sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Francisco Rodrigues Lobo
Águas que, penduradas desta altura,
Caís sobre os penedos descuidadas,
Aonde, em branca escuma levantadas,
Ofendidas mostrais mais fermosura,
Se achais essa dureza tão segura,
Para que porfiais, águas cansadas?
Hei tantos anos já desenganadas,
E esta rocha mais áspera e mais dura.
Voltai atrás por entre os arvoredos,
Aonde caminhais com liberdade
Até chegar ao fim tão desejado.
Mas ai! que são de amor estes segredos.
Que vos não valerá própria vontade
Como a mim não valeu no meu cuidado.
Francisco Rodrigues Lobo, Daqui:
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Alberto de Souza, 'Estação Sul e Sueste, Lisboa', 1910 © Museu Nacional De Arte Contemporânea Do Chiado |
Daqui:
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Alberto de Sou, [Barcos - Ericeira,1921] |
Daqui:
Luis Manuel Gaspar - Luminária,
[...]
Nada poderá trazer um navio de volta
a este porto prometido às trevas
e ao visco.
No jardim que deixámos para trás
(e lembra hoje uma única teia de tamiça e estopa)
cresceram as luzes da visitação
Não seguimos o rio, não iremos juntos.
Só damos de nós o que jamais
poderão ver
[...]
Luis Manuel Gaspar, Luminária, Alambique, 2015 (2ªedição revista)
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