quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Pitos de Santa Luzia
Neste dia de Santa Luzia, em Vila Real, manda a tradição que as raparigas da cidade ofereçam o pito aos rapazes seus eleitos, para que no dia 3 de Fevereiro, dedicado, na liturgia, a São Brás, os rapazes, retribuam a oferta com a gancha.
Para que não haja confusões, convém referir, que o pito é um bolo com recheio de doce de calondro e a gancha um rebuçado em forma de báculo bispal.
A tradição, a lenda e a receita encontram-se, por exemplo, AQUI
Feira de Santa Luzia ou Feira dos Sardões e das Passarinhas - Guimarães
bandeja usada nos rituais a Santa Luzia |
Conhecida outrora pelo grande comércio de frutos, sobretudo pela castanha (hoje a aparecer pouco), pode dizer-se que a fama da feira assentou, desde sempre, no típicos «sardões» e «passarinhas» - doces tradicionais desta romaria, feitos de massa doce e escura, revestidos com uma camada branca de açucar, enfeitados com papel de cor.
Os sardões são oferecidos pelos rapazes às raparigas e as passarinhas são oferecidas pelas raparigas aos rapazes.
Outra tradição da festa, conservada até aos nossos dias, prende-se com os chamados «segredos», igualmente à venda nas bancas dos doces, a manter idêntica procura. Trata-se de pequenas caixas de cartão (pouco maiores que uma caixa de fósforos), vistosamente forradas, contendo no interior, sobre algodão, três miniaturas: um sardão, uma passarinha e um coração trespassado por um papelinho, onde pode ler-se uma dedicatória, quase sempre de teor moroso.
Os «segredos» (não comestíveis) continuam a ser oferecidos pelos rapazes às raparigas, conforme manda a praxe
sardões e passarinhas |
banca dos doces |
Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Novembro e Dezembro. Lisboa: Círculo de Leitores.
Santa Luzia - dia 13 e Dezembro
Pendão de Santa Luzia. Ruilhe, Braga |
(Cantares populares a Santa Luzia - Fundão)
Senhora Santa Luzia,
Tendes o pinheiro à porta;
Dá-me uma polinha dele
Para pôr na minha horta.
Senhora Santa Luzia,
Acudi a quem vos chama,
Acudi ao meu amor,
Que está doente na cama.
Senhora Santa Luzia,
Cá vos fica o meu cordão,
Fica muito bem entregue,
Senhora, na vossa mão.
Pedrinhas desta calçada
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Eu de dia bem o sei
O Sol se esconde, brilha o luar,
A noite é bela só p'ra te amar.
O Sol se esconde, brilha o luar,
Olha a barquinha que anda no mar.
[Olha a barquinha que anda no mar.]
...
[adaptado: - foi assim que a aprendi. Cantavam-se à volta da fogueira, à beira-rio, enquanto se bebia vinho e se comia a bola acabada de sair do forno da padaria.]
domingo, 11 de dezembro de 2011
Ballada do Caixão
O meu vizinho é carpinteiro,
Algibebe de Dona Morte:
Ponteia e coze, o dia inteiro,
Fatos de pau de toda a sorte:
Mogno, debruados de velludo
Flandres gentil, pinho do Norte...
Ora eu que trago um sobretudo
Que já me vae a aborrecer,
Fui-me lá, hontem: (era Entrudo,
Havia immenso que fazer!...)
- Olá, bom homem! quero um fato,
Tem que me sirva? - Vamos ver...
Olhou, mexeu na caza toda...
- Eis aqui um e bem barato.
- Está na moda? - Está na moda.
(Gostei e nem quiz apreçal-o:
Muito justinho, pouca roda...)
- Quando posso mandar buscal-o?
- Ao por-do-sol. Vou dal-o a ferro:
(Poz-se o bom homem a aplainal-o...)
Ó meus amigos! salvo-erro,
Juro-o pela alma, pelo céu!
Nenhum de vós, ao meu enterro,
Irá mais dandy, olhae! do que eu!
António Nobre, Só
sábado, 10 de dezembro de 2011
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, Canções
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Eugénio de Andrade - Poema à Mãe
Jornal de Notícias, Terça-feira, 14 de Junho de 2005 |
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Bairro Grandella
fotografias - AQUI
Junto à Estrada de Benfica, abrangendo as Ruas de Sta. Matilde, do Dr. Gregório, R. Fernandes e a Av. dos Empregados dos Armazéns do Grandella.
Freguesia / Concelho / Distrito
S. Domingos de Benfica / Lisboa / Lisboa
Função
Habitação operária
Época
Século XX, construído entre 1905-1907
Caracterização
O bairro operário foi construído por Francisco de Almeida Grandella, tendo como objectivo a criação de habitação para os operários da sua fábrica de malhas e tecidos (c. de 1889), localizada em S. Domingos de Benfica.
A edificação deste apoio social integra-se na filosofia filantrópica defendida e praticada por Grandella. O bairro construiu-se em terrenos anexos à fábrica, desenvolvendo a fachada principal para a Estrada de Benfica. Assim, o modelo apresentado por estas habitações integra-se na tipologia das vilas ou bairros operários, destacando-se a organização em ruas internas, delimitação por gradeamento do espaço habitacional, implantação em banda com módulos habitacionais repetidos, formando uma uniformidade e um ritmo próprio.
O conjunto é composto por setenta habitações, pagas de acordo como o salário auferido na unidade industrial. No entanto, o bairro impõe-se à via pública através de duas construções neo-clássicas onde foram instaladas a escola e creche para os filhos dos operários, desenvolvendo-se para o interior o espaço habitacional. Na sequência do bairro para os operários construíram-se também duas bandas para os empregados dos armazéns Grandella, subsistindo actualmente uma, revelando um maior cuidado estético.
AQUI
*******
VILAS DE ESCALA URBANA
No tipo mais corrente de vila, esta organiza-se em função de um espaço comum, de carácter privado, fora das vistas da rua, raramente atingindo um elevado volume de construção. Mas com o desenvolvimento desta modalidade de alojamento foi-se diversificando a respectiva tipologia — cada vez mais afastada do primitivo pátio —, ao mesmo tempo que o sucesso de anteriores realizações ia estimulando investimentos mais volumosos.
No tipo mais corrente de vila, esta organiza-se em função de um espaço comum, de carácter privado, fora das vistas da rua, raramente atingindo um elevado volume de construção. Mas com o desenvolvimento desta modalidade de alojamento foi-se diversificando a respectiva tipologia — cada vez mais afastada do primitivo pátio —, ao mesmo tempo que o sucesso de anteriores realizações ia estimulando investimentos mais volumosos.
É no quadro desta evolução que surgem vilas que, pelo volume da edificação ou pela complexidade da sua estrutura, atingem uma escala que as impõe ao nível do espaço da cidade, constituindo neste último caso um sistema viário que, sem perder o carácter segregador, ganha uma dimensão urbana. É assim que surgem verdadeiras unidades de habitação horizontal, como o Bairro Estrela de Ouro, ou conjuntos massivos de blocos em altura, como o Bairro Clemente Vicente.
A dimensão destas realizações e o seu cuidadoso planeamento, em articulação com o carácter de autonomia que sempre guardam, conduzem frequentemente à inclusão de elementos de equipamento colectivo nestes conjuntos. Trata-se geralmente de estabelecimentos comerciais de primeira necessidade, mas aparecem também escolas, espaços de convívio e, na Vila Cândida, até uma esquadra da PSP.
As entidades construtoras eram, em muitos casos, empresas industriais e, noutros, simples promotores imobiliários que permaneceram como senhorios.Mas a individualização desses promotores, em qualquer dos casos, é um elemento característico deste tipo de alojamento. Essa individualização traduz-se geralmente na própria designação da vila, por vezes representada alegoricamente em placas ou painéis de azulejo. Esta espécie de culto está, provavelmente, ligada à faceta filantrópica que por vezes caracterizava estes empreendimentos: os promotores eram capitalistas que investiam em prol do bem-estar dos seus empregados. E, em alguns casos, este sentido paternalista e tão forte que levava os proprietários a construírem no mesmo terreno, embora com a necessária separação, a sua própria residência.
Têm estas características o Bairro Grandella, o Bairro Estrela de Ouro, a Vila Cândida e O Bairro Clemente Vicente, como exemplares mais interessantes desta tipologia.
O Bairro Grandella, em Benfica, foi edificado junto de uma fábrica têxtil da empresa e denota uma concepção estrutural de arruamentos paralelos com vários tipos de habitação, destinados a diferentes escalões do pessoal. Com frente para a estrada de Benfica, o bairro é rematado por dois pavilhões, lembrando templos gregos, com colunas e frontões de coroamento, destinados a uso comum. A grade circundante foi retirada há alguns anos. Francisco de Almeida Grandella era um empresário progressista, que construiu outras obras de finalidades sociais.
O Bairro Estrela de Ouro, na Graça, foi construído em 1908 pelo industrial de confeitaria Agapito Serra Fernandes e integra vários arruamentos a que deu o nome de pessoas da sua família. Formado por pequenas unidades habitacionais em forma de U, a estrela de cinco pontas aparece como elemento decorativo sistemático.
A Vila Cândida, à Avenida General Roçadas, constitui como que uma aldeia, com traçado geométrico e um amplo largo de entrada, onde se situavam os edifícios sociais. Construída pelo banqueiro Cândido Sotto Mayor, é o exemplo típico de uma atitude filantrópica e paternalista. Após o 25 de Abril, as casas vieram a ficar na posse dos moradores, pelo que tem vindo a destruir-se a unidade de todo o conjunto.
O Bairro Clemente Vicente, no Dafundo, é constituído por três blocos compactos de cinco pisos, totalizando 240 fogos. Foi construído por um empresário empreendedor nos anos 20 e procurou dar, provavelmente, uma imagem do falanstério. Os acessos fazem-se por uma complicada estrutura metálica de escadas e varandas.
As entidades construtoras eram, em muitos casos, empresas industriais e, noutros, simples promotores imobiliários que permaneceram como senhorios.Mas a individualização desses promotores, em qualquer dos casos, é um elemento característico deste tipo de alojamento. Essa individualização traduz-se geralmente na própria designação da vila, por vezes representada alegoricamente em placas ou painéis de azulejo. Esta espécie de culto está, provavelmente, ligada à faceta filantrópica que por vezes caracterizava estes empreendimentos: os promotores eram capitalistas que investiam em prol do bem-estar dos seus empregados. E, em alguns casos, este sentido paternalista e tão forte que levava os proprietários a construírem no mesmo terreno, embora com a necessária separação, a sua própria residência.
Têm estas características o Bairro Grandella, o Bairro Estrela de Ouro, a Vila Cândida e O Bairro Clemente Vicente, como exemplares mais interessantes desta tipologia.
O Bairro Grandella, em Benfica, foi edificado junto de uma fábrica têxtil da empresa e denota uma concepção estrutural de arruamentos paralelos com vários tipos de habitação, destinados a diferentes escalões do pessoal. Com frente para a estrada de Benfica, o bairro é rematado por dois pavilhões, lembrando templos gregos, com colunas e frontões de coroamento, destinados a uso comum. A grade circundante foi retirada há alguns anos. Francisco de Almeida Grandella era um empresário progressista, que construiu outras obras de finalidades sociais.
O Bairro Estrela de Ouro, na Graça, foi construído em 1908 pelo industrial de confeitaria Agapito Serra Fernandes e integra vários arruamentos a que deu o nome de pessoas da sua família. Formado por pequenas unidades habitacionais em forma de U, a estrela de cinco pontas aparece como elemento decorativo sistemático.
A Vila Cândida, à Avenida General Roçadas, constitui como que uma aldeia, com traçado geométrico e um amplo largo de entrada, onde se situavam os edifícios sociais. Construída pelo banqueiro Cândido Sotto Mayor, é o exemplo típico de uma atitude filantrópica e paternalista. Após o 25 de Abril, as casas vieram a ficar na posse dos moradores, pelo que tem vindo a destruir-se a unidade de todo o conjunto.
O Bairro Clemente Vicente, no Dafundo, é constituído por três blocos compactos de cinco pisos, totalizando 240 fogos. Foi construído por um empresário empreendedor nos anos 20 e procurou dar, provavelmente, uma imagem do falanstério. Os acessos fazem-se por uma complicada estrutura metálica de escadas e varandas.
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Historial
Este bairro operário tem uma frente superior a 80m, virada para a Estrada de Benfica, com duas fachadas em forma de pórticos neoclássicos, que rematam dois quarteirões com cerca de 90m de profundidade. As ruas exteriores destinavam-se às famílias dos empregados dos escalões mais baixos, enquanto que o acesso aos fogos dos empregados dos escalões mais elevados era feito a partir da rua central.
Esta configuração urbana assenta em memórias materiais e espirituais integradas no ideário de socialismo utópico, pela preocupação evidente com o bem-estar dos empregados. Incorpora também expressões de cariz maçónico, como bem expressam as fachadas, quer por símbolos, quer nomeadamente pelo lema -- Sempre por Bom Caminho e Segue" --. Também por isso, o conjunto, apesar de ter sofrido, ao longo do tempo, alguma descaracterização em relação ao projecto inicial, foi classificado, em 1984, como Imóvel de Interesse Público.
AQUI
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Ainda neste bairro:AQUI
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domingo, 4 de dezembro de 2011
Igreja de Santa Barbara, em Manadas (São Jorge)
Santa Bárbara, é uma imagem encontrada no mar próximo a 4 de Dezembro de 1485, pelo marítimo do lugar Joaquim António da Silveira, a qual se encontrava dentro de uma caixa com uma cruz de pedra.
O povo juntou-se ao marítimo e, foram arrematadas 10 cabeças de gado cujo produto reverteu para a construção da primitiva igreja, a qual ficou concluída nesse mesmo ano com pora virada ao Poente e a sacristia para Nascente e uma janela em sina. À volta da da Igreja, havia o cemitério e também uma carneira do lado norte.
Posteriormente, reunidos na pequena igreja de Santa Bárbara das Manadas e da pequena parcela da Urzela (Urzelina) foi deliberado que se construísse uma igreja de maiores dimensões, cuja pedra fundamental foi o amor a Deus.
E assim foi levantado o mais belo monumento da Ilha de S.Jorge, iniciado a 25 de Julho de 1510, estando concluída toda a sua obra e estrutura, no ano de 1770.
De uma só torre de forma quadrangular em cúpula, com três sinos de belo som. A fachada desta igreja voltada a Oeste, está ornamentada com uma simples mas bela decoração, de pedra basáltica, à volta da porta principal e da janela do coro, sobre a qual, se encontra um nicho com a imagem da padroeira, Santa Bárbara.
No seu interior existe uma pia baptismal do séc XVI, trabalhada em pedra de basalto.
as mãos da escrita...
AQUI há mãos que:
Mãos que preparam
Mãos que fazem
Mãos que afeiçoam
Mãos que refazem
Mãos que moldam
papéis que andam:
Em mão alheia...
Entre mãos...
De mão em mão..
Mãos que preparam
Mãos que fazem
Mãos que afeiçoam
Mãos que refazem
Mãos que moldam
papéis que andam:
Em mão alheia...
Entre mãos...
De mão em mão..
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Pai-Nosso do Vinho
Santa uva que estais na parreira,
purificada sejais sem enxofre e sem sulfato.
Venha a nós o vosso líquido
para ser bebido à nossa vontade
tanto na taverna como na nossa casa,
mas livrai-nos de quebrar a cabeça.
Ámen
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
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