborosa
os olhos de variar
castanhos de variar
castanhos-escuros de variar
com reflexos de variar
desde a rosa
até ao verde
desde o verde
até ao mar.

Num reflexo reflecti:
não dar aquele destino
ao meu destino aqui.

Lisboa, 1926

In: José Almeida Negreiros, Poemas, Assírio & Alvim, Lisboa

Imagem daqui

Artur Pastor - Lavadeiras e poço

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Berlengas - Forte de São João Baptista

José Leite Vasconcelos - Nota À Cerca das Fontes

Álvaro Laborinho - Barcos sobre o paredão





Álvaro Laborinho, Barcos no paredão, 1933
Museu Dr. Joaquim Manso



Fotografia a p/b de uma rua da frente do mar da Nazaré, rua Mouzinho de Albuquerque. No lado esquerdo, na praça Manuel Arriaga, estão duas barcas e um pescador e, à direita, sobre o paredão, barcos de arte xávega, em fila, mais pescadores e rapazes de camisola e barrete. Vê-se ainda um quiosque, parte do casario, e o edifício dos Banhos Quentes.


Ficha de Inventário Aqui

Sophia de Mello Breyner Andresen - Marinheiro

terça-feira, 1 de maio de 2018





Álvaro Laborinho, Mar bravo, onda gigante (Nazaré), 1931
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico






domingo, 29 de abril de 2018

Artur Pastor - 6 Poços





Artur Pastor, Poço , Alentejo
daqui


Artur Pastor, Serie Portugal-rural, Algarve (Montenegro), anos 40
daqui


Artur Pastor, "Serie Portugal Rural , Algarve, Montenegro anos 50/60
daqui



Artur Pastor, Pátio com poço, Évora
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico



Artur Pastor, Malhando o milho na eira (poço), Paços de Ferreira
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico



Artur Pastor, Poço com picota, Paços de Ferreira
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico



Fotografias retiradas:
http://arturpastor.tumblr.com/
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/

Artur Pastor - Poço cisterna




Artur Pastor, Poço cisterna, Évora



Lenda da Praia da Rocha



In:Nova, Maria Manuela Neves Casinha, 1960-,
As lendas do sobrenatural da região do Algarve, 2013

In:Nova, Maria Manuela Neves Casinha, 1960-,
As lendas do sobrenatural da região do Algarve, 2013

In:Nova, Maria Manuela Neves Casinha, 1960-,
As lendas do sobrenatural da região do Algarve, 2013

In:Nova, Maria Manuela Neves Casinha, 1960-,
As lendas do sobrenatural da região do Algarve, 2013





Nova, Maria Manuela Neves Casinha, 1960-, As lendas do sobrenatural da região do Algarve, Tese de doutoramento, Estudos de Literatura e de Cultura (Literatura Oral e Tradicional), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2013


Retirada do Volume 2 da Tese que se encontra AQUI

Adriano de Sousa Lopes




Adriano de Sousa Lopes, A Descarga do Barco




Adriano de Sousa Lopes, Velas na luz, c. 1930

Adriano de Sousa Lopes




Adriano de Sousa Lopes




Finda a Feira de Antiguidades de Lisboa, ficou-me na memória este desenho fabuloso de Sousa Lopes. Que maravilha. De imediato fui transportado para um certo cantar de Pedro Homem de Mello:

Últimas Vontades

Na branca praia, hoje deserta e fria,
De que se gosta mais do que de gente,
Na branca praia, onde te vi um dia
Para sonhar, já tarde, eternamente,

Achei (ia jurá-lo!) à nossa espera,
Intacto o rasto dos antigos passos,
Aquela praia, inamovível, era
Espelho de pés leves, depois lassos!

E doravante, imploro, em testamento,
Que, nesta areia, a espuma seja a tiara
Do meu cadáver, preso ao teu e ao vento...

— Vaivém sexual, que o mar lega aos defuntos? —
Se em vida, agora, tudo nos separa
Ó meu amor, apodreçamos juntos!

Pedro Homem de Mello, in "Ecce Homo"

Quadro e foto de Galerie Philippe Mendes

sábado, 28 de abril de 2018

Praia da Rocha (Algarve, Portugal): um paradigma da antropização do litoral - Joana Gaspar de Freitas





RESUMO

A Praia da Rocha tem pouco mais de um século de existência no que toca à sua ocupação com vista à utilização dos banhos marítimos. Durante este tempo, a localidade transformou-se radicalmente passando de um pequeno povoado à beira-mar com meia dúzia de casas a um grande centro urbano que, durante o verão, atrai milhares de turistas. Este crescimento urbano desmedido, registado sobretudo nas últimas décadas do século XX, mostra-se muito semelhante ao que ocorreu na maioria dos núcleos costeiros do Algarve Central. O caso da Praia da Rocha, porém, revela-se paradigmático, uma vez que no arranque da expansão turística, no princípio dos anos 70, se procedeu à alimentação artificial da praia, com vista ao alargamento do areal para aumentar a sua capacidade de utilização balnear e para evitar que as vagas atingindo as falésias pusessem em risco as construções edificadas ali na última década. O sucesso das operações de enchimento (1970, 1983 e 1996) fazem da Praia da Rocha um caso único no país e um magnífico exemplo de antropicosta. O êxito alcançado na ampliação do areal na Rocha teve, contudo, um lado perverso no que toca à ocupação humana daquele litoral: possibilitou a expansão do turismo de massas, ao criar uma praia com maior capacidade de carga e ao permitir – graças à subtracção da arriba aos processos marinhos - um crescimento da volumetria das construções, dando origem, a partir dos anos 80, ao aparecimento de uma frente contínua de edificações de grandes dimensões adjacentes à costa. Neste trabalho traça-se o perfil histórico desta praia, acompanhando a sua evolução urbana com base na comparação de material iconográfico, fotografias aéreas e cartas, tentando perceber de que forma as actividades antrópicas ali desenvolvidas (essencialmente balneares) determinaram a sua configuração actual. Pretende-se ainda mostrar como a nível da gestão costeira é essencial compreender a evolução diacrónica das zonas costeiras para se ter uma correcta percepção de risco, já que algumas praias aparentemente estabilizadas podem oferecer uma falsa sensação de segurança. Grande parte das populações que ocupam hoje o litoral não possuem – pelo seu desenraizamento face àquele espaço – a noção da sua instabilidade. Mas, os técnicos e autoridades com responsabilidade na gestão da orla litoral não podem ignorar a história e memória da erosão costeira, sob pena de num futuro recente enfrentarem graves problemas em consequência do seu alheamento face à intensificação da ocupação humana de zonas de risco e da não aplicação de medidas de adaptação.
 
Joana, Gaspar de Freitas "Praia da Rocha (Algarve, Portugal): um paradigma da antropização do litoral", Revista da Gestão Costeira Integrada 12 (1), 2012,  pp. 31-42

Do facebook de  Filipe da Palma



Rio Arade











sábado, 31 de março de 2018

domingo, 25 de março de 2018

Manuel de Freitas - Hotel Praia, Quarto 508



Para a Inês


I

São ruas que vão até ao mar, abruptamente
- ou é o mar que, desde sempre, nelas
encontrou morada? Indiferentes a esta pergunta
ociosa, as mulheres falam de casas, discutem
preços e amarguras, alugam barracas por um dia.


E vestem-se de luto ou de cores tão improváveis
como Deus, enquanto distribuem bênçãos,
pequenos rancores, rios de ouro sobre o peito.
Será talvez um modo atávico de exorcizarem a fome
nas casas que não têm mas alugam, sentadas junto ao mar.

Não sorriem nunca, por excesso ou falta de razões.


II

Não esperava, trinta anos depois, reconhecer
a Nazaré. Igual a sim mesma, fintou o progresso
no desmando da morte e no cheiro seco
dos carapaus jacentes (só um gato preto, sem
jeito para o negócio, foi poupado ao extermínio). 

Diferente é apenas vê-la agora desta varanda,
contigo ao lado, e perceber a alegria que
irmana dos telhados e balcões, sob os farrapos
de uma língua apátrida que nem o amor
nem o mar conseguiriam devidamente pardonner

Um homem de fato completo deixou-nos ver a lua.


III

Há quem veja na sereia, que um dia se cansou,
razão suficiente para tantas mortes.
E há quem desça sem temor as escadas que vão
do Forte ao rochedo do Guilhim. Nós, menos
confiantes, olhávamos as grutas, escolhíamos pedras. 

Conchas com água dentro, recentes pedacinhos de ossos.


IV

E era como se caminhássemos sobre a lua
e o vento de Agosto nos juntasse lado
a lado, quando já não há degraus.



Pedacinhos de Ossos
Manuel de Freitas
Averno, Lisboa, Novembro 2012

domingo, 4 de março de 2018

sábado, 3 de março de 2018







A Colecção Gulbenkian de Livros Manuscritos Ocidentais e as Inundações de 1967

Ideia original
Manuela Fidalgo e João Carvalho Dias

Realização, operação de câmara e edição
Márcia Lessa