É a noite dos rios. Arrefece
ter a longa pupila sombreada.
E as mãos velhas de ter sido verde
ver-se passar a noite pela água.
É a noite dos rios. Porque desce
o fundo duma torre. E a nossa casa,
de repente uma sombra, é só corrente
e arcos por que passa.
Uma cidade que houve antigamente
na retina que ainda sente as casas
parar à beira de sentir-se verde
e funda, e leve. E logo sombreada
rompe manhã na palidez de ver-se
desembocar ao centro duma praça.
Fernando Echevarría, 'Sobre as Horas', Lisboa, Livraria Morais Editora, 1963.
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