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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Blanca Prósper - El nombre de la diosa lusitana Nabia y el problema del betacismo* en las lenguas indígenas del Occidente Peninsular.





* Mudança linguística que consiste na substituição do som [v] pelo som [b] ou vice-versa
[Fonética]  Mudança linguística que consiste na substituição do som [v] pelo som [b] ou vice-versa (ex.: betacismo na pronúncia de vinho como *binho e de bom como *vom).

"betacismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/betacismo [consultado em 09-01-2019].
[Fonética]  Mudança linguística que consiste na substituição do som [v] pelo som [b] ou vice-versa (ex.: betacismo na pronúncia de vinho como *binho e de bom como *vom).

"betacismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/betacismo [consultado em 09-01-2019].
Mudança linguística que consiste na substituição do som [v] pelo som [b] ou vice-versa (ex.: betacismo na pronúncia de vinho

"betacismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/betacismo [consultado em 09-01-2019].
Mudança linguística que consiste na substituição do som [v] pelo som [b] ou vice-versa (ex.: betacismo na pronúncia de vinho

"betacismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/betacismo [consultado em 09-01-2019].

Todo o artigo AQUI

sexta-feira, 30 de junho de 2017

NABIA


NABIA

«Para Blanca María Prósper (2002: 194), Nabia significa “o vale”. Diríamos que nos parece mais adequado fazer de Nabia “a (senhora) do vale” ou “a que mora no vale”. Ora, pensando que o renascer da Primavera era fenómeno que não podia deixar de surpreender e de ser objecto de uma explicação mítica, e, por outro lado, que é nos vales que o renascimento primeiro ocorre, não corresponderá Nabia à Perséfone grega, a “menina do trigo”? Sob uma forma ou outra, e com diferentes nomes, semelhante deusa encontra-se em muitas religiões indo-europeias: é a Prosérpina romana, talvez a Nantosvelta da Gália.

Nantosvelta significará “o vale que o sol aquece” ou “a que faz florir o vale” (OLMSTED, 1994: 42). Se aceitarmos esta etimologia, teremos nesta deusa correspondência com Nabia. Mas, porque as correspondências raramente serão exactas, a deusa Nabia não parece ter par masculino, enquanto Nantosvelta, na Gália, acompanha Sucellus. Este deus, que se representa com um martelo na mão e acompanhado por um cão, seria um deus da região subterrânea (OLMSTED, 1994: 42 e 300-302). Não podemos deixar de pensar no Tongus Nabiacus da Fonte do Ídolo (Braga), tanto mais que, aqui, o que parece ser um busto do deus se apresenta, como vimos, numa edícula em cujo frontão se representam um martelo e uma pomba.

Os símbolos, porém, são polissémicos. Não podemos, sem reservas, sustentar que o martelo, que acompanha Plutão e Vulcano, identifica Tongus com uma divindade subterrânea. Mais parece, como vimos atrás, que Tongus será um deus (ou génio) das fontes.

Quanto ao epíteto Nabiacus, tanto podemos considerá-lo derivado do nome comum nabia, “o vale” (e neste caso Tongus Nabiacus seria o “Tongus do vale”), como ver no epíteto uma alusão à deusa Nabia (caso em que Tongus Nabiacus seria “o Tongus de Nabia”, com o sentido de “acompanhante de Nabia”)» 

IN: JORGE DE ALARCÃO, "A religião de lusitanos e calaicos", Conimbriga, 48 (2009) 81-121 AQUI

quinta-feira, 29 de junho de 2017

ARA a NABIA




Ara a Nabia
Encontrava-se  numa parede de um prédio do lugar de Roqueiro, freguesia de Pedrogão Pequeno





«Ara trabalhada nas quatro faces, com moldura sob a cornija, plinto liso que apresenta no topo um fóculo circular central escavado. O texto foi paginado com um alinhamento tendencial à esquerda. Monumento erigido em cumprimento de um voto feito a NABIA. No formulário do texto o destaque é dado ao nome do dedicante, de provável origem servil, identificada pela antroponímia e filiação. CICERO / MANCI (filius) / NABIAE / L(ibens) . V(otum) . S(olvit) // Tradução: "Cicero, filho de Manço, a Nabia de bom grado o voto cumpriu."

Esta ara encontrava-se numa parede de um prédio do lugar de Roqueiro, freguesia de Pedrogão Pequeno»



Fig. 87ª (Ara do Museu Ethnologico)


«I. N-0 Arch. Port., VI, 105 e 134, falla-se de uma inscripção, consagrada á deusa Nabia, apparecida em Pedrógão Pequeno, concelho da S ertã. Ella tinha já sido publicada no Corp. Inscr. Lat., II, 5623, e tornou-o a ser por mim nas Religiões da Lusitânia, II, 277(*). Imaginava eu perdida a lapide respectiva, mas felizmente não o está. Tendo ido a Pedrógão o Sr. José de Almeida Carvalhaes, Preparador do Museu Ethnologico, o Sr. Dr. F. Alves Pereira, Official do mesmo, incumbiu-o de ahi a procurar, o que elle fez com tanto desvelo, que não só lhe descobriu o paradoiro, mas a adquiriu para o Museu Ethnologico, onde hoje occupa lugar entre outras lapides consagradas a divindades lusitanicas. Como ainda não havia desenho da pedra, aqui a represento na fig. 87ª, da qual se vê que as lições publicadas até agora estão correctas.
A inscripção lê-so em uma arazinha do granito de 0,70X0,28X0\20; a altura das letras oscilla entre 0,06 e 0,07. As duas primeiras abreviaturas da linha 4.ª acham-se separadas por pontos. A parte superior do monumento, ou cornija, está um tanto quebrada; foi restaurada no Museu com gesso, e pintada da côr do granito.»

(*) «No logar do Roqueiro, freguesia de Pedrógão-Pequeno, concelho da Certã, appareceu uma deste teor: Cicero Mamci Nabiae l(ibens) v(oyum) s(olivit). Segundo vejo no Mappa Geologico, ao pé do Roqueiro passa um rio, cujo nome porém ahi não indica.»


VASCONCELOS, José Leite de, Religiões da Lvsitânia, Vol. III,  Lisboa: Imprensa Nacional, 1913, pág. 202-203 - Também Aqui

FICHA DE INVENTÁRIO: http://www.matriznet.dgpc.pt/




quarta-feira, 3 de maio de 2017

Nabia - "Ara de Marecos"




"Ara de Marecos"



Achada na Capela de Nossa Senhora do Desterro, em Marecos, Penafiel, Porto.
Encontra-se no Biblioteca-Museu de Penafiel.  Ver ficha epigráfica aqui*

[...]
«Se a ocupação romana de Santarém se fez sentir entre meados do século II a.c. e o século VI, é natural que o panteão divino se tivesse mesclado de deidades pré-romanas, romanas pagãs e romanas cristãs. Assim se explicaria a semelhança entre cultos pré-cristãos, por exemplo ligados a rios e fontes, e cultos cristãos com capelas, igrejas e mosteiros construídos, na maior parte das vezes, sobre antigos templos, anteriores ao cristianismo.
Nabia ou Navia, deusa aquática adorada na Lusitânia, parece ter sido cultuada a 5 de Abril [?], segundo a inscrição numa ara de Marecos* e surge relacionada com nomes de rios e de localidades próximas de ribeiras e nascentes. São exemplos os rios Nábios, Neiva e mesmo Nabia(13), ou a vila de Nava, na Galiza; Nabais e Nabainhos, na Serra da Estrela; Naves, povoação próxima de Envendos, região de nascentes e barragens; ou o rio Nabão, que deu origem a Nabância, a 2 km do que é hoje Tomar. Em Braga, a milenar Fonte do Ídolo, que secou há bem pouco tempo, tem uma pedra com a inscrição “Tongoe Nabiago” que algumas versões apontam como um juramento a Nabia.»

(13) J. M. Blázquez 1983 294: “El rio Nabia gozó de gran culto, a juzgar por el número de dedicatorias. Nabia es palabra que indica corriente de agua y que aparece con diferentes denominaciones”. 

Lina Maria Soares, "Da Scallabis romana a Sanctaren medieval: espaço, gentes e lendas",
AQUI:  CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ESTUDOS CLÁSSICO, 7, Évora 2008 - Espaços e paisagens: antiguidade clássica e heranças contemporâneas: Vol.3 História, Arqueologia e Arte. Coimbra


******

[...]
«A inscrição de Marecos (Penafiel, Porto), que alude a um sacrifício consagrado a Nabia Corona, “ninfa” (ou divindade protectora) dos Danigi, e a outras divindades, recorda uma cerimónia realizada em 9 de Abril. Ora, não ficando esta data distante da que hoje consideramos a do equinócio da Primavera, poderemos tomar a inscrição de Marecos como argumento a favor da função que atribuímos a Nabia?
Na ara de Marecos, P. Le Roux e A. Tranoy (1974) leram primeiro: O(ptimae) V(irgini) Co(nservatrici), vel Co(rnigera), et Nim(phae) Danigom Nabiae Coronae. Depois, P. Le Roux (1994: 561) sugeriu O(mnia) v(ota) co(nsagro) et nim(bifero) Danigo m(acto) Nabiae Coronae, traduzindo: “Consagro-vos todas estas oferendas e, por Danigo, que dispensa a chuva, sacrifico a Nabia Corona”.
A primeira restituição, “À excelente virgem conservadora (ou cornuda) e ninfa dos Danigos”, parece-nos preferível.
A inscrição começaria pela invocação da divindade, com seus epítetos. Segue-se a indicação dos animais oferecidos: à própria deusa javascript:void(0); Nabia (agora nomeada sem epítetos), a Júpiter, a uma outra divindade [...]urgo e a Ida (ou Lida). Estando atestado o epíteto Idunica ou Idennica com o sentido de “a que gera ou dá à luz” (OLMSTED, 1994: 157), esta divindade a que se oferece um cordeiro seria, talvez, deusa que se invocaria para favorecer o parto dos animais. Na inscrição, os animais oferecidos parecem preceder os teónimos.
Perséfone é por vezes, na Grécia, designada apenas como Korê, “virgem” ou “rapariga”. Não surpreende, pois, que Nabia leve este nome de “virgem” na ara de Marecos.»

Jorge de Alarcão, "A religião de lusitanos e calaicos"
DAQUI: Conimbriga XLVIII (2009) p. 81-121


*****

Para outra interpretação da Ara de Marecos (Nabia: divindade de culto agrário)
Artigo sem autor. Ver aqui: http://revistas.ucm.es/index.php/HIEP/article/viewFile/HIEP9696110381A/30467
Revista - Hispania Epigraphica, volume 6 (2000)

terça-feira, 25 de abril de 2017

NABIA - INSCRIÇÃO RUPESTRE DA LAJE DO ADUFE



«Inscrição rupestre, datada do século II, localizada na cumeada da Lomba da Pedra Aguda, divisória entre os concelhos da Covilhã e do Fundão, abrigada num suave talvegue adjacente ao povoado amuralhado da Quinta da Samaria Gravou-se num afloramento granítico arredondado, provavelmente seccionado para o efeito, aproveitando-se a face quase plana obtida pelo corte, na qual tem uma posição central.




O texto encontra-se rodeado por um profundo e largo sulco, definindo um quadrado de cantos arredondados, dividido por rasgo central que cesura o texto, criando o esquematismo de um livro, e encimado por uma alusão a um frontão rebaixado e mais estreito que a cartela. Julgamos resultar de regravação (e reavivamento) a rudeza do sulco que envolve o texto, possivelmente ensaiada aquando da execução da cissura que o rasgou de alto a baixo, pelo que é provável que originalmente o texto já se encontrasse no interior de uma cartela incisa quadrilateral, talvez subjacente à representação do frontão, esta em jeito de fastigium de altar, pois se por um lado o sulco regravado parece excluí-lo, por outro também aparece claro que este elemento não se adapta ao resultado esperado de esquissar um livro, deduzindo-se, assim, a sua anterioridade. A superfície do espaço epigráfico encontra-se bastante delida e totalmente coberta por líquenes, condições que, aliadas aos danos provocados pela cissura supracitada e por uma depressão aberta no seu canto inferior direito, dificultam grandemente a leitura da inscrição.

Dimensões: 250 x 330 x ?
Campo epigráfico: 62 x 62 [frontão (b x l): 29 x 20]. 



MAT[A]VS MO
GV[L]IN[I L]IBERT
VS++++NESIS (sic)
ARA(m) DE[AE] NABI
AE MV[.]TINA[C]
AE M(erito) L(ibens) F[E]CIT

  - Mantau, liberto de Mogulino, ...ense, fez de boa vontade um altar à deusa Nábia Mu[.]tinaca


O dedicante é liberto de um peregrino, identificando-se ambos com onomástica indígena [da Lusitânia].
A divindade invocada não é desconhecida na região, embora o seja o seu epíteto, apresentando-se o teónimo precedido do qualificativo Dea. A geografia do culto a Nabia inclui os territórios galaico e lusitano, estando, no que a este último respeita, bem afirmado na actual província de Cáceres, com extensão à Beira Baixa, constatação que igualmente poderia reforçar a possibilidade aventada para a indicação de proveniência do dedicante. A interpretação de Nabia como divindade ligada aos vales tem ganhado consistência em função dos argumentos da análise etimológica ao teónimo.»

DAQUI: http://www.uc.pt/fluc/iarq/pdfs/Pdfs_FE/FE_80_2005 
[Armando Redentor, Marcos Daniel Osório, Pedro C. Carvalho, Inscriçao rupestre da laje do adufe (Ferro, Covilha): (Conventus Emeritensis), Ficheiro epigrafico, ISSN 0870-2004, Nº. 80, 2005, págs. 3-8


Laje do Adufe

Imagem publicada aqui:
http://arqueofundao.blogspot.pt/2013/04/castro-de-vale-feitoso-peroviseu.html 
[Publicado por ]


Do autor: José-Vidgal Madruga
Ficha epigráfica:
 - http://eda-bea.es/pub/record_card_1.php?rec=25642
Artigo:
José-Vidal Madruga, "Dedicación a Nabia", 2015-03-03 Aqui: http://www.europeana.eu/portal/pt/record/2058808/UAH__89a183c0c11d6d0ca7830f9d530a3097__artifact__cho.html

Outra Bibliografia:
Redentor, A., Osório, M., Carvalho, P.C., 2006. "Inscrição rupestre da Laje do Adufe: um novo testemunho do culto à deusa Nabia", Eburobriga 4, 51–59