quinta-feira, 1 de março de 2018






«Um grande, pormenorizado e expressivo olho decorava, igualmente, a cara branca, não delimitada, deste belo saveiro, na Costa da Caparica, por volta de 1965.»

DAQUI  [Ver, também, aqui algumas considerações sobre a representação decorativa do olho nas embarcações de pesca]

AQUI

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018




Joaquim Manuel Magalhães


In:
Joaquim Manuel Magalhães, «Light at Two Lights», in João Miguel Fernandes Jorge, Jorge Molder, Joaquim Manuel Magalhães,'Uma Exposição', Lisboa, A Regra do Jogo, 1980.


[Retirado Daqui]

Lavadeiras



Fotografia de C. Trincão

Boletim Fotográfico, Abril de 1900


J. A. Soares - Castelo de D'Almourol





Fotografia de J. A. Soares
"Boletim Fotográfico", Agosto de 1900

Fografias do Boletim Fotográfico






Fotografia de Silva Nogueira
Boletim Fotográfico
, Janeiro de 1900

Fotografia de Augusto Soares
Boletim Fotográfico
, Outubro e Novembro de 1900


Fotografia de F. Viegas 
Boletim Fotográfico
, Setembro de 1900







Fotografia de S. Fortes
Boletim Fotográfico
, Outubro e Novembro de 1900





Fotografia de C. Trincão
Boletim Fotográfico
, Abril de 1900




Fotografia do Visconde de Coruche
Boletim Fotográfico
, Fevereiro de 1900

domingo, 4 de fevereiro de 2018




Helena Corrêa de Barros, Tirando água do poço, [entre 1950 e 1960]
Fotografai do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Miguel Martins - Aldeia




Adoro as levadas caudalosas,
serpenteando por entre avencas,
levando consigo pequenos blocos de terra,
ensopando a terra,
matando a sede a raízes
que mais parecem teias de aranha
cujo centro se esconde a vários palmos de distância
ou longilíneas tarântulas

Adoro os Verões iniciáticos,
a aprendizagem de caminhos e trabalhos sob as copas densas,
os banhos na represa por entre libélulas e alfaiates
e o esgar de nojo,
quando, da ponte,
se avista lá ao fundo um gato morto
preso nas silvas das margens de água límpida

Adoro os Invernos laboriosos,
as encostas escorregadias,
a lama nas botas,
a misteriosa caminhada até cada courela,
o gesto medieval que ceifa o talo à couve,
o toucinho na salgadeira

Adoro o regresso do ruído,
a chegada das crianças da cidade,
adoro vê-las subir às amoreiras,
as mãos miúdas confiando em nós de madeira centenária, enquanto os pais me visitam na adega,
cortamos uma broa e abrimos uma garrafa de morangueiro fresco

Adoro as casulas e os paramentos na sacristia
e o pó que os cobre nos meses de ausência do padre
e o branco nu da capela
e a pedra nua de todas as outras casas,
que é da cor das folhas de tabaco secas da plantação que o Eduardo tem ao fundo do povo e esconde dos fiscais
(ele que já viu mais mundo que todos os fiscais da região e trabalhou na PanAm e foi aos Estados Unidos)

Adoro as trutas apanhadas à mão e o viveiro de trutas, nossa única indústria desde que ruiu o moinho de água
e só Deus sabe quanto isso me custou e custa,
saber que não mais sentirei o cheiro do milho acabado de moer

Adoro as idas à mercearia da aldeia vizinha
e a pouquíssima variedade de produtos que aí se encontra,
como se estivéssemos em tempo de guerra
ou o século XX não ousasse começar por aqui

Adoro os fogões a lenha,
as enormes arcas de nogueira,
os colchões de palha de milho
confortavelmente concavados por décadas de hóspedes e a remota possibilidade de serem do tempo
em que João Brandão, “o terror das Beiras”, se acoitou nestas casas

Adoro os audazes mergulhos da ponte metálica coberta de caganitas de cabra
e as cabras
e a mão desusada que as conduz
e que sabe amar quando é chegada a noite
ou quando é chamada a iluminar um recanto de sombra

Adoro as lamparinas e os morcegos que vêm chupar o azeite das torcidas,
o cheiro das queimadas e o cheiro do tojo
acabado de roçar,
e as pequenas manchas roxas
que as amoras esmagadas imprimem no chão

Adoro as ameaças e as benesses do céu
e a certeza de que nelas se escondem todas as respostas da irrevogável vontade de Deus
e adoro como uns são pais dos filhos dos outros
e deixam Deus fora da questão
e não pegam em espingardas

Sim, adoro esta aldeia sem caçadores
em que os pardais só temem os espantalhos
e os gritos que ecoam desde o outro lado das montanhas

Adoro o tio Alfredo, que espantava as almas penadas, batendo com uma corda nas costas,
e o primo Alfredo
que trabalha tanto como quem trabalha mais
e mimetiza o mesmo gesto
para afugentar as dores que isso lhe dá por todo o corpo

Adoro a iniciação sexual dos rapazes,
quase sempre com outros rapazes,
anos antes de terem uma rapariga,
o que só acontece aos doze anos e depois não quer dizer nada,
que é como quem diz, fica vida fora

Adoro o orvalho desenhando folhas de plantas nos vidros das janelas
e janelas nas folhas das plantas
e a nitidez de todos os veios destas
e de todas as veias na pele das mulheres,
que nunca tomaram banhos de sol
e sempre cobrem as cabeças com lenços
ou chapéus de palha

E adoro-vos a vós
que nunca vistes nem vereis a minha aldeia
e acabais de a adoptar pelo útero

(Atol, Clube dos Poetas Vivos, Lisboa, 2002)


Leitura de Raquel Marinho (clicar para ouvir)


Helena Nilo, Lagos, Setembro, 2014

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

domingo, 28 de janeiro de 2018



«Desembarque dos passageiros das canoas cacilheiras no Cais do Sodré», colecção Legado Seixas, do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico



Luis Manuel Gaspar, desenho para Al Berto, «Cartas de Outono» Ler, n.º 31, 1995.
[Bugio]

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Chafariz das Moiras (Mouras), Lisboa, Santa Maria Maior





Chafariz das Moiras, Largo do Correio- Mor
fotografia de Daniel Soares Ferreira


Inaugurado em 1816, no vale das Moiras no Lumiar, projecto do arquitecto José Therésio Michelotti, com água de uma mina ali existente. No entanto, a mina revelou-se insuficiente para satisfazer a população e a Câmara Municipal ordenou que se enchesse os depósitos com água proveniente dos Chafarizes da Convalescença e da Cruz do Tabuado. Até 1940 as três bicas do chafariz abasteceram a população (a central recebendo água da mina e as laterais água da distribuição da cidade).
Em meados do século XX procedeu-se a sua demolição, tendo o seu pano de fachada sido aproveitado e colocado no Largo em frente ao Palácio do Correio-mor (na rua de São Mamede ) o qual sofreu um arranjo urbanístico.
Informação retirada Daqui 


[...]

Ficha descritiva:
Arquitectura infraestrutural, tardo-barroca. Chafariz de espaldar simples composto por paraestática, com pilastras rústicas e toscanas, rematadas em friso e cornija. O espaldar possui apainelado com inscrição e pedra de armas e três bicas circulares, que vertem para tanque contracurvado e galbado, com bordo boleado. Possui réguas metálicas para apoio de vasilhame. Chafariz com a fachada principal reaproveitada de um antigo chafariz do tipo caixa, que se erguia no Lumiar, demolido por questões urbanísticas. Está enquadrado por muro de suporte de terras, formando uma elipse, que cria um amplo largo. De destacar a estrutura do tanque, contracurvado e galbado, o elemento mais elegante e erudito do conjunto.
Informação retirada Daqui



Eduardo Portugal, Chafariz das Mouras  na Alameda das Linhas de Torres
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico

O Chafariz das Mouras foi projectado pelo arquitecto José Therésio Michelotti e construído entre 1813-1815. A sua inauguração decorreu no dia 27 de Julho de 1816.  Tem a forma de pavilhão de parque. É quadrangular de cobertura tronco-piramidal de arestas curvilíneas, rematada por uma urna. A tabela do frontão desce até envolver a bica central. Tem três bicas. Ostenta o brasão real. Tem uma legenda ao centro dizendo «Utilidade do Público anno de 1815». Este chafariz situava-se na Alameda das Linhas de Torres, mas no século XX, foi demolido e a fachada e a bacia foram transferidos para o Largo do Correio-Mor.  
Informação retirada Daqui



Eduardo Portugal, Chafariz das Mouras  na Alameda das Linhas de Torres
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico


Chafariz das Mouras na Alameda das Linhas de Torres
Fotografai do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico


Registo no SIPA - http://www.monumentos.gov.pt/site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=25673
Mais informação aqui

sábado, 21 de outubro de 2017





Praia da Rocha, [191-]  (pormenor)
Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico





raia da Rocha, [191-]
Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico




Sentada junto ao rochedo
onde mandaram erigir a capela,
com a dor aos pés e o amor distante,


que mais, senão a morte,
podes pretender da vida?


As ondas do mar
de Agosto
nada respondiam



Manuel de Freitas, Boa Morte, edição do autor, 2008






Capa de Luis Manuel Gaspar

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Francisco Rodrigues Lobo




Águas que, penduradas desta altura,
Caís sobre os penedos descuidadas,
Aonde, em branca escuma levantadas,
Ofendidas mostrais mais fermosura,

Se achais essa dureza tão segura,
Para que porfiais, águas cansadas?
Hei tantos anos já desenganadas,
E esta rocha mais áspera e mais dura.

Voltai atrás por entre os arvoredos,
Aonde caminhais com liberdade
Até chegar ao fim tão desejado.

Mas ai! que são de amor estes segredos.
Que vos não valerá própria vontade
Como a mim não valeu no meu cuidado.


Francisco Rodrigues Lobo, Daqui:




Adriano de Sousa Lopes, Entendei que segundo amor tiverdes/ Tereis o entendimento, 1910



Adriano de Sousa Lopes, [Pinheiro à beira-água]




Alberto de Souza, 'Estação Sul e Sueste, Lisboa', 1910
© Museu Nacional De Arte Contemporânea Do Chiado

Daqui:




Alberto de Sou, [Barcos - Ericeira,1921]

Daqui:

Luis Manuel Gaspar - Luminária,



[...]

Nada poderá trazer um navio de volta
a este porto prometido às trevas
e ao visco.
No jardim que deixámos para trás
(e lembra hoje uma única teia de tamiça e estopa)
cresceram as luzes da visitação

Não seguimos o rio, não iremos juntos.
Só damos de nós o que jamais
poderão ver

[...]



Luis Manuel Gaspar, Luminária, Alambique, 2015  (2ªedição revista)

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