sexta-feira, 8 de setembro de 2017
terça-feira, 5 de setembro de 2017
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Domingos Alvão - Lavadeiras
Cliché de Domingos Alvão, ["Água tranquila - Lavadeiras num rio de Portugal"] Illustração Portugueza, 22 de Junho de 1914 |
Cliché de Domingos Alvão, "Lavadeira no Rio Leça" Illustração Portugueza, 14 de Dezembro de 1914 |
Daqui: Etnografia em Imagens
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
Ponte sobre o Tejo, projecto de E. Bartissol e T. Seyrig, O Occidente, n.° 380, 1889 ilustração de L. Freire [Imagem da Hemeroteca Digital] |
[...]
O projecto dá á ponte a extensao de 2310 metros, completando-a com uma linha ferrea que partirá da estação do Rocio a ligar com a do Barreiro, n'um percurso de 15 kilometros e meio.
Do Rocio sahirá a linha em tunnel seguindo em curva para a esquerda, voltando assim de forma a passar quasi sob a praça do Principe Real, e indo desemhocar no valle formado pela rua de S. Bento, perto do palacio das Côrtes.
Atravessa então a rua de S. Bento em linha recta inclinando-se depois novamente para esquerda n'outra curva, e passa por detraz dos Cortes. N'esse ponto a linha será aberta em trincheira e em tunnel, e estabelecer-se-ha a estação da rua de S. Bento.
A calçada da Estrella é atravessada em subterraneo, e o seu transito não será interrompido nem pelos trabalhos nem pela exploração.
Este subterraneo prolongar-se-ha na extensão de 4oo metros, indo a trincheira, que segue, terminar acima da Rocha do Conde d'Obidos.
É facil, diz o sr. Bartissol na sua memoria publicada na "Gazeta ds Caminhos de Ferro", fazer chegar ahi uma estrada que, vindo da esquerda e a direita, communique_com a ponte, pondo d'este modo, em relação directa e facil com ella, o bairro de Buenos-Ayres e a parte baixa da cidade, inferior as Côrtes, como o Conde Barão, etc.
LER CONTINUAÇÃO DO ARTIGO: AQUI
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
Em notas ao vídeo:
A «Arquitectura do Rabelo» é o título de um estudo do prof. arquitecto
Octávio Lixa Filgueiras, que serviu como roteiro para um filme
documentário produzido em 1991 por José Monteiro e realizado por Vítor
Bilhete. Este documentário correspondeu à última oportunidade de fixar
imagens para o futuro, de uma tradição hoje perdida, a construção de um
barco rabelo por um dos últimos mestres calafates do rio e alguns
artífices que com eles trabalharam.
O processo decorreu em absoluto respeito pelo método nórdico de carpintaria naval, ou seja, a formação do casco antes da montagem das cavernas. Sem máquinas e sem moldes, as formas foram obtidas a partir de medidas básicas tradicionais, o gosto do artista e a prática de muitas gerações.
As filmagens decorreram entre Junho e Agosto de 1991, em vídeo e em película de 35mm. Infelizmente não houve capacidade financeira para a montagem da versão cinematográfica, que se mantém em negativo.
O processo decorreu em absoluto respeito pelo método nórdico de carpintaria naval, ou seja, a formação do casco antes da montagem das cavernas. Sem máquinas e sem moldes, as formas foram obtidas a partir de medidas básicas tradicionais, o gosto do artista e a prática de muitas gerações.
As filmagens decorreram entre Junho e Agosto de 1991, em vídeo e em película de 35mm. Infelizmente não houve capacidade financeira para a montagem da versão cinematográfica, que se mantém em negativo.
Adriano Nazareth - Barcos Rabelos
Barcos Rabelos do Douro (Quatro episódios-1960)
Barcos Rabelos do Douro
Desde o aparecimento do vinho do Porto até meados do século XX o seu transporte rio abaixo, até Vila Nova de Gaia onde se procede ao seu tratamento, foi garantido por barcos tradicionais conhecidos por Rabelos.
Com a evolução natural das vias de
comunicação e dos transportes terrestres este tipo de ligação entre a
origem do vinho e o local onde é envelhecido, engarrafado e distribuído,
passou a ser garantido por outros meios mais rápidos, fáceis e de maior
capacidade.
Contudo, o registo feito em 1960, a preto-e-branco e com a duração de 33 minutos e 45 segundos,
tem proporcionado às gerações vindouras a possibilidade de desfrutar da
epopeia da descida do rio vivida pelas tripulações dos Rabelos de
então, tendo o mesmo ficado a dever-se a Adriano Nazareth, o qual recorreu a uma equipa de luxo para a sua realização, ou seja:
O texto foi escrito pelos Jornalistas Vasco Hogan Teves e Carlos Rodrigues, a locução off do consagrado Gomes Ferreira, a câmara de captação foi operada por um lendário da RTP, o Artur Moura, a captação e registo de som por um trio de ataque único, ou seja, Jorge Teófilo, Jorge Soromenho e João Castanheira e a soberba sonorização da responsabilidade do grande Albano da Mata Diniz.
Texto retirado DAQUI
Adriano Nazareth - O Sargaceiro da Apúlia
Durante as filmagens de 'O Sargaceiro da Apúlia', de Adriano Nazareth |
Documentário 'O Sargaceiro da Apúlia' de Adriano Nazareth, 1959: AQUI
Adriano Nazareth |
Biografia de Adriano Nazareth (1929-1998)
Texto de Carlos A. Henriques
PARTE I: AQUI
PARTE II: AQUI
PARTE III: AQUI
Nazarenos |
Sargaceiros da Apúlia |
Documentário O Sargaceiro da Apúlia, de Adriano Nazareth, 1966: AQUI
terça-feira, 22 de agosto de 2017
Chafariz da Aldeia Rica (chafarizes e fontes de Azeitão)
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 1, (3 de Agosto de 1919), p.3 |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 2, (10 de Agosto de 1919), p.3 |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 4, (24 de Agosto de 1919), p.1 |
O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 16, (16 de Novembro de 1919), p.4 |
fotografia retirada daqui: http://www.azeitao.net/aldeias/aldeia/aldeia_rica.htm |
fotografia retirada daqui: http://www.azeitao.net/aldeias/aldeia/aldeia_rica.htm |
Algumas notas históricas sobre o chafariz/fonte da Aldeia Rica:
http://www.aguasdosado.pt/backoffice/files/file_41_1_1318440539.pdf
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
sábado, 19 de agosto de 2017
António Carneiro - As algas
António Carneiro, Contemplação, 1911 |
Quanto tempo vogaram, embaladas
No seio profundíssimo do mar...
E, ao rolá-las na praia, a soluçar
Fica a onda de as ver abandonadas...
A novo beijo da água, de mansinho
As algas se insinuam, no desejo
Saüdoso de voltar; e, num harpejo,
Despede-as o mar, devagarinho...
Fonte de vida eterna, inexaurível,
Sendo só com a vida compatível
— A desse grande túmulo: a Terra,
Voragem pertinaz, assustadora,
Vai o mar rejeitando, hora por hora
Mortes que fez, as mortes que ele encerra.
António Carneiro, Solilóquios: Sonetos Póstumos, 1936.
Júlio Dantas - No mercado do peixe
Artur Pastor, Porto de Lagos, 1960-65 Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico |
O mercado de peixe é mesmo ali à beira
Das muralhas do cais: bem perto. De maneira
Que me fui até lá, à falta de melhor.
Um céu surpreendente e um sol abrasador.
Sobre as bancas de pedra, esparsos ao acaso
Na sombra colossal do velho alpendre raso,
Vejo os chocos de prata e vejo os ruivos d’ouro,
Carcanholas a abrir nos cestos esverdeados,
E o pescador, afeito ao sol, sadio e louro,
Metendo pelo peixe os braços remangados.
Um alarido enorme em volta aos peixes grossos;
E, estendendo na sombra os rústicos pescoços,
Os compradores vêm, a arregalar os olhos:
Argêntea, sobre a pedra, hirta, a sardinha, aos molhos;
Os froixos langueirões; percebes cabeludos,
Aonde o pescador volve os dedos ossudos;
Amêijoas a ranger, vindas ali do lodo,
De concha esverdeada, enchendo um cabaz todo;
Eirós a colear, vivas, enoveladas,
Metálicas, bulindo em celhas almagradas, —
Tudo isto daqui chama os estômagos lassos
Desta cidade vil de cloques e madraços.
O Damião, coçando a espádua pelo muro,
Entra-se a lastimar de que anda mal seguro
O negócio: o melhor, em coisa que mais deixe,
É a sardinha; o mais, ruim safra de peixe,
Que não no bota cá uma pessoa inteiro
Senão com muita estafa e a peso de dinheiro!
O pescador, aqui, faz-se valer; mais quer
Distribuir de graça, o diabo, que vender
Barato. E o Damião, em pragas, — diab’alma! —
Sacode o ferragoulo enorme que o enxalma.
Júlio Dantas [Lagos,1876 - Lisboa, 1962], Nada, 2.ª ed., Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1912
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Afonso Lopes Vieira - As fontes secas
As doze canções do Ano: Julho
AS FONTES SECAS
A boca em chama do Estio
cresta, no ardente bafejo,
co'a lavareda do beijo
às fontes o fresco fio.
Os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
param à beira das fontes.
Em roda, no ar, paira e erra
o som das vozes ansiosas
das grandes sedes ansiosas
que estão debaixo da terra.
E os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
cismam à beira das fontes.
E ouvem, ouvem, encantadas,
de entre o silêncio da calma,
a voz das fontes caladas
cantar nos ecos da alma .
E os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
vão-se da beira das fontes.
Mais tristes do que vieram,
os caminhantes passaram...
As fontes emudeceram
como os olhos que se fecharam.
Afonso Lopes Vieira, Canções do Vento e do Sol, Ulmeiro, 1983
AS FONTES SECAS
A boca em chama do Estio
cresta, no ardente bafejo,
co'a lavareda do beijo
às fontes o fresco fio.
Os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
param à beira das fontes.
Em roda, no ar, paira e erra
o som das vozes ansiosas
das grandes sedes ansiosas
que estão debaixo da terra.
E os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
cismam à beira das fontes.
E ouvem, ouvem, encantadas,
de entre o silêncio da calma,
a voz das fontes caladas
cantar nos ecos da alma .
E os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
vão-se da beira das fontes.
Mais tristes do que vieram,
os caminhantes passaram...
As fontes emudeceram
como os olhos que se fecharam.
Afonso Lopes Vieira, Canções do Vento e do Sol, Ulmeiro, 1983
quinta-feira, 6 de julho de 2017
terça-feira, 4 de julho de 2017
segunda-feira, 3 de julho de 2017
sexta-feira, 30 de junho de 2017
Ara consagrada a Nabia, Museu de Arqueologia e Numismática, Vila Real, 2017 (fotografia de José Daniel Soares Ferreira, obrigada!) |
N A B I A - Fichas Epigráficas da Hispania Epigraphia AQUI
N A V I A - Fichas Epigráficas da Hispania Epigraphica AQUI
NABIA
NABIA
«Para Blanca María Prósper (2002: 194), Nabia significa “o vale”. Diríamos que nos parece mais adequado fazer de Nabia “a (senhora) do vale” ou “a que mora no vale”. Ora, pensando que o renascer da Primavera era fenómeno que não podia deixar de surpreender e de ser objecto de uma explicação mítica, e, por outro lado, que é nos vales que o renascimento primeiro ocorre, não corresponderá Nabia à Perséfone grega, a “menina do trigo”? Sob uma forma ou outra, e com diferentes nomes, semelhante deusa encontra-se em muitas religiões indo-europeias: é a Prosérpina romana, talvez a Nantosvelta da Gália.
Nantosvelta significará “o vale que o sol aquece” ou “a que faz florir o vale” (OLMSTED, 1994: 42). Se aceitarmos esta etimologia, teremos nesta deusa correspondência com Nabia. Mas, porque as correspondências raramente serão exactas, a deusa Nabia não parece ter par masculino, enquanto Nantosvelta, na Gália, acompanha Sucellus. Este deus, que se representa com um martelo na mão e acompanhado por um cão, seria um deus da região subterrânea (OLMSTED, 1994: 42 e 300-302). Não podemos deixar de pensar no Tongus Nabiacus da Fonte do Ídolo (Braga), tanto mais que, aqui, o que parece ser um busto do deus se apresenta, como vimos, numa edícula em cujo frontão se representam um martelo e uma pomba.
Os símbolos, porém, são polissémicos. Não podemos, sem reservas, sustentar que o martelo, que acompanha Plutão e Vulcano, identifica Tongus com uma divindade subterrânea. Mais parece, como vimos atrás, que Tongus será um deus (ou génio) das fontes.
Quanto ao epíteto Nabiacus, tanto podemos considerá-lo derivado do nome comum nabia, “o vale” (e neste caso Tongus Nabiacus seria o “Tongus do vale”), como ver no epíteto uma alusão à deusa Nabia (caso em que Tongus Nabiacus seria “o Tongus de Nabia”, com o sentido de “acompanhante de Nabia”)»
IN: JORGE DE ALARCÃO, "A religião de lusitanos e calaicos", Conimbriga, 48 (2009) 81-121 AQUI
quinta-feira, 29 de junho de 2017
ARA a NABIA
Ara a Nabia Encontrava-se numa parede de um prédio do lugar de Roqueiro, freguesia de Pedrogão Pequeno |
«Ara trabalhada nas quatro faces, com moldura sob a cornija, plinto liso que apresenta no topo um fóculo circular central escavado. O texto foi paginado com um alinhamento tendencial à esquerda. Monumento erigido em cumprimento de um voto feito a NABIA. No formulário do texto o destaque é dado ao nome do dedicante, de provável origem servil, identificada pela antroponímia e filiação. CICERO / MANCI (filius) / NABIAE / L(ibens) . V(otum) . S(olvit) // Tradução: "Cicero, filho de Manço, a Nabia de bom grado o voto cumpriu."
Esta ara encontrava-se numa parede de um prédio do lugar de Roqueiro, freguesia de Pedrogão Pequeno»
Fig. 87ª (Ara do Museu Ethnologico)
|
«I. N-0 Arch. Port., VI, 105 e 134, falla-se de uma inscripção, consagrada á deusa Nabia, apparecida em Pedrógão Pequeno, concelho da S ertã. Ella tinha já sido publicada no Corp. Inscr. Lat., II, 5623, e tornou-o a ser por mim nas Religiões da Lusitânia, II, 277(*). Imaginava eu perdida a lapide respectiva, mas felizmente não o está. Tendo ido a Pedrógão o Sr. José de Almeida Carvalhaes, Preparador do Museu Ethnologico, o Sr. Dr. F. Alves Pereira, Official do mesmo, incumbiu-o de ahi a procurar, o que elle fez com tanto desvelo, que não só lhe descobriu o paradoiro, mas a adquiriu para o Museu Ethnologico, onde hoje occupa lugar entre outras lapides consagradas a divindades lusitanicas. Como ainda não havia desenho da pedra, aqui a represento na fig. 87ª, da qual se vê que as lições publicadas até agora estão correctas.
A inscripção lê-so em uma arazinha do granito de 0,70X0,28X0\20; a altura das letras oscilla entre 0,06 e 0,07. As duas primeiras abreviaturas da linha 4.ª acham-se separadas por pontos. A parte superior do monumento, ou cornija, está um tanto quebrada; foi restaurada no Museu com gesso, e pintada da côr do granito.»
(*) «No logar do Roqueiro, freguesia de Pedrógão-Pequeno, concelho da Certã, appareceu uma deste teor: Cicero Mamci Nabiae l(ibens) v(oyum) s(olivit). Segundo vejo no Mappa Geologico, ao pé do Roqueiro passa um rio, cujo nome porém ahi não indica.»
VASCONCELOS, José Leite de, Religiões da Lvsitânia, Vol. III, Lisboa: Imprensa Nacional, 1913, pág. 202-203 - Também Aqui
FICHA DE INVENTÁRIO: http://www.matriznet.dgpc.pt/
(*) «No logar do Roqueiro, freguesia de Pedrógão-Pequeno, concelho da Certã, appareceu uma deste teor: Cicero Mamci Nabiae l(ibens) v(oyum) s(olivit). Segundo vejo no Mappa Geologico, ao pé do Roqueiro passa um rio, cujo nome porém ahi não indica.»
VASCONCELOS, José Leite de, Religiões da Lvsitânia, Vol. III, Lisboa: Imprensa Nacional, 1913, pág. 202-203 - Também Aqui
FICHA DE INVENTÁRIO: http://www.matriznet.dgpc.pt/
quarta-feira, 28 de junho de 2017
terça-feira, 30 de maio de 2017
quarta-feira, 10 de maio de 2017
Chafariz da Fonte Santa
Eduardo Portugal, Chafariz da Fonte Santa, 1939 fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico |
O Chafariz da Fonte Santa, com data de construção e arquitecto desconhecidos, localiza-se na rua Possidónio da Silva, entre os bairros da Estrela e de Alcântara, sendo o único chafariz, em Lisboa, com a designação de Fonte Santa. O seu
nome deve-se à fama das virtudes medicinais da sua água. Segundo reza a
crença popular apareceu há cinco séculos, no cimo da encosta do Vale de
Alcântara para os Prazeres, perto de uma mina de água, a imagem de uma
Santa. Foi baptizada pelos
populares Fonte Santa, porque os devotos da Santa, esperando a cura milagrosa, ali iam para lavar as
feridas, os olhos, e beber água. No final do séc. XVI, o chafariz da Fonte Santa com as duas bicas e dois tanques,
integrava a Quinta dos Prazeres, que foi enfermaria de pestíferos depois
da epidemia de 1598.
A água da mina
era sulfatada cálcica, mas, a partir do século XIX, a sua proximidade do cemitério e o seu teor
nitratado vedou-a ao consumo público, passando o chafariz a ser
alimentado por outra conduta. No local da ermida foi construída a
taberna do João da Ermida. O chafariz tornou-se, então, num espaço de encontro dos
operários e dos marujos, que aí descansavam depois de se saciarem na
dita taberna.
Actualmente, possui apenas um tanque de recepção de águas com a
respectiva bica, que surge encimada por um baixo relevo em calcário com
as armas da cidade. Da fachada simples, destaca-se o remate invulgar "em
quilha", à semelhança de um frontão de igreja setecentista em forma de arco abatido,
coroado por uma cruz, cuja peanha evidencia o ano de 1735, data
provável da reconstrução que lhe deu o aspecto actual. Do lado direito da fonte existem umas escadas de acesso.
Eduardo Portugal, Chafariz da Fonte Santa, caravela 1951 fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico |
Eduardo Portugal, Chafariz da Fonte Santa, 1939 fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico |
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fonte santa
terça-feira, 9 de maio de 2017
O “Vapor”, casas aéreas de madeira
“Entre a Ponte Nova e a do Torreão, sobre a Ribeira de Santa Luzia ficava o “vapor”, essa habitação única que era um bairro em miniatura, uma república de lavadeiras presidida por uma velha vesga que sabia a vida de toda a gente, tanta roupa tinha já lavado.
Não que ela tivesse encargos sobre aquela irmandade, mas como uma abelha-mestra, tinham-lhe um certo respeito as outras vespas que na sua presença se abstinham um pouco de pregar brutal ferroada no crédito alheio. Mas, estava-lhes na massa do sangue a divisa da classe: ensaboar a roupa suja.
Quem mandou fazer aquela edificação esguia de tabuado, escorado de margem a margem da ribeira, nunca se nos deu de o saber, mas talvez começasse por servir de ponte, antes de ser armada a colmeia com o seu corredor muito estreito ao centro, tendo dos lados as pequenas células independentes com vista para montante e para a foz.
A cor vermelha com que foi pintado dava-lhe um aspecto de casco de navio e, ou fosse por esta razão ou pelo seu formato esguio, o certo é que todos conheciam a habitação tão singular pelo nome de “vapor”.
Que enormidade de coisas se arrumavam ali a dentro: uma cama velha, um baú ou caixa de pinho, uma cadeira sem costas ou de uma perna a menos, um Santo Antoninho de barro, ervas bentas pelas paredes, estampas encardidas, guitas cruzadas para dependurar roupa, um fogareiro de pedra, um tacho de folha, um cesto barreleiro, uma vassoura de palma, uma celha com água de anil, e mais.
A lavadeira é uma mulher fecunda. Tinham ali uma média de cinco filhos. Os mais pequenos em fralda, muito sujos, sempre a choramingar, os maiorinhos, já de calças, mas rotas, com um cordel traçado a servir de suspensórios, não desmereciam no fraseado das suas progenitoras.
Por baixo do “vapor” havia no verão uma represa feita na ribeira com os calhaus do leito cimentados a barro, leivas e ervas raizentes dos charcos, onde se empoçava a água, que solta da comporta todas as semanas, varria para juzante as imundices acumuladas no leito.
Era este açude o gáudio do rapazio. Naquela água turva do sabão, escoada das lavagens, cheia de bolhas, grossas que rebentavam só de encontro às margens, medravam eirós verde-negros, sacudindo o rabo como serpentes de água.
Faziam pesca deles, os rapazes, com um alfinete torto em forma de anzol, levando como isca uma minhoca que se debatia no suplício, atravessada de meio a meio.
Às vezes havia regatas de celhas, sentados os garotos ao fundo delas com os pés cruzados, servindo-se das mãos bem espalmadas para remar. Se acaso abalroavam as embarcações, metendo água dentro, não havia perigo, porque eram como peixes a nadar, saindo depois dali molhados, quais pintos ao sair da casca, e o menos que os esperava era uma sova de sapato, enquanto a roupa despida enxugava ao sol.
Foi demolido o “Vapor” que ameaçava ruína, desconjuntado e tremente ao marulho das enxurradas de Inverno.
Lavada em lágrimas vem a ribeira, mais lavado de ares ficou talvez o recanto, sem as lavadeiras.
Foi-se o “vapor” como um vapor de água que se perde, e como não figura nas estatísticas do porto, recordação, a vapor assim narrada.
SARMENTO, Alberto Artur – O Vapor. Das Artes e da História da Madeira, Vol. 4, Nº 23, 1956. P.9-10
Imagem retirada de CALDEIRA, Abel Marques - O Funchal no primeiro quartel do século XX. 2ª ed. Funchal:Eco do Funchal,1995.
O artigo original encontra-se AQUI
Foi partilhado no facebook de Francisco Queiroz
segunda-feira, 8 de maio de 2017
[Álvaro] Laborinho, 'Um dóri no mar', Nazaré, XX d.C. |
«Retrata, no meio do alto mar, um dóri equipado com vários aprestos, entre eles, linhas e foquim. A meio do dóri, sentado no banco da embarcação, o pescador Armando Bizarro Valverde, com boné e roupa de oleado, segura em dois remos, na posição própria de remar, mas olhando para o observador. No verso da reprodução fotográfica, um carimbo, pouco legível, " Fotografia Laborinho/Nazaré/S. Martinho do Porto".»
O pescador representado na fotografia é Armando Bizarro Valverde, que viveu na Rua dos Pescadores, 22, na Nazaré. Ofereceu ao Museu, além desta fotografia, um par de botas para a pesca do bacalhau, que ele próprio utilizou (inv. 658 Etn.), duas pedras de amolar (inv. 662 e 663 Etn.), uma faca de escalar (inv. 659 Etn.), uma espicha (inv. 660 Etn.), uma bóia (inv. 661 Etn.), uma "Medalha comemorativa do esforço dos tripulantes dos navios mercantes durante a guerra de 1939-1945. Reconhecimento da Nação", de 1958 (inv. 35 Med.) e ainda outra fotografia (cf. recibos n.ºs 195 e 196).
DAQUI
Varela Pécurto
Varela Pécurto, 'Reflexos na Esteira', Figueira da Foz |
Valério Pécurto: http://
Partilhado por Luis Manuel Gaspar no facebook: AQUI
sábado, 6 de maio de 2017
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