sábado, 2 de outubro de 2021

FERNANDO ECHEVARRIA


É a noite dos rios. Arrefece
ter a longa pupila sombreada.
E as mãos velhas de ter sido verde
ver-se passar a noite pela água.
É a noite dos rios. Porque desce
o fundo duma torre. E a nossa casa,
de repente uma sombra, é só corrente
e arcos por que passa.
Uma cidade que houve antigamente
na retina que ainda sente as casas
parar à beira de sentir-se verde
e funda, e leve. E logo sombreada
rompe manhã na palidez de ver-se
desembocar ao centro duma praça.

Fernando Echevarria, Sobre as Horas, Lisboa, Livraria Morais Editora, 1963.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentário