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fotografia de Jorge Barros |
Todos
os anos, de 30 de Abril para 1 de Maio é tradição no Minho, Douro e
Beira Alta, que se coloquem à porta ou janelas de casa ramalhetes de
giestas amarelas, também conhecidas por maias por florirem em Maio. Todavia, noutras regiões de Portugal é também celebrado, embora de forma algo diferente [1].
Leite de Vasconcelos [3] refere que a mais “antiga menção desta festa popular,
festa evidentemente naturalística, posto mais ou menos desviada da sua
significação primitiva, já pelo próprio Paganismo, já pelo Cristianismo,
creio que se acha nestas linhas da Postura da câmara de Lisboa de 1385: «Outro sim estabelecemos que daqui em diante em esta Cidade e em seu
termo não se cantem as Janeiras nem Maias, nem outro nenhum mês do
ano.»
É
referido também que as origens desta tradição, de reminiscências pagãs,
encontra-se ligada a ritos de fertilidade, do início da Primavera e do
novo ano agrícola, tal como se afirme que afasta o mau-olhado e as
bruxas de casa [1] [2].
As
Maias propriamente ditas constam de duas partes: o enramalhamento das
portas, e o “Maio-moço”. A primeira é celebrada no 1º de Maio no Minho,
Douro, Beira Alta, entre outros, onde se enfeitam “as portas das casas
com ramos de giestas, chamadas Maias (…). O povo dá destes costumes duas
explicações (…):
- Quando a Virgem foi para o Egipto, deixou pelo caminho muitos ramos de giesta para não se enganar na volta;
- Quando
Jesus Cristo nasceu, os Judeus procuraram-no para o matarem, e, como
soubessem que ele estava em certa casa, colocaram-lhe à porta um ramo de
giesta, a fim de no dia seguinte o prenderem. Nesse dia porém, todas as
casas da povoação apareceram marcadas, e os Judeus não puderam dar com
ele [3].
Com o advento do
Cristianismo atribuiu-se a este velho ritual pagão um carácter religioso
ligado à Festa da Santa Cruz e, mesmo, ao Corpo de Deus. A lenda,
alusiva a esta tradição, que com mais frequência se ouve no Alto Minho,
reza assim: Herodes soube que a Sagrada
Família, na sua fuga para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para
garantir que conseguiria eliminar o Menino, Herodes dispunha-se a
mandar matar todas as crianças. Perante a possibilidade de um tão
significativo morticínio, foi informado, por um outro "Judas", que tal
poderia ser evitado, bastando para isso, que ele próprio colocasse um
ramo de giesta florida na casa onde se encontrava a Sagrada Família,
constituindo um sinal para que os soldados a procurassem e consumassem o
crime... A proposta do "Judas" foi aceite e Herodes tratou de mandar os
seus soldados à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos
soldados quando, na manhã seguinte, encontraram todas as casas da aldeia
com ramos de giesta florida à porta, gorando-se, assim, a possibilidade
do Menino Jesus, ser morto [2].
Daí terá vindo essa
tradição de colocar ramos e giestas (ou conjuntamente com outras flores,
coroas), nas portas e janelas das casas, na véspera do 1º de Maio. De
registar, ainda, que no Alto Minho este costume se estende aos carros de
bois, aos automóveis, aos tractores, etc. Em certas localidades,
coloca-se o raminho de giesta porque... o Maio é tolo! Noutras, os
rapazes que estão para casar, metem por baixo das portas das casas das
moças "de bom comportamento" (sem disso elas se aperceberem) uma "maia
de rosas" [2].