quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Bucho Raiano – O Melhor Prato do Mundo*








   
Manuel Leal Freire, distinto escritor natural da Bismula, concelho do Sabugal, tem-se empenhado na defesa da gastronomia tradicional portuguesa, sendo membro de várias confrarias gastronómicas.
A sua primeira confraria é a do Queijo Serra da Estrela, da qual foi fundador e é Grão-Mestre, mas é também presidente do conselho fiscal da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, sendo além disso sócio de honra da Confraria do Bucho Raiano do Sabugal.
Dando nota do valor do bucho raiano, que considera «o melhor prato do mundo», Manuel Leal Freire publicou no nº.19 da revista «Gastronomias» (edição de Junho de 2011), dois sonetos dedicados ao bucho e à sua confraria, que aqui transcrevemos com a devida vénia.

Sabores da mais rara qualidade
A que o tempo deu superno cunho
Atingiram no bucho a sumidade
De que a Confraria é testemunho


Qualquer um de nós pelo seu punho
O atesta escrivão da puridade
Perfeita assinatura e não rascunho
Que para sempre obrigar-nos há-de.

Que outros cantem hinos, carmes, loas
Gastem, horas de sexta, véspera e noas
Rendidos aos seus sabores, é natural.

Mas nós de nossas coisas sempre ufanos
Elegemos como Ambrósia dos raianos
O bucho que se serve em Sabugal.

De onde advirá todo este gosto
Que corpo e alma tanto nos deleita
Tão entranhado em nós que é pressuposto
De uma interacção quase perfeita.

Antiga, muito antiga é a receita,
Perene, em seus segredos, o composto
O fumo, a carne, o dedo que a confeita
O alho e colorau, em contragosto.

Os Deuses no Olimpo luminoso
Criaram um sabor suprafamoso
Que Homero eternizou, de nome Ambrósia

Porém, se o nosso bucho aos sete céus
Chegara um dia, então diria Zeus
Que tudo ali ao bucho é simples sósia
 
Manuel Leal Freire - AQUI



*[para mim é um pouco como a história das toradas]

O valor dos nossos vinhos

Se fossemos um povo de bons comerciantes, Portugal poderia viver só com o produto das exportações de vinhos e derivados ou, mais abrangentemente, ainda de tudo o que a videira pode gerar de Melgaço ao Pico, afora as zonas de grande altitude, área aliás insignificante no contexto geral, não há nesga de terra que não tenha aptidão para a cultura da vinha.



Por força da multiplicidade das minhas andanças já bebi não um copo, mas meia dúzia deles em quintas e vilares de mais de meio reino.

Um pouco exageradamente ou talvez não, costumo afirmar que não há município onde não resida pelo menos um meu antigo aluno e onde eu não tenha apanhado pelo menos uma bebedeira… Penso que sem prejuízo para a saúde física e a acuidade mental de que, passada de há muito, a casa dos oitenta, graças a Deus ainda gozo.
Manuel Leal Freire - Capeia Arraiana 
Possivelmente, porque só me tenho emborrachado em dias de festa, abstendo-me no quotidiano, de acordo com a regra usada no posto de carabineiros de Alamedilha del Chozo, ou de Lazaba, que, nos meus tempos de sirga muito frequentei e que manda assim comer y beber, hasta rebentar…después, ayunar…

Invocando o adágio, lembro também as loas que o cabo Canário e o alferes Rosales, ambos veteranos da guerra civil espanhola e por essência bons adoradores de baco, teciam ao vinho, à geropiga e à bagaceira com que meu pai os mimoseava. Ao contrário de mim, um fenómeno de inabilidade manual e de impaciência para esperas, meu pai, era capaz de ficar dois dias seguidos doseando a temperatura de uma alquitarra … E daí a qualidade do produto, tanto mais realçada por los civiles, quanto é certo que na raia espanhola era proibido fazer aguardente, sendo a balsa usada como estrume. Mas eles tinham fartura de domeqes, a que, no entanto, preferiam a nossa bagaceira. Geropiga, consideravam-na bebida para damas e donzelas. E quanto a vinho meu pai tratava amorosamente de uma courela abacelada, a que chamávamos Vinha da Porta.

E num tempo em que a totalidade dos íncolas juntavam castas e só esporadicamente apartava o branco do tinto, já seleccionava castas. O espadal, feito á base de ferral, tâmara e um palhete mistura de malvasia e moscatel torrado, arrancavam olés na guarnição, o que mais nos admirará lembrando que o alferes era da terra do Vega Cecilia e de família abastada e o Canário devia o nome á toponímia.

Agora, passarei a falar da minha experiência diaspórica, que começou por Castelo Branco. Aí tive a sorte de gozar da amizade de dois fidalgos – o Visconde de Tinalhas e o Marquês da Graciosa – o primeiro licenciado em Direito e de nome José Meireles Coutinho Barriga e o segundo engenheiro agrónomo e cujo nome de baptismo abrevio para Fernando Afonso de Melo Geraldes Sampaio Pereira de Figueiredo. O Visconde, ao tempo, já andava na casa dos setenta e o seu prazer era beber com um amigo uma das centenas de garrafas que seu pai enchera por ocasião do seu nascimento. O Marquês, esse revia-se num palheto da sua propriedade situada nos cabeços de Monsanto, a aldeia mais portuguesa… Mas nem Tinalhas, nem as Idanhas faziam ou fazem parte de roteiros vínicos.

Evoco ainda dois outros fidalgos da região, proverbiais pela aversão ao uísque. Um combatera ao lado de Mousinho, outro era germanófilo, ambos davam jantares de vinte pratos A quem pedisse aquele símbolo do império britânico arriscava expulsão. Álcoois só dos seus vinhedos, sendo certo que ambos já achampanhavam tintos e brancos das encostas da Gardunha, Alvelos e Moradal.

Mais tarde, passei a frequentar casas minhotas, e em todas elas achei verdes esplêndidos, mesmo os de puro enforcado. Entre os braços do ulmeiro, está a jucunda vide…
Há em frente ao meu quarto, um roble, uma floresta…, com uma vide enlaçado.

O roble enche um celeiro – a vide enche um lagar.
Mas também a vide faz braseal. E uma rez de leite – borrego ou cabrito – tem outro sabor assado sobre um feixe delas. Experimentem.

Experimentem também fazer doces com arrobe, que é o mosto tornado melaço pela fervura. E bebam homens e senhoras, lembrando o pranto da Maria Parda ou a quadra:

Mais vinho que é sangue virgem
Mais vinho que pago eu
Se o vinho leva ao inferno
Primeiro nos mostra o Céu.


Manuel Leal Freire
Capeia Raiana AQUI

Romarias e Romeiros...









ADRIANA FREIRE, Romarias e Romeiros, Olhapim

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pitos de Santa Luzia






Neste dia de Santa Luzia, em Vila Real, manda a tradição que as raparigas da cidade ofereçam o pito aos rapazes seus eleitos, para que no dia 3 de Fevereiro, dedicado, na liturgia, a São Brás, os rapazes, retribuam a oferta com a gancha.
Para que não haja confusões, convém referir, que o pito é um bolo com recheio de doce de calondro e a gancha um rebuçado em forma de báculo bispal.

A tradição, a lenda e a receita encontram-se, por exemplo, AQUI

Feira de Santa Luzia ou Feira dos Sardões e das Passarinhas - Guimarães

bandeja usada nos rituais a Santa Luzia

«sardões» e «passarinhas»
Conhecida outrora pelo grande comércio de frutos, sobretudo pela castanha (hoje a aparecer pouco), pode dizer-se que a fama da feira assentou, desde sempre, no típicos «sardões» e «passarinhas» - doces tradicionais desta romaria, feitos de massa doce e escura, revestidos com uma camada branca de açucar, enfeitados com papel de cor.
Os sardões são oferecidos pelos rapazes às raparigas e as passarinhas são oferecidas pelas raparigas aos rapazes.

Outra tradição da festa, conservada até aos nossos dias, prende-se com os chamados «segredos», igualmente à venda nas bancas dos doces, a manter idêntica procura. Trata-se de pequenas caixas de cartão (pouco maiores que uma caixa de fósforos), vistosamente forradas, contendo no interior, sobre algodão, três miniaturas: um sardão, uma passarinha e um coração trespassado por um papelinho, onde pode ler-se uma dedicatória, quase sempre de teor moroso.
Os «segredos» (não comestíveis) continuam a ser oferecidos pelos rapazes às raparigas, conforme manda a praxe

sardões e passarinhas


banca dos doces


Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Novembro e Dezembro. Lisboa: Círculo de Leitores. 

Santa Luzia - dia 13 e Dezembro

Pendão de Santa Luzia. Ruilhe, Braga
  
(Cantares populares a Santa Luzia - Fundão)

Senhora Santa Luzia,
Tendes o pinheiro à porta;
Dá-me uma polinha dele
Para pôr na minha horta.



Senhora Santa Luzia,
Acudi a quem vos chama, 
Acudi ao meu amor, 
Que está doente na cama.

Senhora Santa Luzia, 
Cá vos fica o meu cordão,
Fica muito bem entregue,
Senhora, na vossa mão.


Oferta de «olhos vivos» (animais vivos) como cumprimento de promessa. Freamunde, Paços de Ferreira.



Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Novembro e Dezembro. Lisboa: Círculo de Leitores. 


Por Santa Luzia cresce a noite minga o dia.


Pedrinhas desta calçada
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Eu de dia bem o sei 


O Sol se esconde, brilha o luar,
A noite é bela só p'ra te amar.


O Sol se esconde, brilha o luar,
Olha a barquinha que anda no mar.
[Olha a barquinha que anda no mar.]

...


[adaptado: - foi assim que a aprendi. Cantavam-se à volta  da fogueira, à beira-rio, enquanto se bebia vinho e se comia a bola acabada de sair do forno da padaria.]

domingo, 11 de dezembro de 2011




[Revista , Expresso, 8 de Dezembro de 1995]

que as mãos puxam...


Epitáfios





Ballada do Caixão


O meu vizinho é carpinteiro,
Algibebe de Dona Morte:
Ponteia e coze, o dia inteiro,
Fatos de pau de toda a sorte:
Mogno, debruados de velludo
Flandres gentil, pinho do Norte...
Ora eu que trago um sobretudo
Que já me vae a aborrecer,
Fui-me lá, hontem: (era Entrudo,
Havia immenso que fazer!...)
- Olá, bom homem! quero um fato,
Tem que me sirva? - Vamos ver...
Olhou, mexeu na caza toda...
- Eis aqui um e bem barato.

- Está na moda? - Está na moda.
(Gostei e nem quiz apreçal-o:
Muito justinho, pouca roda...)
- Quando posso mandar buscal-o?
- Ao por-do-sol. Vou dal-o a ferro:
(Poz-se o bom homem a aplainal-o...)

Ó meus amigos! salvo-erro,
Juro-o pela alma, pelo céu!
Nenhum de vós, ao meu enterro,
Irá mais dandy, olhae! do que eu!

António Nobre,

sábado, 10 de dezembro de 2011



Peixeira que não mente, na bolsa o sente.

pesca





[muito bom, muito bom. obrigada, China ]


Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia


Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Chorámos, rimos, cantámos.

Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.

O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!

Deserto de aguas sem fim.

Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...

Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.

«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .

E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!

António Botto, Canções

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

mãos que rezaram





Nossa Senhora da Conceição - Padroeira de Portugal







Deve-se ao rei D. João IV o facto de Nossa Senhora da Conceição ter sido proclamada padroeira de Portugal, por proposta sua, durante as Cortes reunidas em Lisboa a 28 de Dezembro de 1645 até 16 de Março de 1646.
Acto da proclamação - 25 de Março de 1646

Lenita


Eugénio de Andrade - Poema à Mãe

Jornal de Notícias, Terça-feira, 14 de Junho de 2005


No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
          Era uma vez uma princesa
          no meio de um laranjal...


Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Lisboa - "história do chão na nossa rua"

Bairro Grandella




fotografias - AQUI

Localização
Junto à Estrada de Benfica, abrangendo as Ruas de Sta. Matilde, do Dr. Gregório, R. Fernandes e a Av. dos Empregados dos Armazéns do Grandella.
Freguesia / Concelho / Distrito
S. Domingos de Benfica / Lisboa / Lisboa
Função
Habitação operária
Época
Século XX, construído entre 1905-1907
Caracterização
O bairro operário foi construído por Francisco de Almeida Grandella, tendo como objectivo a criação de habitação para os operários da sua fábrica de malhas e tecidos (c. de 1889), localizada em S. Domingos de Benfica.

A edificação deste apoio social integra-se na filosofia filantrópica defendida e praticada por Grandella. O bairro construiu-se em terrenos anexos à fábrica, desenvolvendo a fachada principal para a Estrada de Benfica. Assim, o modelo apresentado por estas habitações integra-se na tipologia das vilas ou bairros operários, destacando-se a organização em ruas internas, delimitação por gradeamento do espaço habitacional, implantação em banda com módulos habitacionais repetidos, formando uma uniformidade e um ritmo próprio.
O conjunto é composto por setenta habitações, pagas de acordo como o salário auferido na unidade industrial. No entanto, o bairro impõe-se à via pública através de duas construções neo-clássicas onde foram instaladas a escola e creche para os filhos dos operários, desenvolvendo-se para o interior o espaço habitacional. Na sequência do bairro para os operários construíram-se também duas bandas para os empregados dos armazéns Grandella, subsistindo actualmente uma, revelando um maior cuidado estético.

AQUI

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 VILAS DE ESCALA URBANA


No  tipo  mais  corrente  de  vila,  esta  organiza-se  em  função  de  um  espaço comum,  de  carácter  privado,  fora  das  vistas  da  rua,  raramente  atingindo  um elevado volume de construção. Mas com o desenvolvimento desta modalidade de alojamento  foi-se diversificando  a respectiva tipologia — cada vez mais  afastada do primitivo  pátio —,  ao mesmo  tempo que  o  sucesso  de anteriores  realizações ia  estimulando  investimentos  mais  volumosos.
É no quadro desta evolução que surgem vilas que, pelo volume da  edificação ou  pela  complexidade  da  sua  estrutura,  atingem  uma  escala  que  as  impõe  ao nível do espaço da cidade, constituindo neste último caso um sistema viário que, sem  perder  o  carácter  segregador,  ganha  uma  dimensão  urbana.  É  assim  que surgem  verdadeiras  unidades  de habitação  horizontal,  como  o  Bairro  Estrela  de Ouro,  ou  conjuntos  massivos  de blocos  em  altura,  como  o  Bairro  Clemente Vicente.
 
A dimensão destas realizações e o seu cuidadoso planeamento, em articulação com  o carácter  de autonomia  que  sempre  guardam,  conduzem  frequentemente  à inclusão  de elementos  de  equipamento  colectivo  nestes  conjuntos.  Trata-se  geralmente de estabelecimentos  comerciais  de primeira necessidade, mas aparecem também  escolas, espaços  de  convívio  e,  na  Vila  Cândida,  até  uma  esquadra  da PSP.

As  entidades  construtoras  eram,  em  muitos  casos,  empresas  industriais  e, noutros,  simples  promotores  imobiliários  que  permaneceram  como  senhorios.Mas a individualização  desses promotores, em qualquer dos casos, é um elemento característico deste  tipo de alojamento.  Essa individualização  traduz-se  geralmente  na própria designação  da  vila, por  vezes representada  alegoricamente  em placas ou painéis  de azulejo. Esta espécie  de culto está, provavelmente,  ligada à faceta  filantrópica  que  por  vezes  caracterizava  estes  empreendimentos:  os  promotores  eram  capitalistas que  investiam  em  prol  do  bem-estar  dos  seus  empregados.  E,  em  alguns  casos,  este sentido  paternalista  e  tão  forte  que  levava  os proprietários  a construírem  no mesmo terreno, embora com  a necessária  separação,  a  sua  própria  residência.

Têm estas características o Bairro Grandella, o Bairro Estrela de Ouro, a Vila Cândida e O Bairro Clemente Vicente, como exemplares mais interessantes  desta tipologia.

O  Bairro Grandella,  em Benfica,  foi  edificado junto  de uma fábrica  têxtil  da empresa e denota uma concepção estrutural de arruamentos paralelos com vários tipos  de habitação, destinados  a diferentes  escalões  do pessoal. Com  frente  para a estrada de Benfica,  o bairro é rematado por dois pavilhões, lembrando  templos gregos, com colunas e frontões  de coroamento, destinados a uso comum. A grade circundante  foi  retirada há alguns  anos. Francisco  de Almeida  Grandella  era um empresário  progressista,  que  construiu  outras obras  de  finalidades  sociais.

O Bairro Estrela de Ouro, na Graça, foi construído em  1908 pelo industrial de confeitaria Agapito Serra Fernandes e integra vários arruamentos a que deu o nome de pessoas da sua família. Formado por pequenas unidades habitacionais em forma de  U,  a  estrela  de  cinco  pontas  aparece  como  elemento  decorativo  sistemático.

A Vila Cândida, à Avenida General Roçadas, constitui como que uma aldeia, com  traçado  geométrico  e  um  amplo  largo  de  entrada,  onde  se  situavam  os edifícios  sociais. Construída  pelo banqueiro  Cândido  Sotto Mayor,  é o  exemplo típico  de  uma  atitude  filantrópica  e  paternalista.  Após  o  25  de  Abril,  as  casas vieram  a  ficar  na  posse  dos  moradores,  pelo  que  tem  vindo  a  destruir-se  a unidade  de  todo  o  conjunto.

O  Bairro  Clemente  Vicente, no Dafundo,  é constituído  por  três  blocos  compactos  de cinco pisos, totalizando  240 fogos.  Foi  construído por  um  empresário empreendedor  nos  anos  20  e  procurou  dar,  provavelmente,  uma  imagem  do falanstério.  Os acessos fazem-se  por uma complicada estrutura metálica de escadas  e  varandas.


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Historial

Este bairro operário tem uma frente superior a 80m, virada para a Estrada de Benfica, com duas fachadas em forma de pórticos neoclássicos, que rematam dois quarteirões com cerca de 90m de profundidade. As ruas exteriores destinavam-se às famílias dos empregados dos escalões mais baixos, enquanto que o acesso aos fogos dos empregados dos escalões mais elevados era feito a partir da rua central.

Esta configuração urbana assenta em memórias materiais e espirituais integradas no ideário de socialismo utópico, pela preocupação evidente com o bem-estar dos empregados. Incorpora também expressões de cariz maçónico, como bem expressam as fachadas, quer por símbolos, quer nomeadamente pelo lema -- Sempre por Bom Caminho e Segue" --. Também por isso, o conjunto, apesar de ter sofrido, ao longo do tempo, alguma descaracterização em relação ao projecto inicial, foi classificado, em 1984, como Imóvel de Interesse Público.

AQUI

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Ainda neste bairro:

domingo, 4 de dezembro de 2011

memorial

Fevereiro, 2011

Outubro, 2011

Santa Bárbara




padroeira dos mineiros

Igreja de Santa Barbara, em Manadas (São Jorge)



Santa Bárbara, é uma imagem encontrada no mar próximo a 4 de Dezembro de 1485, pelo marítimo do lugar Joaquim António da Silveira, a qual se encontrava dentro de uma caixa com uma cruz de pedra.

O povo juntou-se ao marítimo e, foram arrematadas 10 cabeças de gado cujo produto reverteu para a construção da primitiva igreja, a qual ficou concluída nesse mesmo ano com pora virada ao Poente e a sacristia para Nascente e uma janela em sina. À volta da da Igreja, havia o cemitério e também uma carneira do lado norte.

Posteriormente, reunidos na pequena igreja de Santa Bárbara das Manadas e da pequena parcela da Urzela (Urzelina) foi deliberado que se construísse uma igreja de maiores dimensões, cuja pedra fundamental foi o amor a Deus.

E assim foi levantado o mais belo monumento da Ilha de S.Jorge, iniciado a 25 de Julho de 1510, estando concluída toda a sua obra e estrutura, no ano de 1770.

De uma só torre de forma quadrangular em cúpula, com três sinos de belo som. A fachada desta igreja voltada a Oeste, está ornamentada com uma simples mas bela decoração, de pedra basáltica, à volta da porta principal e da janela do coro, sobre a qual, se encontra um nicho com a imagem da padroeira, Santa Bárbara.

No seu interior existe uma pia baptismal do séc XVI, trabalhada em pedra de basalto.

Poço da Pedreira - Santa Bárbara - Santa Maria - Açores


as mãos da escrita...

AQUI há mãos que:

Mãos que preparam
Mãos que fazem
Mãos que afeiçoam
Mãos que refazem
Mãos que moldam

papéis que andam:

Em mão alheia...
Entre mãos...
De mão em mão..

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011