quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Nossa Senhora da Conceição - Padroeira de Portugal







Deve-se ao rei D. João IV o facto de Nossa Senhora da Conceição ter sido proclamada padroeira de Portugal, por proposta sua, durante as Cortes reunidas em Lisboa a 28 de Dezembro de 1645 até 16 de Março de 1646.
Acto da proclamação - 25 de Março de 1646

Lenita


Eugénio de Andrade - Poema à Mãe

Jornal de Notícias, Terça-feira, 14 de Junho de 2005


No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
          Era uma vez uma princesa
          no meio de um laranjal...


Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Lisboa - "história do chão na nossa rua"

Bairro Grandella




fotografias - AQUI

Localização
Junto à Estrada de Benfica, abrangendo as Ruas de Sta. Matilde, do Dr. Gregório, R. Fernandes e a Av. dos Empregados dos Armazéns do Grandella.
Freguesia / Concelho / Distrito
S. Domingos de Benfica / Lisboa / Lisboa
Função
Habitação operária
Época
Século XX, construído entre 1905-1907
Caracterização
O bairro operário foi construído por Francisco de Almeida Grandella, tendo como objectivo a criação de habitação para os operários da sua fábrica de malhas e tecidos (c. de 1889), localizada em S. Domingos de Benfica.

A edificação deste apoio social integra-se na filosofia filantrópica defendida e praticada por Grandella. O bairro construiu-se em terrenos anexos à fábrica, desenvolvendo a fachada principal para a Estrada de Benfica. Assim, o modelo apresentado por estas habitações integra-se na tipologia das vilas ou bairros operários, destacando-se a organização em ruas internas, delimitação por gradeamento do espaço habitacional, implantação em banda com módulos habitacionais repetidos, formando uma uniformidade e um ritmo próprio.
O conjunto é composto por setenta habitações, pagas de acordo como o salário auferido na unidade industrial. No entanto, o bairro impõe-se à via pública através de duas construções neo-clássicas onde foram instaladas a escola e creche para os filhos dos operários, desenvolvendo-se para o interior o espaço habitacional. Na sequência do bairro para os operários construíram-se também duas bandas para os empregados dos armazéns Grandella, subsistindo actualmente uma, revelando um maior cuidado estético.

AQUI

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 VILAS DE ESCALA URBANA


No  tipo  mais  corrente  de  vila,  esta  organiza-se  em  função  de  um  espaço comum,  de  carácter  privado,  fora  das  vistas  da  rua,  raramente  atingindo  um elevado volume de construção. Mas com o desenvolvimento desta modalidade de alojamento  foi-se diversificando  a respectiva tipologia — cada vez mais  afastada do primitivo  pátio —,  ao mesmo  tempo que  o  sucesso  de anteriores  realizações ia  estimulando  investimentos  mais  volumosos.
É no quadro desta evolução que surgem vilas que, pelo volume da  edificação ou  pela  complexidade  da  sua  estrutura,  atingem  uma  escala  que  as  impõe  ao nível do espaço da cidade, constituindo neste último caso um sistema viário que, sem  perder  o  carácter  segregador,  ganha  uma  dimensão  urbana.  É  assim  que surgem  verdadeiras  unidades  de habitação  horizontal,  como  o  Bairro  Estrela  de Ouro,  ou  conjuntos  massivos  de blocos  em  altura,  como  o  Bairro  Clemente Vicente.
 
A dimensão destas realizações e o seu cuidadoso planeamento, em articulação com  o carácter  de autonomia  que  sempre  guardam,  conduzem  frequentemente  à inclusão  de elementos  de  equipamento  colectivo  nestes  conjuntos.  Trata-se  geralmente de estabelecimentos  comerciais  de primeira necessidade, mas aparecem também  escolas, espaços  de  convívio  e,  na  Vila  Cândida,  até  uma  esquadra  da PSP.

As  entidades  construtoras  eram,  em  muitos  casos,  empresas  industriais  e, noutros,  simples  promotores  imobiliários  que  permaneceram  como  senhorios.Mas a individualização  desses promotores, em qualquer dos casos, é um elemento característico deste  tipo de alojamento.  Essa individualização  traduz-se  geralmente  na própria designação  da  vila, por  vezes representada  alegoricamente  em placas ou painéis  de azulejo. Esta espécie  de culto está, provavelmente,  ligada à faceta  filantrópica  que  por  vezes  caracterizava  estes  empreendimentos:  os  promotores  eram  capitalistas que  investiam  em  prol  do  bem-estar  dos  seus  empregados.  E,  em  alguns  casos,  este sentido  paternalista  e  tão  forte  que  levava  os proprietários  a construírem  no mesmo terreno, embora com  a necessária  separação,  a  sua  própria  residência.

Têm estas características o Bairro Grandella, o Bairro Estrela de Ouro, a Vila Cândida e O Bairro Clemente Vicente, como exemplares mais interessantes  desta tipologia.

O  Bairro Grandella,  em Benfica,  foi  edificado junto  de uma fábrica  têxtil  da empresa e denota uma concepção estrutural de arruamentos paralelos com vários tipos  de habitação, destinados  a diferentes  escalões  do pessoal. Com  frente  para a estrada de Benfica,  o bairro é rematado por dois pavilhões, lembrando  templos gregos, com colunas e frontões  de coroamento, destinados a uso comum. A grade circundante  foi  retirada há alguns  anos. Francisco  de Almeida  Grandella  era um empresário  progressista,  que  construiu  outras obras  de  finalidades  sociais.

O Bairro Estrela de Ouro, na Graça, foi construído em  1908 pelo industrial de confeitaria Agapito Serra Fernandes e integra vários arruamentos a que deu o nome de pessoas da sua família. Formado por pequenas unidades habitacionais em forma de  U,  a  estrela  de  cinco  pontas  aparece  como  elemento  decorativo  sistemático.

A Vila Cândida, à Avenida General Roçadas, constitui como que uma aldeia, com  traçado  geométrico  e  um  amplo  largo  de  entrada,  onde  se  situavam  os edifícios  sociais. Construída  pelo banqueiro  Cândido  Sotto Mayor,  é o  exemplo típico  de  uma  atitude  filantrópica  e  paternalista.  Após  o  25  de  Abril,  as  casas vieram  a  ficar  na  posse  dos  moradores,  pelo  que  tem  vindo  a  destruir-se  a unidade  de  todo  o  conjunto.

O  Bairro  Clemente  Vicente, no Dafundo,  é constituído  por  três  blocos  compactos  de cinco pisos, totalizando  240 fogos.  Foi  construído por  um  empresário empreendedor  nos  anos  20  e  procurou  dar,  provavelmente,  uma  imagem  do falanstério.  Os acessos fazem-se  por uma complicada estrutura metálica de escadas  e  varandas.


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Historial

Este bairro operário tem uma frente superior a 80m, virada para a Estrada de Benfica, com duas fachadas em forma de pórticos neoclássicos, que rematam dois quarteirões com cerca de 90m de profundidade. As ruas exteriores destinavam-se às famílias dos empregados dos escalões mais baixos, enquanto que o acesso aos fogos dos empregados dos escalões mais elevados era feito a partir da rua central.

Esta configuração urbana assenta em memórias materiais e espirituais integradas no ideário de socialismo utópico, pela preocupação evidente com o bem-estar dos empregados. Incorpora também expressões de cariz maçónico, como bem expressam as fachadas, quer por símbolos, quer nomeadamente pelo lema -- Sempre por Bom Caminho e Segue" --. Também por isso, o conjunto, apesar de ter sofrido, ao longo do tempo, alguma descaracterização em relação ao projecto inicial, foi classificado, em 1984, como Imóvel de Interesse Público.

AQUI

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Ainda neste bairro:

domingo, 4 de dezembro de 2011

memorial

Fevereiro, 2011

Outubro, 2011

Santa Bárbara




padroeira dos mineiros

Igreja de Santa Barbara, em Manadas (São Jorge)



Santa Bárbara, é uma imagem encontrada no mar próximo a 4 de Dezembro de 1485, pelo marítimo do lugar Joaquim António da Silveira, a qual se encontrava dentro de uma caixa com uma cruz de pedra.

O povo juntou-se ao marítimo e, foram arrematadas 10 cabeças de gado cujo produto reverteu para a construção da primitiva igreja, a qual ficou concluída nesse mesmo ano com pora virada ao Poente e a sacristia para Nascente e uma janela em sina. À volta da da Igreja, havia o cemitério e também uma carneira do lado norte.

Posteriormente, reunidos na pequena igreja de Santa Bárbara das Manadas e da pequena parcela da Urzela (Urzelina) foi deliberado que se construísse uma igreja de maiores dimensões, cuja pedra fundamental foi o amor a Deus.

E assim foi levantado o mais belo monumento da Ilha de S.Jorge, iniciado a 25 de Julho de 1510, estando concluída toda a sua obra e estrutura, no ano de 1770.

De uma só torre de forma quadrangular em cúpula, com três sinos de belo som. A fachada desta igreja voltada a Oeste, está ornamentada com uma simples mas bela decoração, de pedra basáltica, à volta da porta principal e da janela do coro, sobre a qual, se encontra um nicho com a imagem da padroeira, Santa Bárbara.

No seu interior existe uma pia baptismal do séc XVI, trabalhada em pedra de basalto.

Poço da Pedreira - Santa Bárbara - Santa Maria - Açores


as mãos da escrita...

AQUI há mãos que:

Mãos que preparam
Mãos que fazem
Mãos que afeiçoam
Mãos que refazem
Mãos que moldam

papéis que andam:

Em mão alheia...
Entre mãos...
De mão em mão..

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

bodo...




3. "Convites", "confrarias" e bodos

(...)
Mas o tipo mais amplo de refeição comunitária é o bodo que, na maior parte dos casos, anda associado à festa do Espírito Santo. A sua essência reside no facto de todos os alimento se destinarem a toda a gente, sem excepção, estando o bodo desvinculado de preocupações caritativas ou sufragantes.

(...)
Sem funções caritativas nem sufragantes, os bodos tornaram-se altamente suspeitos para a mentalidade reformadora. Igreja e Coroa consorciaram-se na luta contra os bodos que foram proibidos pelas Ordenações do Reino, sob pretexto de delapidarem os bens das confrarias, de não aproveitarem às almas dos benfeitores e darem ocasião a irreverências nos lugares sagrados.

Está por explicar o verdadeiro significado dos bodos. A justificação, com base na etimologia, de que bodo provém de um voto não parece muito esclarecedora, tanto mais que outras distribuiçoes alimentares também andam associadas a votos. Se, na realidade, o bodo de Sao Brás de Torres Novas anda ligado a promessas, também as "confrarias" de Sto André de Montemor-o-Novo decorrem de promessas e dádivas de confrades.

Há quem os aproxime da dádiva  cerimonial do Potlatch, mas deles parece estar usente o objectivo da «conquista ou manutenção de prestígio social» indissociável daquela dádiva ritualizada, tal como os antropólogos a definem.

Finalmente ainda, os bodos parecem celebrar, em tempos de fome, o velho mito da idade de ouro ou anunciar a esperança num reino de felicidade.

 Maria Ângela Beirante, "Ritos alimentares em algumas confrarias portuguesas medievais"
In: Actas do Colóquio Internacional - Piedade Popular, 1998


Pavões, ontem, no Museu da Cidade

... nunca pensei que dormissem tão alto

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,

Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,

Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.

Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?

Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?

Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra

Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.

Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.

Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.


Ricardo Reis

sábado, 26 de novembro de 2011

vamos dar de beber à alegria

já que, enquanto não sabe o veredicto, vai andar por aí a sofrer até de madrugada...
aqui fica um fadinho:





[para o FADO, mas passando antes pelo Daniel]

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Lisboa - Alentejo

chamam-lhe: "a casa das andorinhas"

lavrar a Terra



Fotografia de Alfredo Cunha


Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nós e compelindo-nos
Agem outras presenças.

Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,

Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem
E nós não desejamos.

Ricardo Reis

cinema português


PAZ DOS REIS E OS PRIMÓRDIOS DO CINEMA - AQUI

bacalhau







ver AQUI documentário sobre a pesca do bacalhau:

The White Ships - Santa Maria Manuela, 1966

Lisboa - Sintra

terça-feira, 22 de novembro de 2011

faina do sal em Alcochete

pãezinhos de sal

Glossário do sal
Canastras / cestas onde era transportado o sal, com capacidade para cerca de 56litros;
Cintas / camada de lama colocada à volta das ponjas e no combro, com a finalidade de segurar a palha que cobre a serra;
Combro / camada de palha colocada no topo da serra rematando as várias ponjas que protegem o sal. O apuro na elaboração do combro vai tornar a serra mais ou menos duradoura;
Marinha / nome também dado à salina;
Marnoteiro / trabalhador responsável pelo funcionamento de toda a salina;
Moio / cerca de 840 litros de sal, 15 canastras a 56 litros cada;
Moirar / fase em que a água fica a evaporar, ganhando por isso salinidade;
Pãezinhos de sal / elaborados a partir do sal de embate que é colocado dentro de formas de madeira, com desenhos talhados em alto-relevo. São tradicionais em
Alcochete;
Ponja / chama-se a cada camada de palha disposta em altura para cobrir a serra;
Rapar / puxar e juntar o sal em pequenos montes para escorrer e limpar do magnésio antes de ser colocado na serra;
Sal de embate / cristaliza nas águas remexidas pelo vento (móveis), ficando um sal fino e gomoso que, precisamente por estas características, se mostra o melhor para manter a estrutura dos pãezinhos de sal;
Serra de sal / é formada pelo sal, depois de escorrido, que aí fica a secar até ao fim da safra sendo posteriormente protegido por uma cobertura de palha;
Talharia / conjunto dos talhos que formam a salina
Talho / rectângulo de terreno escavado onde o sal cristaliza;
Viveiro / encontra-se na parte mais elevada da marinha de forma a poder encher-se na preia-mar e despejar na baixa-mar, sendo aí controlada a quantidade de água que se mantém na marinha.



infância

fotografia de Jorge Barros

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

bodos...


fotografias de Jorge Barros


em agradecimento a todas as refeições partilhadas, preparadas, oferecidas...

sábado, 19 de novembro de 2011

flores de amendoeira, do Algarve


para a Lenita, que faria hoje anos

José Carlos Ary dos Santos - Plenitude






Encontrei afinal o meu caminho!
Ando louco de azul, ébrio de terra!
Como as aves que vão de ninho em ninho
Sem saber se no mundo há paz ou guerra.

A minha alma mais rubra do que o vinho
- Beijo de fogo que a verdade encerra -
Tem a doçura cândida do linho
E a resistência heróica duma serra.

Adoro o sol em êxtases pagãos,
Abençoando o dom da claridade
Que faz vibrar de luz todo o universo.

Trago o luar escondido em minhas mãos
E esta onda suprema que me invade
É o sangue da minha alma feito verso!


(1.º prémio de soneto nos Jogos Florais da Praia da Rocha, em 1951)

sementes


Na Horta semear agrião, alface, cenoura, couves, com excepção da couve-flor e brócolos. Plantar batata (nas zonas secas), alho, couve temporã, tremoço. Semear fava, ervilha, e em camas quente, alface, beterraba, cebola, nabiça, nabo, rabanete e tomate. Semear cereais de pragana, como a aveia, centeio, cevada e trigo. Colher azeitona e beterraba. Na Adega, verificar as vasilhas do vinho novo. Destilar bagulho para fazer a aguardente. 
Borda D'Água