quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Adriano Nazareth - Barcos Rabelos







Barcos Rabelos do Douro (Quatro episódios-1960)


Barcos Rabelos do Douro


Desde o aparecimento do vinho do Porto até meados do século XX o seu transporte rio abaixo, até Vila Nova de Gaia onde se procede ao seu tratamento,  foi garantido por barcos tradicionais conhecidos por Rabelos.


Com a evolução natural das vias de comunicação e dos transportes terrestres este tipo de ligação entre a origem do vinho e o local onde é envelhecido, engarrafado e distribuído, passou a ser garantido por outros meios mais rápidos, fáceis e de maior capacidade.

Contudo, o registo feito em 1960, a preto-e-branco e com a duração de 33 minutos e 45 segundos, tem proporcionado às gerações vindouras a possibilidade de desfrutar da epopeia da descida do rio vivida pelas tripulações dos Rabelos de então, tendo o mesmo ficado a dever-se a Adriano Nazareth, o qual recorreu a uma equipa de luxo para a sua realização, ou seja:


O texto foi escrito pelos Jornalistas Vasco Hogan Teves e Carlos Rodrigues, a locução off do consagrado Gomes Ferreira, a câmara de captação foi operada por um lendário da RTP, o Artur Moura, a captação e registo de som por um trio de ataque único, ou seja, Jorge Teófilo, Jorge Soromenho e João Castanheira e a soberba sonorização da responsabilidade do grande Albano da Mata Diniz.

Texto retirado DAQUI


Adriano Nazareth - O Sargaceiro da Apúlia



Durante as filmagens de 'O Sargaceiro da Apúlia', de  Adriano Nazareth

Documentário 'O Sargaceiro da Apúlia' de Adriano Nazareth, 1959: AQUI




Adriano Nazareth

Biografia de Adriano Nazareth (1929-1998)

Texto de Carlos A. Henriques 

PARTE I: AQUI

PARTE II: AQUI

PARTE III: AQUI



terça-feira, 22 de agosto de 2017

António Botto




O AZEITONENSE, Nº 17 (23 de Novembro de 1919), p.1

António Botto




REVISTA DE TURISMO, Nº 51, (5 de Agosto de 1918), p. 23



O AZEITONENSE, Nº 11 (12 de Outubro de 1919), p.1

Chafariz da Aldeia Rica (chafarizes e fontes de Azeitão)





O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores,
Nº 1, (3 de Agosto de 1919), p.3




O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores,
Nº 2, (10 de Agosto de 1919), p.3




O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores,
Nº 4, (24 de Agosto de 1919), p.1




O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores,
Nº 16, (16 de Novembro de 1919), p.4



fotografia retirada daqui:
http://www.azeitao.net/aldeias/aldeia/aldeia_rica.htm



fotografia retirada daqui:
http://www.azeitao.net/aldeias/aldeia/aldeia_rica.htm



Algumas notas históricas sobre o chafariz/fonte da Aldeia Rica:
http://www.aguasdosado.pt/backoffice/files/file_41_1_1318440539.pdf

António Nobre



O AZEITONENSE: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores, Nº 14, (2 de Novembro de 1919), p.2

sábado, 19 de agosto de 2017

António Carneiro - As algas




António Carneiro, Contemplação, 1911




Quanto tempo vogaram, embaladas
No seio profundíssimo do mar...
E, ao rolá-las na praia, a soluçar
Fica a onda de as ver abandonadas...

A novo beijo da água, de mansinho
As algas se insinuam, no desejo
Saüdoso de voltar; e, num harpejo,
Despede-as o mar, devagarinho...

Fonte de vida eterna, inexaurível,
Sendo só com a vida compatível
— A desse grande túmulo: a Terra,

Voragem pertinaz, assustadora,
Vai o mar rejeitando, hora por hora
Mortes que fez, as mortes que ele encerra.

António Carneiro, Solilóquios: Sonetos Póstumos, 1936.



Júlio Dantas - No mercado do peixe




Artur Pastor, Porto de Lagos, 1960-65
Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico



O mercado de peixe é mesmo ali à beira
Das muralhas do cais: bem perto. De maneira
Que me fui até lá, à falta de melhor.
Um céu surpreendente e um sol abrasador.
Sobre as bancas de pedra, esparsos ao acaso
Na sombra colossal do velho alpendre raso,
Vejo os chocos de prata e vejo os ruivos d’ouro,
Carcanholas a abrir nos cestos esverdeados,
E o pescador, afeito ao sol, sadio e louro,
Metendo pelo peixe os braços remangados.
Um alarido enorme em volta aos peixes grossos;
E, estendendo na sombra os rústicos pescoços,
Os compradores vêm, a arregalar os olhos:
Argêntea, sobre a pedra, hirta, a sardinha, aos molhos;
Os froixos langueirões; percebes cabeludos,
Aonde o pescador volve os dedos ossudos;
Amêijoas a ranger, vindas ali do lodo,
De concha esverdeada, enchendo um cabaz todo;
Eirós a colear, vivas, enoveladas,
Metálicas, bulindo em celhas almagradas, —
Tudo isto daqui chama os estômagos lassos
Desta cidade vil de cloques e madraços.
O Damião, coçando a espádua pelo muro,
Entra-se a lastimar de que anda mal seguro
O negócio: o melhor, em coisa que mais deixe,
É a sardinha; o mais, ruim safra de peixe,
Que não no bota cá uma pessoa inteiro
Senão com muita estafa e a peso de dinheiro!
O pescador, aqui, faz-se valer; mais quer
Distribuir de graça, o diabo, que vender
Barato. E o Damião, em pragas, — diab’alma! —
Sacode o ferragoulo enorme que o enxalma.

Júlio Dantas [Lagos,1876 - Lisboa, 1962], Nada, 2.ª ed., Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1912


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Afonso Lopes Vieira - As fontes secas

As doze canções do Ano: Julho


AS FONTES SECAS

A boca em chama do Estio
cresta, no ardente bafejo,
co'a lavareda do beijo
às fontes o fresco fio.

Os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
param à beira das fontes.

Em roda, no ar, paira e erra
o som das vozes ansiosas
das grandes sedes ansiosas
que estão debaixo da terra.

E os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
cismam à beira das fontes.

E ouvem, ouvem, encantadas,
de entre o silêncio da calma,
a voz das fontes caladas
cantar nos ecos da alma  .

E os caminhantes cansados
de correr terras e montes,
os caminhantes cansados
vão-se da beira das fontes.

Mais tristes do que vieram,
os caminhantes passaram...

As fontes emudeceram
como os olhos que se fecharam.

Afonso Lopes Vieira, Canções do Vento e do Sol, Ulmeiro, 1983

quinta-feira, 6 de julho de 2017




[autor não identificado], 'Porto de pesca', Setúbal, colecção privada desconhecida



[autor não identificado], Nazaré, colecção privada desconhecida

Oferecida, obrigada!

Ladeiras do Sabugo



[autor não identificado], colecção privada desconhecida

Oferecida, obrigada!

segunda-feira, 3 de julho de 2017

sexta-feira, 30 de junho de 2017

NABIA


NABIA

«Para Blanca María Prósper (2002: 194), Nabia significa “o vale”. Diríamos que nos parece mais adequado fazer de Nabia “a (senhora) do vale” ou “a que mora no vale”. Ora, pensando que o renascer da Primavera era fenómeno que não podia deixar de surpreender e de ser objecto de uma explicação mítica, e, por outro lado, que é nos vales que o renascimento primeiro ocorre, não corresponderá Nabia à Perséfone grega, a “menina do trigo”? Sob uma forma ou outra, e com diferentes nomes, semelhante deusa encontra-se em muitas religiões indo-europeias: é a Prosérpina romana, talvez a Nantosvelta da Gália.

Nantosvelta significará “o vale que o sol aquece” ou “a que faz florir o vale” (OLMSTED, 1994: 42). Se aceitarmos esta etimologia, teremos nesta deusa correspondência com Nabia. Mas, porque as correspondências raramente serão exactas, a deusa Nabia não parece ter par masculino, enquanto Nantosvelta, na Gália, acompanha Sucellus. Este deus, que se representa com um martelo na mão e acompanhado por um cão, seria um deus da região subterrânea (OLMSTED, 1994: 42 e 300-302). Não podemos deixar de pensar no Tongus Nabiacus da Fonte do Ídolo (Braga), tanto mais que, aqui, o que parece ser um busto do deus se apresenta, como vimos, numa edícula em cujo frontão se representam um martelo e uma pomba.

Os símbolos, porém, são polissémicos. Não podemos, sem reservas, sustentar que o martelo, que acompanha Plutão e Vulcano, identifica Tongus com uma divindade subterrânea. Mais parece, como vimos atrás, que Tongus será um deus (ou génio) das fontes.

Quanto ao epíteto Nabiacus, tanto podemos considerá-lo derivado do nome comum nabia, “o vale” (e neste caso Tongus Nabiacus seria o “Tongus do vale”), como ver no epíteto uma alusão à deusa Nabia (caso em que Tongus Nabiacus seria “o Tongus de Nabia”, com o sentido de “acompanhante de Nabia”)» 

IN: JORGE DE ALARCÃO, "A religião de lusitanos e calaicos", Conimbriga, 48 (2009) 81-121 AQUI