Nesta hora sozinha e pardacenta,
a chuva entra na aldeia...
No ar, cheio de musgo, a luz cinzenta
bruxoleia.
a chuva entra na aldeia...
No ar, cheio de musgo, a luz cinzenta
bruxoleia.
Através da vidraça,
vejo-a que chega: é uma mendiga escura,
trôpega e acurvada. E vem cansada.
Há, nos seus olhos vagos, amargura.
Oiço as suas passadas resignadas,
arrastadas por baixo da janela.
E digo para mim: -- É a chuva.-- E ela,
a triste vellha curva e turva, passa...
No ar, cheio de musgo, a luz cinzenta
bruxoleia.
E a chuva atravessa a aldeia.
Através da vidraça,
onde colei a minha face, agora,
contra o vidro tão baço como o céu,
vejo-a que vai: e vai p'la rua fora...
Não se ouve uma voz. E ninguém passa.
Tudo se sente só: a chuva e eu.
In: Afonso Lopes Vieira, Canções do Vento e do Sol, Ulmeiro, 1983
vejo-a que chega: é uma mendiga escura,
trôpega e acurvada. E vem cansada.
Há, nos seus olhos vagos, amargura.
Oiço as suas passadas resignadas,
arrastadas por baixo da janela.
E digo para mim: -- É a chuva.-- E ela,
a triste vellha curva e turva, passa...
No ar, cheio de musgo, a luz cinzenta
bruxoleia.
E a chuva atravessa a aldeia.
Através da vidraça,
onde colei a minha face, agora,
contra o vidro tão baço como o céu,
vejo-a que vai: e vai p'la rua fora...
Não se ouve uma voz. E ninguém passa.
Tudo se sente só: a chuva e eu.
In: Afonso Lopes Vieira, Canções do Vento e do Sol, Ulmeiro, 1983
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentário