terça-feira, 20 de setembro de 2016

Meendinho - Sedia-m’eu na ermida de Sam Simiom

Achava-me eu na ermida de São Simão
E cercarom-me as ondas, que grandes são:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?

Estando na ermida ante o altar,
Cercarom-me as ondas grandes do mar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?

E cercarom-me as ondas, que grandes são,
Não hei barqueiro nem remador:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?

E cercarom-me as ondas do alto mar,
Não hei barqueiro, nem sei remar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?

Não hei barqueiro nem remador
Morrerei eu formosa no mar maior:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?

Não hei barqueiro, nem sei remar,
Morrerei eu formosa no alto mar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?



O texto original, escrito há quase 800 anos

Sedia-m’eu  na ermida de Sam Simiom
e cercarom-mi as ondas, que grandes som:
eu atendend’o  meu amigo
eu atendend’o meu amigo. E verrá?

Estando na ermida ant’o altar,

cercarom-mi as ondas grandes do mar:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?

E cercarom-mi as ondas, que grandes som,

nom heii barqueiro, nem remador:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?

E cercarom-mi as ondas do alto mar,

nom heii barqueiro, nem sei remar:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?

Nom heii barqueiro, nem remador,

morrerei eu fremosa no mar maior (mar bravo):
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?

Nom heii barqueiro, nem sei remar,

morrerei eu fremosa no alto mar:
eu atendend’o meu amigo.
eu atendend’o meu amigo. E verrá?
O poema está recolhido no códice da Biblioteca Nacional de Lisboa e no códice da Biblioteca Vaticana, de lírica medieval.

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