António Carneiro, retrato de Afonso Lopes Vieira, 1912. |
Mais leve que a pluma
que no ar balança,
pela praia dança
a ligeira espuma.
Dançando se afaga
no alado bailar!
Pétalas da vaga,
poeira do mar…
Espuma de neve,
ergue-a num momento
a curiosa e leve,
vaga mão do vento.
Mas o vento, achando
que da mão lhe escorre,
com ela brincando
pela praia corre…
Eis se ergue e dissolve,
coisa láctea e pura,
onde o luar se envolve
na fervente alvura.
Espuma levada
das águas ao rés,
renda evaporada,
jóia das marés!
Grácil mimo e flor
de femínea graça.
que efémera passa
no eterno esplendor.
Em meus dedos, ágil,
um momento tive-a,
e na morte nívea
se me evola frágil.
Mais leve que a pluma
que no ar ondeia,
pela fina areia
baila, aérea, a espuma.
E na dança etérea,
que impalpável ronda!
Bafo da matéria,
penugem da onda…
Os Versos de Afonso Lopes Vieira, Lisboa, Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1927
ergue-a num momento
a curiosa e leve,
vaga mão do vento.
Mas o vento, achando
que da mão lhe escorre,
com ela brincando
pela praia corre…
Eis se ergue e dissolve,
coisa láctea e pura,
onde o luar se envolve
na fervente alvura.
Espuma levada
das águas ao rés,
renda evaporada,
jóia das marés!
Grácil mimo e flor
de femínea graça.
que efémera passa
no eterno esplendor.
Em meus dedos, ágil,
um momento tive-a,
e na morte nívea
se me evola frágil.
Mais leve que a pluma
que no ar ondeia,
pela fina areia
baila, aérea, a espuma.
E na dança etérea,
que impalpável ronda!
Bafo da matéria,
penugem da onda…
Os Versos de Afonso Lopes Vieira, Lisboa, Sociedade Editora Portugal-Brasil, 1927
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