luis manuel gaspar, «o poço», 'ronda das horas lentas' (1980-1989) |
FERNANDA DE CASTRO
O POÇO
Velho poço de água velha,
que não reflecte nem espelha
luz de olhar, brilho de estrela.
Toalha verde e amarela
de folhas apodrecidas,
avencas, líquenes, fetos,
sob os quais pulula a Vida
em mim vida repartida:
bactérias, larvas, insectos.
Paredes viscosas, tortas,
paredes já sem idade
que segregam humidade
e cheiram a coisas mortas.
Vida e Morte confundidas.
Não há barreiras nem fosso,
nem fronteiras definidas
nas águas turvas do poço.
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