domingo, 9 de outubro de 2011

moinho, água, vento...





julho, 2011

aguardente...




cozido de grão e abóbora (Portimão)


Ingredientes:
Para 6 pessoas

7,5 dl de grão ;
250 g de toucinho ;
500 g de carne de carneiro ou de vaca ;
1 chouriço de carne (linguiça) ;
500 g de feijão verde ;
1 talhado grande de frade (abóbora moganga) ou de abóbora de casca de pau ;
600 g de batata redonda (batata comum) ;
sal ;
arroz ;
hortelã

Confecção:
Tem-se o grão bem demolhado de véspera e esfrega-se com sal numa cortiça para lhe retirar a pele. Introduzem-se os grãos assim arranjados em água fria, juntamente com o toucinho, a carne e o chouriço. Deixa-se cozer.
Estando tudo cozido, introduz-se na panela o feijão verde inteiro e atado aos molhos, o frade aos cubos e a batata descascada.
Quando o cozido estiver pronto, retira-se o caldo para a sopa e para o arroz solto, que deverá acompanhar o cozido.
A sopa obtém-se juntando ao caldo massinha miúda e uns raminhos de hortelã postos já no prato.

A carne de carneiro deve ser temperada com sal, de véspera.
A abóbora de casca de pau é uma variedade local. Não se descasca, indo para a mesa cortada em bocados com 10 a 12 centímetros.
Há quem demolhe o grão com uma barbatana de bacalhau salgado. Nesse caso já não se esfrega com sal. Há também quem prefira introduzir o grão em água a ferver para o cozer.

as voltas do linho...




favas guisadas à algarvia...

Ingredientes:
Para 4 pessoas
800 grs de favas (descascadas) ;
150 grs de chouriço preto (morcela) ;
150 grs de chouriço vermelho ;
2 dentes de alho ;
1 quarto de dl de azeite ;
150 grs de toucinho entremeado fresco ;
1 molho de coentros, rama de alho e de cebola Confecção:

Descasque as favas. Lave em água fria e escorra num passador.
Leve um tacho ao lume. Adicione um pouco de água, junte as favas e coza cerca de 8 minutos.
Escorra as favas e retire-as do tacho. Descasque os dentes de alho e pique fino.
Corte o chouriço preto e o vermelho às rodelas e o toucinho em fatias pequenas.
Leve novamente o tacho ao lume, depois de lavado e limpo. Deite o azeite e deixe aquecer. Junte o alho e deixe alourar, sem queimar. Em seguida, junte as favas e um pouco de água. Tape e deixe cozinhar.
À parte, numa frigideira frite as carnes. Junte às favas que estão a cozinhar e mexa envolvendo as carnes com favas. Deixe apurar.
Polvilhe com coentros, ramas de alho e de cebola picadas.

Conselho: No caso de não ter favas frescas, use congeladas. Utilize chouriços do tipo caseiro. Se utilizar chouriços do tipo industrial, deverá ter o cuidado de retirar a pele.
fonte: Região de Turismo do Algarve

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Romaria da Senhora Aparecida - Balugães/Barcelos

imagens de Nossa Senhora Aparecida e de João Mudo

raminho de alfádega (mangericão de folha larga ou alfavaca)

Romaria da Senhora de Assedasse - Assedasse/Manteigas

fotografia: Jorge Barros

Nossa Senhora do Monte - Funchal







Nossa Senhora do Monte - Funchal

Antigo descante popular da Festa de Nossa Senhora do Monte

Que lindo olhos vieram
Hoje a esta romaria:
Cada dois com seu derriço,
Cada dois com companhia.

Se são lindos os do campo,
Os de cá matam de amor:
'Tou vendo uns que tir' o «fôlego»
Ao primeiro cantador.

O dono desta viola
Faz do charamba um trovão,
Mas nam m'assusta q'os raios
Caem-lhe ao pé do bordão.

O trovão 'inda o mais rijo
Nam é que o há-de abrasar:
O perigo está nos coriscos
Que a moça tem no olhar.
E junto àquela parede
Ai, Senhora Santa Bárbara,
Estão eles a fuzilar.



domingo, 7 de agosto de 2011

A Moura do Poço



Alentejo profundo, planicie extensa, charneca silenciosa e lugubre.
 A’ beira de um caminho ha perto de Extremoz, na aldeia historica de Santa Victoria do Ameixial, um poço de alto bordo e de fundo negro.
 Perto do poço ficam as ruinas de uma herdade antiga, que os Romanos por alli fizeram e engrandeceram.
*
 Ha quanto tempo lhe chamarão a este o Poço da Moura?
*
 Aquellas ruinas foram de Mouros, — diz-se. Quem sabe se os Mouros, ao invadir a terra, se apoderaram da herdade romana? Quem sabe se, uma vez senhores de ella, a destruiram depois, quando de ella foram desapossados!
 Fosse como fosse, a Moura do Poço para alli ficou presa no encanto.
 De dia ninguern a vê. A agua vem por vezes até a base da bocca do poço. Outras vezes, aguas baixas, echôa lá dentro o ruido dc fóra. E’ a Moura a chorar a desgraça de se vêr só.
 De noite, a pobre encarcerada sae. Ouve-se então o barulho arrastado e frio de uma corrente de ferro. A Moura está presa ao poço por uma corrente pesada, para que não fuja e o seu martyrio seja ali.
 Então chora. Passa a eternidade do encanto a chorar, como a fonte que corre sem parar. Chora e suspira.
*
 Uma noite passava no caminho um homem. ia só. Eram deshoras e a noite estava escura. Perto do poço corre de inverno um rego de agua, e o caminho galga-o em um viaducto. Passava o homem nesse lugar, quando ouviu chorar álguem, que entremeava os soluços com suspiros. Pareceram-lhe indicios de mulher.
 — Quem está ahi? — preguntou elle.
 Ninguem lhe respondia. Parou. Firmou a vista, e suppôs avistar, junto do poço, em um bloco de marmore a servir-lhe de assento, o vulto gentil de uma mulher vestida, de branco.
 — Quem está para ahi? — interrogou elle de novo, por ver que o choro continuava.
 Resolveu-se por fim a descer do caminho para o campo marginal, onde estava o poço, e que era mais baixo que o nivel do caminho. Desceu em direcção do poço. Mas o vulto ergueu-se silenciosamente, como nevoazita branca e leve a desprender-se da terra, ao nascer o dia, e ele ouviu o arrastar frio e irregular de corrente de ferro pelo chão secco.
 — Quem está ahí? — preguntou elle ainda.
 O vulto branco desappareceu. A corrente batia com força maior de chocalhar de ferros, de encontro á pedra. Chegado ao pé do poço, o homem não viu por onde o vulto da mulher se escondêra. Approximou-se mais e debruçou-se do bordo alto do poço a olhar para dentro.
 O suspiro mais sentido e profundo, mais chorado e sentido, ouviu o elle naquelle momento. Vinha do fundo do poço, negro como a noite. Uma cobra subia. O homem fugiu.
 Era a transformação da Moura em cobra, para metter medo ao homem, e desencantar-se ella, se o não conseguisse amedrontrar? Ou era o guarda fiel da Moura, que o pae ou um irmão para alli deixára encantada?
 Ninguem o saberá dizer. O homem atemorizou-se, e fugiu para a estrada.
 Um grito agudo de mulher assassinada cortou o silencio da noite. E o homem ouviu ainda o baque pesado de um corpo na agua do poço. A noite continuou negra, escurissima, sem um soluço de compaixão pela desgraçada tragedia.
*
 Quando acabará o encanto da Moura? Vive a chorar, a pobrezita! Ninguem sabe que encanto é o seu!
*
 O homem correu, fugiu, como se atrás de si fosse continuamente sentindo aquelle grito atroz, que lhe atravessou a alma, e lhe gelou o sangue.
 E todas as noites, á meia noite, um grito de dôr se ergue, sem que ninguem saiba de onde, embora todos digam que do Poço da Moura, e corre pela charneca infinda, causando calefrios aos que pelos casaes estão ainda acordados.
 Dizem que ao homem embranqueceu o cabello naquella noite, e nunca mais elle teve serenidade e sossêgo em vida. Era sempre o grito, na noite escura, atrás delle, que fugia do poço pavoroso. E o arrastar frio e lento de cadeias pode ser ouvido por quem á noite passe ao pé do tanque, altas horas, na estrada de Santa Victoria do Ameixial á velha e branca villa do Cano.

Évora









segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Santo Expedito





HODIE

oxalá...

Muhammad ibn ‘Abbad al-Mu’tamid



Eia, Abû Bakr, saúda os meus lares em Silves
e pergunta-lhes se, como penso,
ainda se lembram de mim.
Saúda o Palácio das Varandas
da parte de um donzel
que sente perpétua nostalgia desse alcácer.
Aí moravam guerreiros como leões,
e brancas gazelas
- em que belas selvas, em que belos covis!
À sua sombra, quantas noites passei
com mulheres de quadris opulentos
e de aparência extenuada!
Brancas e morenas
provocavam-me na alma
o efeito das espadas refulgentes
e das lanças escuras!
Quantas noites passei,
deliciado, numa volta do rio,
com uma donzela cuja pulseira
imitava a curva da corrente!
E servia-me vinho do seu olhar,
e o vinho do jarro,
e outras vezes o vinho da sua boca.
Assim passava o tempo!
Feridas pelo plectro,
as cordas do seu alaúde faziam-me estremecer,
e era como se ouvisse a melodia das espadas
nos tendões dos inimigos…
Ao despir o manto descobria o corpo,
florescente ramo de salgueiro,
como o capulho se abre
ao exibir a flor…


Muhammad ibn ‘Abbad al-Mu’tamid

terça-feira, 12 de julho de 2011


foram observados bem de perto:

... pode deixar estupefacto qualquer observador que nunca se tenha cruzado com uma ave desta espécie








Julho calmoso faz o ano formoso.

Água de Julho, no rio faz barulho.

Em Julho, ao quinto dia verás que mês terás.

Julho fresco, Inverno chuvoso, estio perigoso.

Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover.

Em Julho ceifo o trigo e o debulho; em o vento lhe dando, o vou limpando. 



sexta-feira, 8 de julho de 2011

À MEMÓRIA DE MEU AVÔ FRANCISCO BORGES PIRES, MESTRE-ESCOLA E POETA - Emanuel Félix


Percorro com o olhar as figueiras e as vinhas
os campos semeados de milho
a luzerna ondulante.

Ouço o cacarejar perseguido das frangas
e tenho na boca o gosto das ameixas
colhidas quase verdes.

Reencontro os atalhos
por onde
descalça corre ainda a minha infância.

De longe vem o apelo do mar.

E é tudo
subitamente tão belo
como se tivesse de partir
ou acabasse de chegar.

Cabo da Praia, Setembro de 1970
Emanuel Félix

SEMPRE DISSE TAIS COISAS ESPERANÇANDO NA VULCANOLOGIA - 12 Poetas do Açores
Gota de Água - Casa da Moeda 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Vinho


1. Vinho pela cor, pão pelo sabor.
2. Vinho, ouro e amigo, quanto mais velho melhor.
3. Vinho que baste, carne que farte, pão que sobre e seja eu pobre.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Reserva Natural do Estuário do Tejo




Ermida de Nossa Senhora de Alcamé


A Ermida de Nossa Senhora de Alcamé construída no século XVIII, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, era o espaço apropriado para os trabalhadores das Lezírias ali cumprirem as suas obrigações religiosas. Localiza-se na ZPE junto ao limite Norte da Reserva Natural. No final do século XIX, realizavam-se aqui episodicamente festas, organizadas por uma comissão de festeiros de que faziam parte lavradores de Vila Franca de Xira, Alhandra e Alverca. Nos anos 40, um grupo de proprietários retomou a organização das festas associando-as às do “Colete Encarnado” de Vila Franca de Xira. Nos últimos anos, a Associação de Varinos de Vila Franca de Xira tem dinamizado a realização da romaria pelo 17 de Junho, com a participação de outras associações locais. Os campinos, acompanhados pela banda e o cortejo, transportam o andor com a imagem da Nossa Senhora da Conceição desde a Igreja Matriz até ao cais, onde se realiza a cerimónia de embarque. A procissão prossegue pelo rio, em embarcações tradicionais todas engalanadas, até ao cais do Marquês. Aí o andor é transferido para uma charrete, seguindo o cortejo até à ermida. Aí, realizam-se as cerimónias religiosas, que incluem a benção dos gados, e o arraial com apresentação de ranchos folclóricos e actividades associadas aos cabrestos e campinos.

Aqui
e
Aqui










fotografias de Helena Nilo