quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Senhor Jesus dos Navegantes - Ex-votos (quadros votivos)

   Existem vários objectos ligados ao culto da imagem do Senhor Jesus dos Navegantes no espólio artístico da Igreja Matriz de Ílhavo: dezanove quadros de ex-votos, desenhados e pintados, representando naufrágios e promessas dos marítimos ilhavenses, na sua maioria de finais do séc. XIX e que antigamente preenchiam na íntegra a parede entre o retábulo de altar das Almas e o retábulo de altar do Senhor Jesus dos Navegantes; ramos de flores artificiais, oferenda das mordomas; jarras de porcelana e prata; seis faixas bordadas a matiz e fio metálico de adorno da imagem e duas cabeleiras naturais.

Ex-votos do Senhor Jesus dos Navegantes de Ílhavo:





os rios na poesia popular



 




Opúsculos, de José Leite de Vasconcelos, Etnologia, volume V
Os rios na poesia popular (Poesia de Amor) AQUI

domingo, 13 de novembro de 2011

 
O tempo pergunta ao tempo, 
quanto tempo o tempo tem. 
O tempo responde ao tempo 
que o tempo tem tanto tempo,
quanto tempo o tempo tem.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Fonte da Moura, em Alpedriz (Alcobaça)






Da lendária ocupação árabe apenas ficou a lenda da “Fonte da Moura”. Situada numa propriedade particular a referida fonte é uma nascente de água, ligada ao chamado rio da Loureira. Segundo a lenda, uma Moura ia ali buscar água arranjando pretexto para se encontrar com o namora­do e terá ficado ali “encantada” vendo a água correr e certamente a pensar nas delícias do futuro, quando o povo a que pertencia foi atacada e tudo foi desfeito.

A moura de Cidagonha


Na aldeia de Moimenta, concelho de Vinhais, há um lugar com sinais de antigas fortificações conhecido por Cidagonha, e a que o povo também chama “cidade dos mouros”. Diz a lenda que vivia ali uma princesa mourisca encantada que, ora aparecia a pentear os seus cabelos com um pente de ouro, ao luar, ora a tecer num tear de ouro, cujo bater compassado dos pentes na teia e o ruído dos pedais poderiam ouvir-se na povoação em noites calmas. Outras vezes poderia ouvir-se a referida princesa cantar melodiosas canções de saudade, cujas palavras não seriam perceptíveis.
Segundo a lenda, o tesouro seria constituído pelo tear, o pente e muitos outros utensílios e jóias da princesa, incluindo um manto, tudo em ouro. Mas tratando-se de um tesouro encantado, este só poderia ser descoberto por pata de ovelha e ponta de relha.

Fonte: MARTINS, João Vicente – Moimenta da Raia – uma aldeia
comunitária em evolução e mudança, Braga, Ed. Autor, 1995, p. 83

A cisterna da Torre de Dona Chama




No castelo da Torre de Dona Chama [concelho de Mirandela] há uma cisterna com uma moura encantada em mulher da cinta para cima e serpente da cinta para baixo. Uma vez passou por ali um homem, e a moura chamou-o e disse-lhe que fosse lá ao outro dia desencantá-la, e que não tivesse medo, porque ela nesse dia apareceria toda serpente, mas o homem ficaria rico. O homem foi. Quando a serpente ia a subir pelo homem acima, a dar-lhe um beijo na boca, assim que chegou à garganta, este intimidou-se e atirou-lhe com o casaco. A serpente enroscou-se, fugiu e exclamou:
– Ah! Que dobraste o meu encanto!
Ainda assim ela mandou ao homem que a certas horas fosse lá a um lugar, onde acharia uma pedra com doze vinténs, todos os dias. Nessa cisterna, na manhã de S. João, ouve-se um tear a trabalhar.

Fonte: VASCONCELLOS, J. Leite – Contos Populares e Lendas,

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Este Silêncio - Camané



Há um silêncio pesado
Que não sei de onde é que vem
Nem sei se lhe chamam fado
Ou que outro nome é que tem

Se canto, não me dói tanto
O coração magoado
Mas há em tudo o que canto
Este silêncio pesado

Não é mágoa nem saudade
Nem é pena de ninguém
O silêncio que me invade
E não sei de onde é que vem

Silêncio que anda comigo
E que mesmo sem eu querer
Diz através do que eu digo
O que eu não posso dizer

Este silêncio pesado
Que me suspende e sustém
Não sei se lhe chamam fado
Ou que outro nome é que tem

Se com palavras se veste
A alegria e o pranto
Então que silêncio é este
Que há em tudo o que eu canto

mãos que fumam, fumam...


Brandas e Inverneiras - Lã


Nas Serras do Soajo e da Peneda existe um tipo de povoamento muito típico: as Brandas e Inverneiras.
São núcleos habitacionais temporários cuja origem se prende com a necessidade das populações utilizarem os pastos localizados na serra para alimentar o gado. Este processo de transumância tem a ver com a garantia de alimentos e, consequentemente, com a sobrevivência humana.
A Inverneira, como o nome indica, é a aldeia onde a família passa o Inverno. Localizam-se em vales, ou seja, em altitudes baixas. No princípio do Outono, as pessoas descem para a Inverneira permanecendo aí até Março. Nessa altura, sobem para a Branda, onde se fazem as sementeiras e onde se passa a maior parte do ano. Hoje em dia, nas poucas aldeias que mantêm a tradição, as pessoas apenas levam os animais e alguns haveres, ao contrário de antigamente, em que as pessoas levavam até a mobília.
As Brandas e Inverneiras são, sem dúvida, um elemento importante da cultura da população deste Território.


fotografias de Jorge  Barros
GERÊS - AQUI

domingo, 6 de novembro de 2011

mãos que partilham, mãos que recebem...

A Fonte do salgueirinho




A Fonte do Salgueirinho tem sido considerada um romance popular moderno devido à sua limitada distribuição geográfica e à falta de versões antigas. Contudo, como demonstro neste trabalho, evidência interna de carácter literário, linguístico e folclórico sugere que, na realidade, o poema é bastante antigo. A fonte como ponto de encontre para os amantes e a utilização eufemística de palavras como "cântara," "roca," "sarilho," "barbeiro," "lanceta," "sangrar," "veia" e "picada" eram correntes na Idade Média e no Renascimento. Essas metáforas aparecem frequentemente na poesia cortesã, em poesia francamente erótica, e noutros tipos de poesia antiga. Como alguns destes eufemismos já não se usam nem se entendem bem, o poema não pode constituir uma composição moderna. Por conseguinte, neste caso a tradição oral moderna suplementa, uma vez mais, o nosso conhecimento do passado, conservando-nos um velho poema que, caso contrário, nos seria completamente desconhecido. 

A Fonte do Salgueirinho


Né Ladeiras - A Fonte do Salgueirinho (voz de Adélia Garcia)

entre mãos...