Alberto de Souza, 'Estação Sul e Sueste, Lisboa', 1910 © Museu Nacional De Arte Contemporânea Do Chiado |
Daqui:
Alberto de Sou, [Barcos - Ericeira,1921] |
Daqui:
Alberto de Souza, 'Estação Sul e Sueste, Lisboa', 1910 © Museu Nacional De Arte Contemporânea Do Chiado |
Alberto de Sou, [Barcos - Ericeira,1921] |
Luis Manuel Gaspar, «O sonho da água dorme no pimenteiro» (Herberto Helder)
n.º 2, tinta-da-china e acrílico sobre papel, 210 x 148 mm, 2017 |
Afonso Lopes Vieira, "Sombra na água", Illustração Portugueza, II série, Nº 199, 13 de Dezembro de 1909, pp. 756-760 |
Afonso Lopes Vieira, "Júlia e Zé Maria", Illustração Portugueza, II série, Nº 199, 13 de Dezembro de 1909, pp. 756-760 |
Afonso Lopes Vieira [1910] |
No final do século dezoito, no lugar de Valverde, vivia um pobre moleiro com a mulher e uma filha ainda moça e muito bonita.
Numa noite de luar, a rapariga desapareceu de casa sem deixar rasto e nunca mais foi vista. Houve quem dissesse que ela se tinha deitado ao mar, mas muita gente acreditava que as bruxas a tinham encantado
O tempo foi passando e a tragédia do desaparecimento da filha do moleiro era contada aos serões a mistura com histórias de almas penadas e feiticeiras.
Num lindo dia de Primavera, passados cerca de cem anos, as lavadeiras foram com a roupa suja para a ribeira, como de costume. Uma delas, mais velha, não teve tempo para lavar tudo, embora tivesse esfregado e espanejado de sol a sol. Continuou o trabalho quando a noite caiu, porque a lua estava clara como se fosse de dia.
Para passar o tempo e disfarçar o medo de estar sozinha, ia cantando. Subitamente o som da sua voz e o ruído dos grilos foram cortados por gritos profundos que apenas duraram um segundo. Quando tudo tinha voltado ao silêncio e a lavadeira ainda estava muda de medo, de novo se ouviram fortes gemidos.
— Santo nome de Deus! Senhora dos Anjos, amparai-me — gaguejou a velha lavadeira e, levantando um pouco a voz, conseguiu dizer a tremer:
— Alma penada ou gente deste mundo que tanto pareceis estar sofrendo, dizei-me onde estais para que vos possa ajudar se isso estiver ao meu alcance.
Ninguém lhe respondeu, mas ela avançou pela margem da ribeira e, quando ainda não tinha dado vinte passos, parou espantada. A ribeira estava linda e pousada sobre ela via se uma rapariga bonita e completamente nua. Parecia envolvida num manto de luz e os cabelos brilhavam como oiro sobre os ombros brancos e macios. A mão esquerda estava fechada, mas na outra tinha um fuso que girava, enrolando um fio de prata. Dos olhos azuis corriam lágrimas.
A lavadeira ficou completamente assombrada e só quando por um ruído leve a visão desapareceu é que a mulher teve coragem de dizer:
— Donzela infeliz, talvez encantada por mau olhado, atende as minhas palavras Se és aquela de quem muitas vezes ouvi falar em pequena, aos meus avós, tudo farei para te ajudar.
A visão apareceu de novo e os lábios vermelhos, mas com um sorriso amargo, disseram meigamente:
— Sou aquela menina infeliz que vossos avós conheceram, mas não posso dizer-vos como foi o meu encantamento. Estou há mais de um século neste martírio, aparecendo de sete em sete anos, neste dia e na hora em que fui encantada, à espera de um rapaz virgem que me possa esconjurar e a quem pertencerei.
Depois de dizer estas palavras, abriu a mão esquerda, mostrou três moedas de oiro e desapareceu.
A lavadeira voltou para casa já tarde da noite, o céu estava coberto de nuvens e no dia seguinte o estranho acontecimento espalhou-se.
Passados sete anos, vários rapazes de Valverde foram-se sentar nas margens da ribeira com a esperança de ver a moça, mas ninguém a viu e sem se saber porquê a donzela lá continua encantada.
Artur Pastor, Desembarque do peixe, Portimão, anos 60 fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico |
Artur Pastor, Desembarque do peixe, Portimão, anos 60 fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico |
Artur Pastor, Desembarque do peixe, Portimão, anos 60 fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico |
Cliché de Domingos Alvão, ["Água tranquila - Lavadeiras num rio de Portugal"] Illustração Portugueza, 22 de Junho de 1914 |
Cliché de Domingos Alvão, "Lavadeira no Rio Leça" Illustração Portugueza, 14 de Dezembro de 1914 |
Ponte sobre o Tejo, projecto de E. Bartissol e T. Seyrig, O Occidente, n.° 380, 1889 ilustração de L. Freire [Imagem da Hemeroteca Digital] |
Durante as filmagens de 'O Sargaceiro da Apúlia', de Adriano Nazareth |
Adriano Nazareth |
Nazarenos |
Sargaceiros da Apúlia |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 1, (3 de Agosto de 1919), p.3 |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 2, (10 de Agosto de 1919), p.3 |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 4, (24 de Agosto de 1919), p.1 |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 16, (16 de Novembro de 1919), p.4 |
fotografia retirada daqui: http://www.azeitao.net/aldeias/aldeia/aldeia_rica.htm |
fotografia retirada daqui: http://www.azeitao.net/aldeias/aldeia/aldeia_rica.htm |
António Carneiro, Contemplação, 1911 |
Artur Pastor, Porto de Lagos, 1960-65 Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico |
Ara consagrada a Nabia, Museu de Arqueologia e Numismática, Vila Real, 2017 (fotografia de José Daniel Soares Ferreira, obrigada!) |
Ara a Nabia Encontrava-se numa parede de um prédio do lugar de Roqueiro, freguesia de Pedrogão Pequeno |
Fig. 87ª (Ara do Museu Ethnologico)
|