A boa lavadeira na ponta do pé lava
sábado, 6 de maio de 2017
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Júlio Pomar - Adelino Lyon de Castro
Adelino Lyon de Castro, um fotógrafo esquecido?
A morte por doença de Adelino Lyon
de Castro logo no verão de 1953 (nascera em 1910) é seguramente uma das
razões efectivas do que pode considerar-se o esquecimento deste
fotógrafo. As razões políticas serão também significativas, e adiante se
referem. Outra razão determinante tem a ver com o facto de ser recente
(a partir dos inícios dos anos 80) a alargada atenção à fotografia e a
construção mais ou menos rigorosa da sua memória histórica, como algo
de exterior aos seus diversos círculos fechados de interessados ou
praticantes (fotojornalistas e outros profissionais; amadores e demais
salonistas; artistas plásticos que usam a fotografia). (...) Continua AQUI
Adelino Lyon de Castro, 'Os meninos e as redes', 1951 d.C. |
Adelino Lyon de Castro, 'Contra-luz', 1950 d.C. - 1952 d.C. |
Outras fotografias de A. Lyon de Castro - AQUI
quarta-feira, 3 de maio de 2017
Nabia - "Ara de Marecos"
"Ara de Marecos" |
Achada na Capela de Nossa Senhora do Desterro, em Marecos, Penafiel, Porto.
Encontra-se no Biblioteca-Museu de Penafiel. Ver ficha epigráfica aqui*
[...]
«Se a ocupação romana de Santarém se fez sentir entre meados do século II a.c. e o século VI, é natural que o panteão divino se tivesse mesclado de deidades pré-romanas, romanas pagãs e romanas cristãs. Assim se explicaria a semelhança entre cultos pré-cristãos, por exemplo ligados a rios e fontes, e cultos cristãos com capelas, igrejas e mosteiros construídos, na maior parte das vezes, sobre antigos templos, anteriores ao cristianismo.
Nabia ou Navia, deusa aquática adorada na Lusitânia, parece ter sido cultuada a 5 de Abril [?], segundo a inscrição numa ara de Marecos* e surge relacionada com nomes de rios e de localidades próximas de ribeiras e nascentes. São exemplos os rios Nábios, Neiva e mesmo Nabia(13), ou a vila de Nava, na Galiza; Nabais e Nabainhos, na Serra da Estrela; Naves, povoação próxima de Envendos, região de nascentes e barragens; ou o rio Nabão, que deu origem a Nabância, a 2 km do que é hoje Tomar. Em Braga, a milenar Fonte do Ídolo, que secou há bem pouco tempo, tem uma pedra com a inscrição “Tongoe Nabiago” que algumas versões apontam como um juramento a Nabia.»
(13) J. M. Blázquez 1983 294: “El rio Nabia gozó de gran culto, a juzgar por el número de dedicatorias. Nabia es palabra que indica corriente de agua y que aparece con diferentes denominaciones”.
Lina Maria Soares, "Da Scallabis romana a Sanctaren medieval: espaço, gentes e lendas",
AQUI: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ESTUDOS CLÁSSICO, 7, Évora 2008 - Espaços e paisagens: antiguidade clássica e heranças contemporâneas: Vol.3 História, Arqueologia e Arte. Coimbra
******
[...]
«A inscrição de Marecos (Penafiel, Porto), que alude a um sacrifício consagrado a Nabia Corona, “ninfa” (ou divindade protectora) dos Danigi, e a outras divindades, recorda uma cerimónia realizada em 9 de Abril. Ora, não ficando esta data distante da que hoje consideramos a do equinócio da Primavera, poderemos tomar a inscrição de Marecos como argumento a favor da função que atribuímos a Nabia?
Na ara de Marecos, P. Le Roux e A. Tranoy (1974) leram primeiro: O(ptimae) V(irgini) Co(nservatrici), vel Co(rnigera), et Nim(phae) Danigom Nabiae Coronae. Depois, P. Le Roux (1994: 561) sugeriu O(mnia) v(ota) co(nsagro) et nim(bifero) Danigo m(acto) Nabiae Coronae, traduzindo: “Consagro-vos todas estas oferendas e, por Danigo, que dispensa a chuva, sacrifico a Nabia Corona”.
A primeira restituição, “À excelente virgem conservadora (ou cornuda) e ninfa dos Danigos”, parece-nos preferível.
A inscrição começaria pela invocação da divindade, com seus epítetos. Segue-se a indicação dos animais oferecidos: à própria deusa javascript:void(0); Nabia (agora nomeada sem epítetos), a Júpiter, a uma outra divindade [...]urgo e a Ida (ou Lida). Estando atestado o epíteto Idunica ou Idennica com o sentido de “a que gera ou dá à luz” (OLMSTED, 1994: 157), esta divindade a que se oferece um cordeiro seria, talvez, deusa que se invocaria para favorecer o parto dos animais. Na inscrição, os animais oferecidos parecem preceder os teónimos.
Perséfone é por vezes, na Grécia, designada apenas como Korê, “virgem” ou “rapariga”. Não surpreende, pois, que Nabia leve este nome de “virgem” na ara de Marecos.»
Jorge de Alarcão, "A religião de lusitanos e calaicos"
DAQUI: Conimbriga XLVIII (2009) p. 81-121
*****
Para outra interpretação da Ara de Marecos (Nabia: divindade de culto agrário)
Artigo sem autor. Ver aqui: http://revistas.ucm.es/index.php/HIEP/article/viewFile/HIEP9696110381A/30467
Revista - Hispania Epigraphica, volume 6 (2000)
sábado, 29 de abril de 2017
Benjamim Pereira - Ernesto Veiga de Oliveira
fotografia de Benjamim Pereira,
'Retrato de grupo / Ernesto Veiga de Oliveira na travessia de barco entre as ilhas de S. Jorge e Pico', Açores, 1963 dC |
- nota biográfica: http://alfarrabio.di.uminho.pt/arqevo/textospa/html/evo/evobiobi.htm
- arquivo sonoro: http://alfarrabio.di.uminho.pt/arqevo/index.html
Benjamim Pereira,
Benjamim Pereira, 'Barco transformado em habitação de pescadores avieiros', Póvoa de Stª Iria, Vila Franca de Xira |
Fernando Galhano e Benjamim Pereira, 'Barraca de estorno', Fonte da Telha, Lisboa |
Entrevista a Benjamim Pereira:
AQUI - Paulo Ferreira da Costa, Cláudia Jorge Freire e Benjamim Pereira, « Entrevista a Benjamim Pereira: “Uma aventura prodigiosa” », Etnográfica [Online], vol. 14 (1) | 2010, Online desde 21 Maio 2012
Fotografias daqui: MatrizPix
terça-feira, 25 de abril de 2017
NABIA - INSCRIÇÃO RUPESTRE DA LAJE DO ADUFE
«Inscrição rupestre, datada do século II, localizada na cumeada da Lomba da Pedra Aguda, divisória entre os concelhos da Covilhã e do Fundão, abrigada num suave talvegue adjacente ao povoado amuralhado da Quinta da Samaria Gravou-se num afloramento granítico arredondado, provavelmente seccionado para o efeito, aproveitando-se a face quase plana obtida pelo corte, na qual tem uma posição central.
O texto encontra-se rodeado por um profundo e largo sulco, definindo um quadrado de cantos arredondados, dividido por rasgo central que cesura o texto, criando o esquematismo de um livro, e encimado por uma alusão a um frontão rebaixado e mais estreito que a cartela. Julgamos resultar de regravação (e reavivamento) a rudeza do sulco que envolve o texto, possivelmente ensaiada aquando da execução da cissura que o rasgou de alto a baixo, pelo que é provável que originalmente o texto já se encontrasse no interior de uma cartela incisa quadrilateral, talvez subjacente à representação do frontão, esta em jeito de fastigium de altar, pois se por um lado o sulco regravado parece excluí-lo, por outro também aparece claro que este elemento não se adapta ao resultado esperado de esquissar um livro, deduzindo-se, assim, a sua anterioridade. A superfície do espaço epigráfico encontra-se bastante delida e totalmente coberta por líquenes, condições que, aliadas aos danos provocados pela cissura supracitada e por uma depressão aberta no seu canto inferior direito, dificultam grandemente a leitura da inscrição.
Dimensões: 250 x 330 x ?
Campo epigráfico: 62 x 62 [frontão (b x l): 29 x 20].
MAT[A]VS MO
GV[L]IN[I L]IBERT
GV[L]IN[I L]IBERT
VS++++NESIS (sic)
ARA(m) DE[AE] NABI
AE MV[.]TINA[C]
AE M(erito) L(ibens) F[E]CIT
- Mantau, liberto de Mogulino, ...ense, fez de boa vontade um altar à deusa Nábia Mu[.]tinaca
O dedicante é liberto de um peregrino, identificando-se ambos com onomástica indígena [da Lusitânia].
A divindade invocada não é desconhecida na região, embora o seja o seu epíteto, apresentando-se o teónimo precedido do qualificativo Dea. A geografia do culto a Nabia inclui os territórios galaico e lusitano, estando, no que a este último respeita, bem afirmado na actual província de Cáceres, com extensão à Beira Baixa, constatação que igualmente poderia reforçar a possibilidade aventada para a indicação de proveniência do dedicante. A interpretação de Nabia como divindade ligada aos vales tem ganhado consistência em função dos argumentos da análise etimológica ao teónimo.»
DAQUI: http://www.uc.pt/fluc/iarq/pdfs/Pdfs_FE/FE_80_2005
[Armando Redentor, Marcos Daniel Osório, Pedro C. Carvalho, Inscriçao rupestre da laje do adufe (Ferro, Covilha): (Conventus Emeritensis), Ficheiro epigrafico, ISSN 0870-2004, Nº. 80, 2005, págs. 3-8]
Laje do Adufe |
Imagem publicada aqui:
http://arqueofundao.blogspot.pt/2013/04/castro-de-vale-feitoso-peroviseu.html
[Publicado 8th April 2013 por José Paulo Proença Henriques Duarte ]
Do autor: José-Vidgal Madruga
Ficha epigráfica:
- http://eda-bea.es/pub/record_card_1.php?rec=25642
Artigo:
José-Vidal Madruga, "Dedicación a Nabia", 2015-03-03 Aqui: http://www.europeana.eu/portal/pt/record/2058808/UAH__89a183c0c11d6d0ca7830f9d530a3097__artifact__cho.html
Outra Bibliografia:
Redentor, A., Osório, M., Carvalho, P.C., 2006. "Inscrição rupestre da Laje do Adufe: um novo testemunho do culto à deusa Nabia", Eburobriga 4, 51–59
Armando Redentor, Marcos Daniel Osório, Pedro C. Carvalho, Inscriçao rupestre da laje do adufe (Ferro, Covilha): (Conventus Emeritensis) Ficheiro epigrafico, ISSN 0870-2004, Nº. 79, 2005, págs. 17-22
quinta-feira, 20 de abril de 2017
CAMILO PESSANHA
Il pleure dans mon cœur
Comme il pleut sur la ville.
Verlaine
Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, quasi morrer.
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.
Meus olhos afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí, e derramai-vos
Como a água morrente.
Camilo Pessanha, 'Clepsydra', ed. António Barahona,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2003
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