sábado, 31 de março de 2018

domingo, 25 de março de 2018

Manuel de Freitas - Hotel Praia, Quarto 508



Para a Inês


I

São ruas que vão até ao mar, abruptamente
- ou é o mar que, desde sempre, nelas
encontrou morada? Indiferentes a esta pergunta
ociosa, as mulheres falam de casas, discutem
preços e amarguras, alugam barracas por um dia.


E vestem-se de luto ou de cores tão improváveis
como Deus, enquanto distribuem bênçãos,
pequenos rancores, rios de ouro sobre o peito.
Será talvez um modo atávico de exorcizarem a fome
nas casas que não têm mas alugam, sentadas junto ao mar.

Não sorriem nunca, por excesso ou falta de razões.


II

Não esperava, trinta anos depois, reconhecer
a Nazaré. Igual a sim mesma, fintou o progresso
no desmando da morte e no cheiro seco
dos carapaus jacentes (só um gato preto, sem
jeito para o negócio, foi poupado ao extermínio). 

Diferente é apenas vê-la agora desta varanda,
contigo ao lado, e perceber a alegria que
irmana dos telhados e balcões, sob os farrapos
de uma língua apátrida que nem o amor
nem o mar conseguiriam devidamente pardonner

Um homem de fato completo deixou-nos ver a lua.


III

Há quem veja na sereia, que um dia se cansou,
razão suficiente para tantas mortes.
E há quem desça sem temor as escadas que vão
do Forte ao rochedo do Guilhim. Nós, menos
confiantes, olhávamos as grutas, escolhíamos pedras. 

Conchas com água dentro, recentes pedacinhos de ossos.


IV

E era como se caminhássemos sobre a lua
e o vento de Agosto nos juntasse lado
a lado, quando já não há degraus.



Pedacinhos de Ossos
Manuel de Freitas
Averno, Lisboa, Novembro 2012

domingo, 4 de março de 2018

sábado, 3 de março de 2018







A Colecção Gulbenkian de Livros Manuscritos Ocidentais e as Inundações de 1967

Ideia original
Manuela Fidalgo e João Carvalho Dias

Realização, operação de câmara e edição
Márcia Lessa




Helena Nilo, 6.05.2016







Adelino Furtado, Poço, Quinta da Regaleira, Sintra, 1926



Adelino Furtado, Poço, Quinta da Regaleira, Sintra, 1926

sexta-feira, 2 de março de 2018

Francisco Afonso Chaves

 

Fotografia de Francisco Afonso Chaves

 
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Amália Rodrigues - Vagamundo (1961)



Amália Rodrigues e Alain Oulman


Um dia estava eu num acampamento e levaram-me o Alain Oulman, que tinha feito uma música a pensar em mim, o Vagamundo. Fui ouvir e gostei.
(…)
Para além da música, o Alain, com a sua vasta cultura, fez-me travar conhecimento com grandes poetas. Ele não só fazia as músicas, como ia procurar, aos livros de poesia, letras para as músicas. Dedicou-me um tempo grande. Não me influenciou mas, durante um tempo, andei toda contente com aquela descoberta que ele me trazia. Trabalhámos muito os dois.
(…)
O Alain trouxe um público que não estava comigo (…) Mas o Alain não me veio explicar nada. Eu é que quando não sabia alguma coisa lhe perguntava. (…) A partir deste primeiro disco, o Alain foi sempre muito importante para mim…

AMÁLIA RODRIGUES
Amália, uma Biografia por Vítor Pavão dos Santos,
Lisboa, Contexto Editora, p.151








Alain Oulman


Mirante da praia do Homem do Leme – anos 20



 Mirante da praia do Homem do Leme – anos 20


DAQUI




João Francisco Camacho, Ilha da Madeira. Costa Norte, 1865 - 1875,
Arquivo de Documentação Fotográfica / DDCI/DGPC

quinta-feira, 1 de março de 2018

Arte xávega na Costa da Caparica a Património ImateriaL






A Arte-Xávega é uma técnica de pesca tradicional que consiste na utilização de uma rede de cerco envolvente que é lançada no mar e depois puxada para terra.

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