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terça-feira, 12 de junho de 2018





Luis Manuel Gaspar, ensaio para uma banda desenhada sobre o
'Livro do Desassossego', de Fernando Pessoa, 1992


DAQUI:

Luis Manuel Gaspar
Artista plástico e poeta.
Nasceu em Lisboa, 1960.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Álvaro Laborinho - Barcos sobre o paredão





Álvaro Laborinho, Barcos no paredão, 1933
Museu Dr. Joaquim Manso



Fotografia a p/b de uma rua da frente do mar da Nazaré, rua Mouzinho de Albuquerque. No lado esquerdo, na praça Manuel Arriaga, estão duas barcas e um pescador e, à direita, sobre o paredão, barcos de arte xávega, em fila, mais pescadores e rapazes de camisola e barrete. Vê-se ainda um quiosque, parte do casario, e o edifício dos Banhos Quentes.


Ficha de Inventário Aqui

domingo, 29 de abril de 2018

sábado, 31 de março de 2018

quinta-feira, 29 de março de 2018

quinta-feira, 1 de março de 2018

Arte xávega na Costa da Caparica a Património ImateriaL






A Arte-Xávega é uma técnica de pesca tradicional que consiste na utilização de uma rede de cerco envolvente que é lançada no mar e depois puxada para terra.

 LER ARTIGO AQUI






A pesca com a Arte-Xávega na Costa da Caparica é uma prática de pesca local tradicional, cujos principais elementos móveis são as embarcações e as redes ou artes. A chata corresponde a um tipo de embarcação adaptado às condições do mar da região. As chatas são construídas segundo as indicações do proprietário, em estaleiros fora do concelho de Almada. As chatas atualmente utilizadas na pesca com Arte-Xávega na Costa da Caparica são construídas em madeira ou fibra com medidas aproximadas de seis metros e vinte de comprimento, dois metros e quarenta de boca e noventa centímetros de pontal (medidas da Chata S. José com a matricula TR-151513-L). O fundo da embarcação, sem quilha, é plano para facilitar o deslizamento na areia (de onde deriva a designação chata) a proa é larga e elevada, para vencer a rebentação, com painel de popa onde está é colocado o motor fora de bordo basculante. A chata divide-se em Proa (onde vão os remadores), Sé do Meio (compartimento onde se colocam as cordas e a rede) e Popa, onde segue o arrais, o calador e o camarada que larga o saco. Na cara do barco em ambos os lados do casco junto à proa, a grande maioria dos barcos de pesca artesanal da Costa da Caparica tanto os utilizados da Arte-Xávega como em outras artes de pesca, encontram-se pintadas imagens de cariz simbólico sendo o olho o mais representativo, contudo também se encontram outros símbolos tais como estrela, rosa-dos-ventos, cruz, peixe estilizado, emblema desportivo. Conforme refere Octávio Lixa Filgueiras estas representações de cariz mágico religioso estarão associadas à proteção e / ou sacralização do barco (FILGUEIRAS, 1978). Sendo mais comum a explicação da utilização do “olho” como proteção contra o “mau-olhado” a dimensão sagrada encontra-se igualmente patente nos nomes de alguns barcos como S. José, Deus te Guie ou Há-de ser o que Deus Quiser. Ainda relativamente à pintura do olho encontram-se várias interpretações junto dos pescadores: a tradição ou até «para ver o peixe». Destaca-se contudo que entre as várias representações estilizadas do “olho” pintado na cara do barco uma das mais características da Costa da Caparica apresenta-se como uma fusão de olho e peixe que na linha superior apresenta doze pestanas que segundo alguns pescadores significam os doze apóstolos, alusão que apresenta um paralelismo acentuado com a imagem votiva existente na Igreja da Costa da Caparica representando um barco meia-lua tripulado pelos doze apóstolo.






«Um grande, pormenorizado e expressivo olho decorava, igualmente, a cara branca, não delimitada, deste belo saveiro, na Costa da Caparica, por volta de 1965.»

DAQUI  [Ver, também, aqui algumas considerações sobre a representação decorativa do olho nas embarcações de pesca]

AQUI

AQUI


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

domingo, 28 de janeiro de 2018



«Desembarque dos passageiros das canoas cacilheiras no Cais do Sodré», colecção Legado Seixas, do Arquivo Municipal de Lisboa | fotográfico

segunda-feira, 8 de maio de 2017





[Álvaro] Laborinho, 'Um dóri no mar', Nazaré, XX d.C.


«Retrata, no meio do alto mar, um dóri equipado com vários aprestos, entre eles, linhas e foquim. A meio do dóri, sentado no banco da embarcação, o pescador Armando Bizarro Valverde, com boné e roupa de oleado, segura em dois remos, na posição própria de remar, mas olhando para o observador. No verso da reprodução fotográfica, um carimbo, pouco legível, " Fotografia Laborinho/Nazaré/S. Martinho do Porto".»

O pescador representado na fotografia é Armando Bizarro Valverde, que viveu na Rua dos Pescadores, 22, na Nazaré. Ofereceu ao Museu, além desta fotografia, um par de botas para a pesca do bacalhau, que ele próprio utilizou (inv. 658 Etn.), duas pedras de amolar (inv. 662 e 663 Etn.), uma faca de escalar (inv. 659 Etn.), uma espicha (inv. 660 Etn.), uma bóia (inv. 661 Etn.), uma "Medalha comemorativa do esforço dos tripulantes dos navios mercantes durante a guerra de 1939-1945. Reconhecimento da Nação", de 1958 (inv. 35 Med.) e ainda outra fotografia (cf. recibos n.ºs 195 e 196).

DAQUI


 

sábado, 26 de novembro de 2016

GÉNESIS





ilustração de Daniela Gomes


GÉNESIS
Almeida Faria, Helder Moura Pereira, Manuel de Freitas, Rui Miguel Ribeiro, Luis Manuel Gaspar, Inês Dias, Rui Pires Cabral, «Génesis», ilustração de Daniela Gomes, in 'Suroeste — Revista de literaturas ibéricas', n.º 4, Badajoz, 2014

ALMEIDA FARIA
PRIMEIRO DIA

Há trevas à tua volta
trevas só
sobre esta terra
desolada e convulsiva
sem sentido nem fim

As trevas pesam
o dia demora a vir
a terra espera há milénios
o 'homo erectus'
o 'homo heidelbergensis'
o 'homo sapiens'
o homem que deixe
na pedra em rolos de papiro
em tabuinhas em pergaminho
sinais e signos nomeando o mundo
os deuses invisíveis
as sombras
de sombras
do primeiro dia

Abismo e Caos copularam
misturando suas águas
na solidão da escuridão

Outras línguas contariam
outro primeiro dia
no Livro Primeiro
dos cinco quintos:

'Génese'
'Êxodo'
'Levítico'
'Números'
'Deuteronómio'

Torrentes de homens e mulheres
dilúvios devoradores
desde Gilgamesh até Noé

Palavras para a vertigem de um dia
sem sentido nem fim
dia desolado e convulsivo
sobre esta terra de trevas só
à tua volta

***

HELDER MOURA PEREIRA

NÃO VOS LEMBREIS DE MIM NEM DA MINHA DOR

Nem sequer é corpo, não é corpo
que tenha nome, é linha, figura,
mera silhueta, está num quadro
onde tudo é só água, figura lavada
em lágrimas, paisagem de mar vasto
ou rio à beira, ponte, passagem.
A figura é um traço projectado
num horizonte onde ainda não há
estrelas, chegou-se à beira do mar
depois de muito ter pensado
no seu futuro e no passado
de todos nós. Vai anoitecendo,
já quase não contrasta a linha
da silhueta com as margens
das formas e das cores, tem a boca
colada, presa, agrafada, não há
palavras, há o silêncio, sim, e água
a toda a volta, os olhos ainda vêem,
mas pouco, já não é preciso falar
e já quase não é preciso olhar.
A mão que há pouco começara
a ensinar a outra mão a escrever
desiste, também já não vale a pena
escrever. A figura é de um homem
entre tantos, chegou à beira da água
lavado em lágrimas como se estivesse
dentro de um drama, mas não era
bem um drama, a não ser que seja
drama sentir a confusão clara. E agora?
O que se segue agora? Um estrondo
de espuma numa rocha, e outro
estrondo, mais um estrondo, ritmo
do princípio de uma construção,
crescendo, força, decisão. E assim,
com a bomba do absurdo numa
das mãos e a bomba da inocência
na outra, põe-se a pensar. Convém
separar as águas. Ir para casa separar
as águas. Estar à altura de tanta
água sem sal em cima, de tanta água
com sal em baixo. Matéria única,
fio de lágrimas (não, os animais
não podem chorar) e só então se vê
a regressar por um carril, pelo fio
de um caminho, uma silhueta
antiga levantando a cabeça quando
sente que lhe chove na cabeça.
É uma silhueta que gosta de sentir
chuva na cabeça. Avança devagar.
Vai para casa. Tanta água e sempre
tanta sede, tanta sede. Vê-se agora
muito bem que tem uns óculos escuros
de funeral. A silhueta murmura
não vos lembreis
não vos lembreis de mim
não vos lembreis de mim
nem da minha dor.

***

MANUEL DE FREITAS

POEM OF THE RIVER

para a Inês Dias

Tinha, desde criança, a fantasia de ir a pé até às margens do Tejo, partindo do Vale de Santarém. Sabia que o rio estava próximo — ou era, pelo menos, alcançável — desde que se seguisse o «Caminho de Fátima», nome que sempre me causou alguma estranheza. Só hoje, com quarenta anos, ousei fazer esse percurso.

*

Vira-se à esquerda, logo a seguir à 'Légua', e são muitos os lamaçais e os campos de papoilas que nos convidam a parar. Mas não quisemos desistir. Já desesperávamos de haver Tejo quando, após um sereno concílio de cavalos, surgiu uma estrada de alcatrão que nos levou às Caneiras. Nem sabia que ficava ali, a «apenas» seis quilómetros, aquela aldeia piscatória.

*

Retemperámos forças na 'Taverna do Ramiro' — não com sável, enguias ou fataça, mas com uma opulenta grelhada mista. Só depois percorremos as vielas estreitas, onde casas de madeira assentam em palafitas, e cães e gatos parecem ter encontrado o paraíso. Trata-se, como seria de esperar, de um paraíso triste: as madeiras coloridas acusam o desgaste do tempo, a pobreza audível destas casas onde ainda mora gente. Porta a porta, um embarcadouro mínimo confirma que o rio continua a ser uma débil fonte de rendimento ou de aventuroso recreio.

*

O mais estranho, porém, foi ter reencontrado nas Caneiras, onde nunca estivera, a «reconstituição» exacta de uma aldeia ribeirinha que surge em muitos dos meus sonhos. E que hoje, ao teu lado, se revelou mais bela do que alguma vez sonhara, na sua altiva imperfeição, na música calada dos barcos — tão pequenos e vazios como um poema que chega, finalmente, ao rio.

***

RUI MIGUEL RIBEIRO

O QUARTO DIA

Se queres saber como era
pensa no escuro no interior de um fruto.
Em sucessão, da sua força reclusa,
conhecem-se duas curvaturas, divididas
por duas rotações nas linhas sem altura
dos seus pés à firmeza das sábias geometrias.

Uma exterior, de brancura cega, o nulo manto,
onde o vidro não se distingue da pedra
na esfera maior que agora inicia.
Uma interior, onde as sombras não têm forma,
e nas trevas que repartem o prodígio, o mundo,
a envelhecer inciso, interroga.

Se queres saber como será
pensa que das formas em que o mesmo fruto muda
uma vez caído, ou por mão colhido,
delas mantém, insuprível, a película de luz
que todas as coisas veste.

***

LUIS MANUEL GASPAR

V

A manhã rebate as asas na ombreira;
janelas de pau, penumbra e parapeito
onde o navio desatado estancou,
um fio de oiro captado pelos mastros

Aderem os dedos ao pêndulo perdido,
ao lençol semicerrado no aquário.
Pela escada move os peixes o senhor
das clarabóias. À névoa, de olhos tristes,

veio dizer-me de véspera que morri.
Ganhando altura, quando os ferros se encontram
a meio do rio, o sexo inflado nas mãos

de anjos inda pouco destros, mal saídos
das locas. E foi a ânfora desfeita,
a tarde e a manhã como um tiro na têmpora

***

INÊS DIAS

ODISSEIA DE BAIRRO

'If we return.
If we return.'

Genesis P. Orridge

Esperou. No verso da página.
Até o casal quebrar o beijo
que quase interrompera a rua do mundo;
até a noite sufocar,
uma a uma, as ilhas de luz,
depois as vozes.

Só então regressou
à cidade sem sombra
(na barriga de madeira crua
do segredo), sublinhando o caminho
com migalhas de tinta maiúscula
sobre as paredes cegas.

Um pequeno e doméstico auto-de-fé
que evitasse à história re-
cair em esquecimento:
«JÁ DISSE PARA
NÃO TE METERES
COM O MEU MARIDO!»

***

RUI PIRES CABRAL

SÉTIMO DIA

Domingo, os lódãos
ficam mais sérios
no retrato

do jardim. Descansam
as criaturas, descansa quem
as criou, algures longe

da vista, longe do coração.
Descansa o cão extraviado
à sombra do contentor

e o ministro das finanças —
sempre, sempre tão
cansado — no seu reduto

murcho. Domingo, linha branca
que atravessa um olival:
'já deste o ramo

ao padrinho?' Vagares
de um mundo pequeno
ao domingo, no palheiro,

em histórias de papel velho
cor de açúcar mascavado —
'eu bem não queria

morrer.' Domingo nos montes
em volta, domingo na ilha
de Kirrin,

domingo em toda a parte,
de nenhures, de Deus
nenhum.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Bernardo Santareno - Nos Mares do Fim do Mundo



fotografia de Bernardo Santareno


"Foi reeditado "Nos Mares do Fim do Mundo", de Bernardo Santareno (1959), livro sobre o período em que o escritor acompanhou os pescadores bacalhoeiros portugueses pela Terra Nova e Gronelândia."
[...]
"a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e Gil Eannes,"
[...]
"O volume também traz fotos – registos de despedidas, de embarcações, de rostos, da figura do próprio autor, sempre com óculos de massa, uma das suas imagens de marca. E dois inéditos. O primeiro é um texto sobre o peso da responsabilidade de ter deixado o território protegido dos laboratórios e das clínicas para tratar aqueles que tanto respeitava e o segundo é sobre uma insubordinação em defesa de um direito ocorrido num arrastão. O prenúncio de um posicionamento político que Bernardo Santareno iria aprofundar nos anos seguintes, antes e depois do 25 de Abril de 1974."


Daqui: http://observador.pt/2016/05/08/bernardo-santareno-coracao-nas-trevas/




José Manuel Nilo - As velhas Raposas




["chora"]


 [...]
«Esfomeado, nem sequer me lembro de responder à ironia do capitão. Com a concha de alumínio picada pelo tempo encho a malga de esmalte. De início, o aspecto das partes gelatinosas repugna-me um pouco, mas em breve devoro com verdadeiro prazer. Na minha idade, com a boa constituição física e nas circunstâncias do momento, tudo que seja fresco e consistente me sabe bem. Lembro-me da profecia do capitão - hesito em repetir. Mas a necessidade de encher o estômago e o delicioso sabor da "chora"* impélem-me a atascar de novo a malga. E exclamo entre duas colheradas:
- Isto é formidável! Tinham-me dito que era bom... mas não julgava que fosse assim tanto...
O capitão casquinha uma gargalhada:
- Paro o ano estará de volta! Mas deve fazer mais por isso...
Fito o velho, e sùbitamente - num brusco enfraquecimento das minhas íntimas intenções -, perdôo-lhe todas as anteriores ofensas.» [...]

José Manuel Nilo,  As Velhas Raposas (finalizado em 1974 - não editado)



*«A "chora" teve origem a bordo dos veleiros da frota bacalhoeira, mais não sendo do que uma sopa que era servida aos pescadores após a dureza do trabalho heróico de pescar, escalar e salgar o bacalhau apanhado diariamente. Dada a compreensível escassez de vegetais e outros alimentos frescos, a Chora era feita quase sempre apenas com arroz ou massa e caras de bacalhau. Também se fazia com os ossos do bacalhau.»

terça-feira, 29 de junho de 2010

São Pedro - Montijo











Ainda em épocas passadas (1902), há referência à primeira queima de um barco no Páteo d'Água, ali colocado dias antes, ornamentado com flores e bandeiras.
À noite organizava-se um baile, cantava-se e dançava-se, enquanto era ateado fogo ao batel, continuando o bailarico ao redor da fogueira ...



Registe-se que as touradas foram introduzidas nos festejos da vila no século XVI, por provisão real do rei D. Manuel, «para diversão do povo».

Barros, Jorge e Soledade Martinho Costa (2002), Festas e Tradições Populares: Junho. Lisboa: Círculo de Leitores.